Ao contrário de anos anteriores, quando apostou em políticos com carreira consolidada, em 2020 o PT lançou para a disputa da prefeitura de Curitiba um novato: Paulo Opuszka, advogado que disputa a primeira eleição, mas acumula experiência em diferentes órgãos públicos. Para o petista, a experiência na administração pública e o conhecimento em gestão são diferenciais para comandar a prefeitura. Opuszka também pretende buscar recursos externos para assegurar renda às famílias afetadas pela pandemia do coronavírus na capital.
A Gazeta do Povo fez três perguntas ao candidato sobre sua atuação e propostas para governar o município. Acompanhe:
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Por que o senhor será um bom prefeito e o que diferencia sua candidatura das demais?
Posso apontar três fatores. Primeiro: tenho experiência administrativa na Câmara Municipal, na administração municipal e como chefe de gabinete da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que tem status de secretaria e administra um orçamento equivalente ao do município de Londrina. Essa experiência faz uma diferença muito grande. Segundo: o PT tem um compromisso social com diversas áreas, da educação ao desenvolvimento social e econômico. As pessoas reclamam do PT, mas é o partido com mais experiência em desenvolvimento econômico pelo número de economistas em seus quadros. E, terceiro, a questão política propriamente dita. Eu tenho vivência política desde o final da juventude, participei de grêmio estudantil, fui presidente de diretório acadêmico, trabalhei com sindicato. Nesse momento em que estamos tendo uma crise econômica, financeira, sanitária e social, é fundamental ter no poder pessoas que exerçam a liderança com responsabilidade. A administração pública precisa de gestores que não sejam aventureiros. Hoje os órgãos de controle agem de forma bastante dura, é necessário que o gestor tenha experiência e conhecimento técnico para não incorrer em erros que possam levar a prefeitura a uma situação complexa. O prefeito não pode ser protegido se sua gestão não estiver em harmonia com os órgãos de controle. Grande parte dos candidatos acha que pode fazer propostas mirabolantes, sair comprando e vendendo, para depois enterrar o município com dívidas que levam 10, 15 anos para serem pagas. Ou então, sofrem ações judiciais que depois compõem um passivo judicial pesadíssimo para o município.
Uma de suas propostas é o Renda Curitibana, um programa nos moldes do Bolsa Família. Como e com que recursos ele seria viabilizado?
Essa proposta se baseia no Bolsa Família e no Auxílio Emergencial, um programa feito com base no cadastro da assistência social, que garanta uma renda mínima às famílias, financiado por valores que vão de prefeitura a parcerias com a iniciativa privada, bancos e outros projetos. É algo temporário, emergencial, durante o período de pandemia, mas que pode se tornar uma política pública permanente. Quem executa a assistência social é o município, então, é uma verba que, se o município está preparado, já vem por força federal e de lei. Essa renda também pode ser financiada por órgãos privados de forma indireta, por meio de programas que trocam imposto por emprego. Por exemplo, quando uma empresa se instala aqui, oferece posto de trabalho, o trabalhador tem acesso a determinada renda e a empresa tem renúncia fiscal. É uma verba pública por via indireta. São soluções que precisamos buscar porque o governo federal tratou a pandemia com completo descaso e irresponsabilidade, criou conflitos entre os poderes e cada estado e prefeitura teve que tomar sua decisão.
O PT vem de um processo de desgaste nos últimos anos. Como o senhor tem lidado com isso na campanha?
O PT de Curitiba sempre teve grandes nomes: a Gleisi [Hoffmann], que foi ministra e senadora, o [Angelo] Vanhoni, que foi deputado e quase ganhou a prefeitura, Dr. Rosinha, Tadeu Veneri, [Jorge] Samek, que foi presidente da Itaipu. No Paraná tivemos boas administrações em Londrina, Maringá e várias cidades. No governo federal tivemos as gestões de Lula e Dilma, que trouxeram inúmeros avanços ao país. Então, eu só tenho a me orgulhar dos quadros do PT. O que existe são discussões político-ideológicas ou que têm relação com os processos legais, principalmente aqueles que envolvem o ex-presidente Lula. Em alguns lugares as pessoas me xingam, falam do Lula e tudo mais, mas nos bairros acontece o contrário: as pessoas lembram com carinho do governo do PT, dizem que naquela época eles eram cuidados. Mesmo na classe média, dentro da universidade, tem muita gente que vê nossa candidatura com bons olhos. Tem esses dois lados, mas o partido continua no mesmo lugar.
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