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Um dia depois do mercado financeiro olhar com desconfiança o prometido corte de gastos do governo federal por causa das falas duvidosas do ministro Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa saiu em defesa e garantiu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai “enquadrar” as despesas para cumprir o arcabouço fiscal.
Isso porque Haddad chegou a dizer que não havia um prazo para o governo anunciar o corte que, segundo projeções do mercado, poderia chegar a R$ 50 bilhões, e que as opções dependeriam do aval de Lula. Em diversas entrevistas, o presidente questionou a necessidade de cortes principalmente em áreas como saúde e educação – que ele avalia como “investimentos” ao criticar o mercado financeiro.
“Quem apostar contra o Brasil vai perder, o presidente Lula vai fazer os ajustes necessários para manter o crescimento do país, assegurar investimentos e cumprir o arcabouço fiscal, enquadrando as despesas dentro das regras da meta fiscal”, disse Rui Costa em entrevista à GloboNews nesta quarta (30).
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A expectativa é de que ele se reúna ainda nesta quarta (30) com Haddad, Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e técnicos das duas pastas para detalhar as medidas fiscais. Informações de bastidores apontam que já há um acordo entre a equipe econômica e o governo para tocar os cortes adiante, mas ainda sem uma divulgação pública.
Também está prevista para a tarde uma reunião da Junta de Execução Orçamentária (JEO), que reúne Haddad, Tebet e a ministra Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), para discutirem, entre outros assuntos, o possível pacote de cortes.
A fala de Haddad sobre a falta de um prazo concreto para a divulgação das medidas fiscais – que seriam logo após as eleições municipais, que terminaram no último domingo (27) – mexeu com o mercado financeiro fez o dólar disparar a R$ 5,761, maior patamar desde o ano de 2021. Já a Bolsa de Valores (B3) fechou o dia em queda de 0,37%, aos 130,7 mil pontos.
“Não tem uma data [para o anúncio], ele [Lula] que vai definir. Mas a gente está avançando a conversa, estamos falando muito com o [Ministério do] Planejamento também”, disse Haddad a jornalistas à tarde.
No último dia 15, Simone Tebet anunciou que o governo avalia uma série de medidas para cortar gastos. “O mais importante é que chegou a hora de levar a sério a revisão de gastos estrutural no Brasil”, disse Tebet na ocasião. Ela destacou que apenas o aumento de receitas não resolverá o desequilíbrio fiscal.
“O Brasil já fez o dever de casa, o governo, o Congresso, do lado da receita. Não é possível mais apenas pela ótica da receita resolver o problema fiscal do Brasil”, frisou. A ministra não deu detalhes sobre as propostas, mas disse que apenas uma delas pode abrir um espaço fiscal de R$ 20 bilhões ao ano no orçamento.
Nesta segunda (28), ela reforçou que o momento atual exige coragem para que sejam cortados gastos com políticas públicas ineficientes.
“Não existe social sem fiscal. Os números estão aí mostrando que tudo que tinha que dar certo, deu. Só falta uma coisa: ter coragem de cortar aquilo que é ineficiente. Erros e fraudes já foram cortados no ano de 2023 porque vieram como fruto da pandemia”, disse Tebet durante o 7º Fórum Brasil de Investimentos, em São Paulo.
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