A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) propôs ontem elevar em mais de 80% o preço da tarifa de energia na bandeira vermelha. A medida, somada aos aumentos previstos em contratos para as distribuidoras, à decisão do governo de cortar recursos para programas sociais do setor e a transferência para as tarifas dos custos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), pode levar a alta dos preços administrados à casa dos 12% e a inflação para acima de 7% em 2015, segundo os economistas.
De acordo com os profissionais, calcular o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) não está sendo tarefa fácil, dada a chuva de informações do setor elétrico que surgem a cada dia. No entanto, são unânimes em afirmar que o consumidor brasileiro terá de conviver com o sistema de bandeira tarifária vermelha durante todo o ano de 2015, com uma tarifa mais cara entre 40% e 50%.
Pelo sistema de bandeiras, o preço da energia varia de acordo com as condições de geração. O país se mantém desde o ano passado numa situação hídrica desfavorável que exige o uso de usinas térmicas, mais caras, e coloca o sistema em bandeira vermelha, com tarifa de R$ 3 a cada 100 quilowatt-hora (kWh). Caso o regime de chuvas melhore, o sistema pode voltar para a bandeira amarela, que hoje prevê R$ 1,50 a cada 100 kWh. Com a bandeira verde, não há mais cobrança adicional.
A Aneel propõe que as tarifas da bandeira vermelha subam para R$ 5,50 a cada 100 kWh. Para a bandeira amarela, a cobrança adicional deverá subir para R$ 2,50 a cada 100 kWh. A proposta será apresentada hoje, em reunião extraordinária da diretoria da agência. Toda a proposta, bem como os valores, ficará aberta para um período de audiência pública.
Para o economista Marcelo Castello Branco, da Saga Investimentos, a projeção do IPCA fechado de 2015, se a proposta de ajuste da Aneel for aprovada, sai de 7,4% para 7,6%, com a energia subindo cerca de 50% e não mais 40% como antes.