A estatal saudita do petróleo levantou US$ 25,6 bilhões com a maior oferta pública inicial do mundo, fechando um acordo que se tornou sinônimo do polêmico príncipe herdeiro do reino e de seus planos de reformular o país. A gigante fixou o preço final de suas ações em 32 rials (US$ 8,53), avaliando a empresa mais lucrativa do mundo em US$ 1,7 trilhão. Os lances totais foram de US$ 119 bilhões.
Para o príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman, a venda pode ajudar a restaurar a credibilidade prejudicada por contratempos nos seus planos de recuperar a economia e uma reputação global manchada pelo assassinato do colunista do Washington Post Jamal Khashoggi e pela guerra no Iêmen.
Mas o acordo acabou sendo muito diferente do que Salam havia planejado quando lançou a ideia pela primeira vez em 2016, com a ambição de arrecadar até US$ 100 bilhões. A Aramco ofereceu apenas 1,5% de suas ações e optou por uma listagem local, depois que investidores globais sepultaram as esperanças sauditas de avaliar a empresa em US$ 2 trilhões. Em vez disso, a petroleira dependeu fortemente de investidores e fundos locais das monarquias árabes vizinhas do Golfo. Ainda assim, a Aramco se tornará a empresa de capital aberto mais valiosa do mundo quando começar a negociar, ultrapassando Microsoft e Apple.
Na oferta para pessoas físicas, quase 5 milhões de interessados solicitaram ações. A parcela institucional foi fechada na quarta-feira (4) e atraiu lances no total de 397 bilhões de riais. Espera-se que as famílias mais ricas do reino, algumas das quais detidas no hotel Ritz-Carlton em Riyadh durante a chamada repressão à corrupção em 2017, devam ter feito contribuições significativas.
Atuando como gerente de estabilização de ações, a Goldman Sachs tem o direito de exercer a chamada opção de compra de 450 milhões de ações - que pode ser executada como um todo ou em parte a qualquer momento, ou antes de 30 dias após a estreia da negociação. Isso poderia aumentar os recursos do IPO para US$ 29,4 bilhões.
Os recursos da venda serão transferidos para o Fundo de Investimento Público, que vem realizando investimentos ousados, investindo US$ 45 bilhões no Vision Fund da SoftBank Corp., assumindo uma participação de US$ 3,5 bilhões no Uber e planejando uma cidade futurista de US$ 500 bilhões.
A venda é a primeira grande alienação de ativos do estado desde que o príncipe Mohammed lançou um plano para reduzir a dependência da economia saudita nas receitas do petróleo, em 2016. O acordo também abre uma das empresas mais secretas do mundo. Até este ano, a Aramco nunca havia publicado demonstrações financeiras ou feito empréstimos em mercados internacionais de dívida. Isso também significa que a empresa, agora, possui acionistas que não o governo saudita pela primeira vez desde que foi nacionalizada no final da década de 1970.