Oito candidatos à Prefeitura de Curitiba voltaram a se reunir em praça pública para uma espécie de comício coletivo contra a postura do prefeito e candidato à reeleição Rafael Greca (DEM) que não tem participado de nenhum debate neste período eleitoral. Convocado, desta vez, por Fernando Francischini (PSL) o encontro foi na frente da Prefeitura Municipal de Curitiba, ao meio-dia desta quinta-feira e repetiu a estrutura do evento da última semana, na Praça da Espanha, próximo à casa do prefeito.
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“Estamos aqui, na frente da prefeitura e no horário do almoço, para que ele possa participar fora do horário do expediente. Todos os candidatos foram convidados e o aguardamos aqui”, provocou Francischini na abertura do encontro. O candidato, que coordenou a campanha do presidente Jair Bolsonaro no Paraná, disse não ser cabida a comparação entre a estratégia de Greca e a do presidente, que também não participou de nenhum debate nas eleições de 2018. “É muito diferente: um estava esfaqueado, morrendo dentro de uma UTI e o outro está olhando para nós e participando todo o dia de encontros da campanha dele. Esse aqui está fugindo, o outro ficou vários meses em tratamento de saúde por conta do atentado que sofreu. A Covid do Greca foi uma Covid de 48 horas e ele saiu do hospital com claque aplaudindo e canal de TV da campanha filmando”, afirmou.
Paulo Opuszka (PT) aproveitou o encontro na frente da prefeitura para dedicar seu discurso aos servidores públicos, “que tiveram seu plano de carreira congelado pela atual gestão e sofreram com o pacotaço que atingiu suas aposentadorias”. O candidato afirmou que, independentemente do partido político e das pautas que defendem, quem estava na praça “estava preocupado com a democracia”. O candidato ainda convocou um terceiro encontro entre os concorrentes à prefeitura de Curitiba, para a próxima quinta-feira (5/11), com uma caminhada da Boca Maldita até a Praça Santos Andrade.
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Eloy Casagrande (Rede) afirmou que Rafael Greca “faltou à aula de cidadania” ao recusar-se a debater com seus adversários. Professor Mocellin (PV) afirmou que o debate de ideias é o básico da política. “Em qualquer lugar civilizado do mundo, quem está no poder não se recusa a debater com a oposição. Isso é democracia. Democracia não é imposição, é persuasão. Ele fala tanto que ama Curitiba, mas não tem a hombridade de debater os problemas e as propostas para a cidade”.
Ausente no primeiro evento na praça, Goura (PDT) disse que não participou do evento anterior por estar em sessão plenária da Assembleia Legislativa. Hoje, ao meio-dia de uma quinta-feira, estou aqui, comprometido com este debate, sem prejuízo às minhas responsabilidades como deputado. É importante estarmos aqui debatendo em espaço público as políticas para Curitiba, convidando o prefeito Rafael Greca para que venha conosco. Todos os partidos estão aqui apresentando suas propostas, com respeito à democracia e ao povo curitibano”.
Camila Lanes (PCdoB) afirmou que uma eleição com um candidato a reeleição que não presta contas de seu mandato acaba tornando-se um processo viciado. “Eu espero que ele tenha sensibilidade de entender que um processo democrático, como a eleição municipal é necessária a participação dele acima de tudo. Ele, como atual gestor precisa prestar contas da gestão que ele esteve a frente. Se ele realmente quer se reeleger, ele precisa explicar para o curitibano as decisões que tomou nestes quatro anos. Ele tem que vir a público mostrar os ganhos e as benfeitorias da cidade na gestão dele, mas responder pelos erros, pelas ausências e pelas escolhas de prioridade que teve. Camila Lanes foi a única que também aproveitou o evento para criticar um adversário participante do encontro, lembrando que foi ali, no Centro Cívico, que “professores foram agredidos pela Polícia Militar comandada por um secretário que hoje é candidato”.
A candidata Professora Samara (PSTU) afirmou que a ocupação da praça faz parte da disputa de seu partido para que as eleições sejam, de fato, um espaço democrático, sem privilégios para candidatos mais ricos ou com as maiores coligações. Ela ainda disse que, apesar de não serem questões diretas da administração municipal, queria ouvir de Greca seu posicionamento em relação às escolas cívico-militares e à proposta de terceirização no SUS. “São decisões estaduais e federais, mas que afetam a cidade. E o prefeito tem que ter posição clara sobre isso”.
Idealizador do primeiro encontro, João Arruda (MDB) afirmou ter ouvido como justificativa para a ausência de Greca a alegação de que o debater serviria somente para atacá-lo. Virando-se para o prédio da prefeitura, o candidato começou a elencar, então, as propostas para a cidade contidas em seu plano de governo. “Venha discutir propostas com a gente, Rafael, em clima republicano, cada um apresentando suas soluções para os problemas, ou mesmo para a melhoria da cidade. Politicamente, eu discordo em tudo do Francischini, e estamos aqui debatendo a cidade. É a democracia que está em jogo aqui hoje”, concluiu.
A provocação não mudou a estratégia de Greca, que não respondeu às críticas pessoalmente. Em entrevista ao portal Ric Mais, o prefeito adotou discurso semelhante ao que já havia usado após o evento promovido pelos seus concorrentes na semana anterior. Disse que "não sente vontade" de debater com quem "não tem conhecimento de causa" e negou que sua postura seja "arrogante".
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