Senadores da oposição ao presidente interino Michel Temer conseguiram impor uma derrota ao peemedebista nesta terça-feira (31) ao adiar a sabatina do economista Ilan Goldfajn, indicado para presidir o Banco Central no novo governo. Ela acabou sendo marcada para a próxima terça-feira (7).
Havia a expectativa de que a arguição pudesse acontecer nesta quarta (1) na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o que viabilizaria a posse de Goldfajn no cargo antes da realização da primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) -responsável por definir a taxa básica de juros (Selic), em junho. Ela ocorrerá na próxima terça-feira (7) e terá a participação do atual presidente do BC, Alexandre Tombini.
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Para que a sabatina acontecesse ainda nesta semana, era preciso que todos os senadores do colegiado concordassem com a supressão de um prazo de cinco dias úteis concedido entre a apresentação do relatório e a sabatina em si.
O parecer favorável à indicação foi apresentado nesta terça pelo relator do caso na comissão, senador Raimundo Lira (PMDB-PB). Os senadores do PT e do PCdoB, então, se posicionaram contra à realização da sabatina nesta semana sob o argumento de que o regimento precisa ser respeitado.
Senadores da base aliada chegaram a pedir que a presidente da comissão, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), colocasse o assunto em questão, mas ela também afirmou, com base no regimento, que não poderia fazer isso e indicou que os parlamentares podem recorrer da decisão no plenário do Senado.
“Estamos amparados pelo regimento. Na próxima terça vamos fazer uma bela sabatina. A maioria não pode passar por cima da comissão”, disse Lindbergh Farias (PT-RJ) durante a discussão.
“Dizem que não querem atrapalhar. Imagina se quisessem. De agora em diante, sempre que se quiser quebrar interstício, vai haver essa questão de não aceitar. Espero que o país esteja vendo o que está acontecendo”, protestou o senador Waldemir Moka (PMDB-MS).
Aos 50 anos, Goldfajn foi escolhido pelo presidente interino Michel Temer para comandar o Banco Central em sua gestão.
À frente da pesquisa econômica do Itaú até então, Goldfajn volta ao BC pela segunda vez. Entre 2000 e 2003 comandou a poderosa diretoria de política econômica do banco. Primeiro com Armínio Fraga como chefe, depois com o mesmo Henrique Meirelles, com quem conviveu por sete meses no período de transição do governo FHC para Lula.
Sua especialidade é política monetária, mas os economistas que o conhecem dizem que seus conhecimentos contemplam também a política fiscal, calcanhar de Aquiles da economia neste momento.