Professor de história no ensino médio de uma tradicional escola curitibana, Renato Mocellin disputa, aos 62 anos, a primeira eleição de sua carreira, como candidato a prefeito de Curitiba pelo Partido Verde. Especialista na história de Curitiba, o professor diz que, se eleito prefeito, trará para a administração municipal conceitos de todos os bons prefeitos que já administraram a cidade, alinhando com os valores de seu partido, porque, para ele, a questão ambiental deverá estar no centro de qualquer discussão econômica, social e cultural. Nas três perguntas que respondeu à Gazeta do Povo, Professor Mocellin do PV explicou seu projeto e disse ter pegado gosto pela política. Confira.
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Por que o senhor é o melhor nome para assumir a prefeitura de Curitiba? O que lhe difere dos demais candidatos?
Eu estudei a história de Curitiba, escrevi sobre a história de Curitiba, pesquisei por dois anos a história da nossa cidade, percorri todos os bairros, vivo na cidade há mais de 45 anos e tenho procurado me inteirar sobres os problemas nas principais áreas, como a educação, a saúde e procurando sempre aprender com as gestões passadas, com os erros e acertos, desde o Cândido Ferreira de Abreu, o primeiro a ser eleito, até os prefeitos mais recentes. Eu destacaria que tivemos prefeitos bons em Curitiba, João Antônio Xavier, o Moreira Garcez e o próprio Ney Braga. Mais recentemente, com ressalvas para a área social, o Lerner foi um prefeito inovador, trazendo importantes contribuições para a cidade na área urbana, no transporte e mesmo na questão ecológica. Eu acredito que posso contribuir de alguma forma com os valores do Partido Verde: o desenvolvimento sustentável, a cidadania, a participação feminina. Eu acredito que vivemos em uma época em que a questão ambiental precisa estar no centro, porque não saberemos como estará o planeta daqui a alguns anos se não dermos a atenção devida à questão ambiental. Então ela não pode estar distanciada da questão econômica, da social, da cultural. E, pelo que eu conheço de educação, sendo professor há mais de 40 anos, mestre em educação, eu acredito que é a educação que vai fazer com que a cidade se desenvolva de verdade.
Temos que tomar cuidado. A gente vê proposta de alguns candidatos e parece que eles são candidatos a Secretário Geral da ONU. Os poderes do prefeito são limitados, o Orçamento do ano que vem já foi votado. Daí tem candidato falando em zerar o preço da passagem do ônibus. Calma lá. Tem um contrato, precisa ser contestado judicialmente e a gente sabe da dificuldade de se fazer isso. Então, eu sou um candidato realista. Como historiador a gente sempre busca inspirações, e eu me espelho em Bento Munhoz da Rocha Neto, que dizia: “ganhei eleições, sem fazer promessas. Perdi eleições sem fazer promessas”. A promessa que eu faço aos eleitores é de ser transparente. E, sobretudo, cercar de pessoas qualificadas. Vou resolver o problema da Linha Verde, mas eu, como historiador, não sei. Terei urbanistas do meu lado, especialistas em saúde, só em educação que vou querer dar os meus pitacos.
Com uma campanha mais curta, com pouco tempo de TV e ausência de debates, uma das maneiras de o candidato expor suas ideias ao eleitor é a través do Plano de Governo, um documento público, acessível a todos. Mas o senhor, que ficou conhecido pela profundidade dos discursos, sempre cheios de referências, apresentou um plano de governo de apenas sete páginas. Por quê?
Sou professor e aprendi durante todos esses anos que se produzir um texto muito longo, ninguém vai se interessar. Eu duvido que os cidadão que não estão diretamente envolvidos no processo eleitoral, como vocês da imprensa, tenham lido os planos dos candidatos. Eu recebi um plano base do PV nacional com 135 propostas. Eu mesmo, quando cheguei na 60ª, já não aguentava mais. E com um detalhismo que sabemos que não seria possível colocar em prática daquela maneira. Então, optei por um plano genérico e conciso, mas nós temos como fazer tudo o que está nele funcionar de fato. Foi proposital, poderíamos ter feito um plano bem longo e floreado, mas o que vi nos planos dos demais são propostas inexequíveis. O realismo é fundamental para não enganarmos as pessoas, para que as pessoas possam votar tranquilamente. O que as pessoas podem esperar do prefeito Mocellin é transparência, honestidade com relação à coisa pública e honestidade intelectual, de ter a consciência de que nós temos limitações e humildade de ouvir os outros, que é a principal crítica que faço ao atual mandatário, que tem uma certa arrogância, desprezo por quem quer discutir com ele.
E eu me convenci, depois de ler a Lei Orgânica de Curitiba, que nem precisa de programa nenhum, basta aplicar a Lei Orgânica. O que está lá sobre meio ambiente, o que está lá sobre saúde, o que está lá sobre educação, se nós conseguirmos aplicar, seja o prefeito quem for, teremos uma ótima gestão. Então não cabe querer descobrir a roda. Basta aplicar a Lei Orgânica. Ela prevê, inclusive, a democracia direta, com plebiscito, referendo, consulta popular.
Em um daqueles comícios de rua, o senhor encerrou seu discurso afirmando que a cidade precisava de alternativas e pedindo para que a população não votasse no atual prefeito (Rafael Greca – DEM), afirmando que se o eleitor não se sentisse seguro em votar no senhor, por conta de sua inexperiência na política, que escolhesse um dos outros candidatos, e até os citou nominalmente. O senhor se considera menos experiente que os demais candidatos? Pretende se envolver mais com a política após essa eleição? Realmente prefere qualquer outro nome ao do prefeito?
Eu reconheço que a primeira gestão do Rafael Greca, lá na década de 1990 foi uma gestão com muitas realizações. Curitiba vivia um período de importantes transformações. Esta gestão atual, eu como historiador me recuso e fazer, agora uma análise, porque demandaria uma documentação que eu não tenho acesso agora. É cedo para uma análise definitiva desta gestão do atual prefeito. Mas, por uma questão de princípio, eu sou contra a reeleição. Então eu descarto o atual prefeito de cara e, por isso, sim, prefiro qualquer outro nome ao dele. Sobre a minha possível inexperiência, o fato de eu não ser político acho que é bom. Os que estão na política têm já certos vícios e eu não tenho pretensões de ter uma carreira política longeva. Como sou contra a reeleição, eu tendo um mandato como prefeito já está ótimo. A reeleição tem efeitos deletérios porque o sujeito, dois anos antes já começa a trabalhar pela reeleição. Vimos com o atual prefeito e vemos com o atual presidente da República. Mas eu gostei muito mesmo de fazer política. Eu conheci a cidade muito melhor do que eu conhecia, porque estudar e ler sobre a cidade é diferente do que visitar todos os bairros, conversar com as pessoas. Então, não descarto ser candidato de novo não. Dependerá do partido e da minha saúde. Mas foi um grande aprendizado. Conheci pessoas extraordinárias e tive a oportunidade de expor para mais gente as minhas ideias, inclusive através da imprensa.
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