Considerado favorito na disputa pelo governo da Bahia durante a campanha do primeiro turno, ACM Neto (União Brasil) se deparou, na segunda etapa do pleito, com um cenário bem diferente.
O ex-prefeito de Salvador ficou em segundo lugar na votação do dia 2 de outubro, com 40,8% dos votos. O primeiro colocado, Jerônimo Rodrigues (PT), teve 49,45% e, por pouco, não ganhou a eleição já na primeira etapa.
O mapa da Bahia mostra que o petista ganhou em 351 dos 417 municípios do estado. Uma das exceções foi Salvador, em que ACM Neto teve 52,79% dos votos, contra 36,88% de Jerônimo.
Ex-ministro de Bolsonaro teve 9% dos votos
Reverter o cenário não é tarefa fácil. Uma das estratégias deve ser tentar converter votos entre eleitores de João Roma (PL). Ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL), Roma teve 9,08% dos votos. Ele declarou apoio a ACM Neto no segundo turno, afirmando que “o nosso adversário é o PT na Bahia e no Brasil”.
O candidato do União Brasil, porém, não apoia Bolsonaro formalmente. Durante todo o primeiro turno, ACM Neto se esquivou de uma associação entre as disputa pelo governo baiano e pela Presidência. O candidato disse, por exemplo, que nem Lula nem Bolsonaro representam o “projeto dos sonhos” para o país. No segundo turno, a postura de neutralidade tem permanecido.
A explicação está na preferência do eleitor baiano pelo petista. No primeiro turno, Lula teve 69,73% dos votos na Bahia. Bolsonaro fez 24,31%.
Matheus Silveira, professor de Ciência Política da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)), avalia que a tendência é de que eleitores de João Roma migrem para ACM Neto. “Não vejo eleitor de Roma votando no PT, mas uma parte pequena pode ir para Jerônimo. E ele precisa de pouco para fechar a eleição”, diz.
Voto casado no PT
Pouco conhecido do eleitorado, Jerônimo ganhou força por meio do “voto casado” no PT, associado a Lula. De acordo com Silveira, isso indica que o petista ainda tem espaço para crescer, já que quase 70% do eleitorado baiano votou em Lula, enquanto pouco mais de 49% optaram por Jerônimo.
ACM Neto também pode tentar crescer mirando brancos, nulos e abstenção. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os três grupos somam 29,66% do eleitorado. Ao mesmo tempo, o candidato pode buscar reforçar relações com prefeituras do interior e deputados eleitos.
“A questão é que ele já fez essas alianças com prefeituras. ACM Neto ficou em uma posição delicada, em que não pode apoiar Bolsonaro. O cenário está desfavorável a ele”, avalia Silveira.
A reportagem tentou contato com a assessoria do candidato, mas não obteve resposta.
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