A definição dos acordos que deveriam resultar na união de Aracruz e Votorantim Celulose e Papel (VCP) não tem data para ocorrer e, caso aconteça, trará novas dificuldades para as empresas envolvidas na operação. Isso porque a base dos acordos (o primeiro envolve o grupo Votorantim e os Lorenzten e o segundo, o Votorantim e os Safra) precisará ser revista. "As condições colocadas se tornaram não mais atuais, tendo em vista uma mudança importante na relação dos ativos", afirmou o presidente da VCP, José Luciano Penido, durante teleconferência realizada nesta tarde.
A decisão sobre a paralisação nas negociações foi tomada em comum acordo entre as partes, disse Penido. Preocupadas com a mudança no cenário internacional, as empresas decidiram que a retomada das conversações deverá ocorrer apenas quando a "racionalidade voltar ao mercado internacional", segundo palavras do executivo. "Não há prazo previsto", completou.
As conversações entre as empresas tomaram novo rumo após a Aracruz anunciar que havia registrado perdas de R$ 1,95 bilhão com operações alavancadas de derivativos. A revelação fez com que o JPMorgan decidisse suspender o acordo que havia assinado com a VCP, no qual previa o financiamento de US$ 1,8 bilhão para o pagamento das ações da Aracruz detidas pela Arapar. "Quando a operação for em frente, teremos que renegociar as condições daquele financiamento ou de outro", alertou Penido. "Mas esse não é um assunto atual", destacou.
As operações que resultariam na fusão de Aracruz e a unidade de papel e celulose do grupo Votorantim também levaram a VCP a ter uma posição vendida de US$ 600 milhões, cujo objetivo era fixar o câmbio de entrada da dívida captada para aquisição das ações da Aracruz. Na oportunidade, o dólar ainda operava cotado próximo de R$ 1,70. Com o adiamento do acordo, a companhia já liquidou o valor, operação que resultou em uma despesa adicional de R$ 58 milhões.
A necessidade de obter um novo financiamento para adquirir a participação dos Lorentzen na Aracruz pode ser uma nova barreira à operação, uma vez que a oferta de recursos no mercado está escassa. Além disso, as perdas da Aracruz e do Grupo Votorantim (controlador da VCP) com derivativos podem alterar a percepção do mercado em relação às empresas.
Apesar de buscar recursos para concluir a aquisição, a VCP não tem participação nos acordos entre Votorantim Industrial, Arapar e Arainvest (Safra), destacou Penido. Com isso, a empresa estaria livre do pagamento de qualquer multa caso o acordo entre Aparar e Votorantim, já anunciado, não vingasse. Rumores apontam que o valor da multa seria de cerca de R$ 1 bilhão. "A VCP não é parte integrante do contrato assinado por Votorantim e Arapar, por isso, se houver uma multa, ela será definida entre as duas partes", disse.
Penido esclareceu que a participação da VCP nos acordos ocorreria apenas após a Votorantim Industrial transferir os ativos e as dívidas da Aracruz a companhia a qual preside.
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