Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) lamentaram a derrota do candidato nas urnas. Para a base política, os discrepantes resultados de algumas pesquisas eleitorais ao longo do primeiro turno e decisões judiciais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ajudaram na vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A despeito de críticas e lamentações, aliados reconhecem a vitória do petista e os parlamentares reeleitos prometem oposição no Congresso.
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi uma das primeiras a reconhecer o resultado do segundo turno. Em publicação nas redes sociais, ela citou uma passagem bíblica e disse que "o sonho de liberdade de mais de 51 milhões de brasileiros continua vivo". "E lhes prometo, serei a maior oposição que Lula jamais imaginou ter", escreveu no Twitter.
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, um dos coordenadores da campanha do presidente, também tuitou a seguinte frase acompanhado de uma foto dele com Bolsonaro: "você resgatou o nosso orgulho de ser brasileiro. Obrigado, Jair".
Já a ex-ministra e senadora eleita Damares Alves (Republicanos) reconheceu a derrota nas redes sociais, mas exaltou o papel histórico do presidente. "Perdemos uma eleição, mas não perdemos o amor pelo nosso país", escreveu. "Bolsonaro deixará a Presidência da República em janeiro de cabeça erguida, com a certeza do dever cumprido e amado por milhões de brasileiros".
O deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) é outro a se colocar na oposição ao futuro governo Lula. "Serei oposição, mas não uma oposição contra tudo e a favor de nada. Serei uma oposição muito forte e vibrante a favor do Brasil", disse à Gazeta do Povo.
O parlamentar lamentou a opção da maioria da população ao eleger Lula. "No Brasil, não se pode mais dizer que o crime não compensa. Eu aceitaria um ex-presidiário que cumpriu sua pena ser presidente, mas um descoordenado que não foi absolvido tem o meu protesto, embora eu tenho que reconhecer a maioria dos votos", afirmou.
O parlamentar criticou também as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que permitiram a Lula ser candidato e considera que a imprensa e as pesquisas eleitorais atuaram contra a reeleição de Bolsonaro. "Enfrentou uma imprensa marrom durante todo o mandato e sem dúvida nenhuma as pesquisas formaram opinião contrária", diz.
Fator pandemia e adversário forte pesaram contra Bolsonaro
Outro aliado de primeira hora, o deputado federal Coronel Tadeu (PL-SP) também acredita que os resultados das pesquisas eleitorais e decisões do TSE, como a que rejeitou a denúncia de desequilíbrio em inserções de rádio a favor de Lula, prejudicaram a campanha de Bolsonaro. Mas ele entende que o presidente foi derrotado por uma liderança igualmente popular junto à população.
"O Bolsonaro fez um excelente trabalho, mas, infelizmente, algumas coisas não funcionaram do jeito que a gente queria. Por exemplo, São Paulo, que poderia dar mais votos para ele, não chegou a 4 milhões a diferença", diz Tadeu. O candidato à reeleição venceu no estado com cerca de 14,21 milhões de votos, aproximadamente 2,7 milhões de votos a mais que Lula.
"Ele não conseguiu aumentar [os votos] do jeito que queria nos estados do Sudeste, Sul e, no Nordeste, que a gente esperava que ele diminuísse a diferença, mas ela aumentou", complementa Tadeu. O aliado não identifica, porém, falhas da campanha de Bolsonaro. "Ela foi muito bem conduzida. Pode não ter acertado o tempo inteiro, mas você precisa analisar que Bolsonaro estava lutando contra uma corrente [esquerda] e um cara [Lula] que são muito fortes no Brasil", pondera.
Outro fator analisado por Tadeu sobre a derrota de Bolsonaro é o enfrentamento da pandemia da Covid-19. Para o aliado, o governo conduziu bem o combate à doença, mas entende que o presidente pode ter falhado na comunicação durante o período.
"É o cúmulo da idiotice acreditar que ele não fez um bom trabalho. Tudo bem que tem algumas coisas que atentam contra o Bolsonaro. A oratória e alguns discursos dele obviamente poderiam ter sido evitados", analisa. "A gente vivia um momento sério e um pouquinho de sobriedade do presidente ajudaria muito, e a imprensa acabou pegando algumas falas dele e distorceu como se ele estivesse zombando, e é claro que isso não ocorreu", explica.
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