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Plenário da Câmara dos Deputados
Plenário da Câmara dos Deputados.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, fez não apenas a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 99 integrantes. O partido foi também o que mais teve deputados que alcançaram o primeiro lugar na lista dos mais votados de seus estados.

São filiados ao PL os mais votados em sete unidades da federação: Ceará, Distrito Federal, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernambuco e Santa Catarina. A lista inclui reeleitos como Bia Kicis (DF) e André Ferreira (PE) e também o estreante Nikolas Ferreira (MG), que foi o mais votado do Brasil na disputa do dia 2 de outubro.

União Brasil e Republicanos são, cada um, os partidos de quatro "campeões de voto". São do União os mais votados em Goiás, Rio de Janeiro, Rondônia e Sergipe. Já o Republicanos é o partido dos líderes de Paraíba, Rio Grande do Sul, Roraima e Tocantins.

O PT, principal partido da oposição a Bolsonaro, fez os mais votados em três estados: Mato Grosso, Espírito Santo e Rio Grande do Norte. O nome do partido no Mato Grosso, porém, não ocupará uma vaga na Câmara. A baixa votação obtida pelos demais nomes do PT fez com que a candidata Rosa Neide não conseguisse se reeleger, mesmo sendo a campeã de votos no estado (o sistema eleitoral brasileiro nem sempre elege os mais votados; para que alguém conquiste uma cadeira, todos os candidatos de sua legenda têm de ter votação suficiente para que a sigla obtenha vagas).

PP, com Acre e Alagoas, e PSD, com Bahia e Piauí, somaram dois campeões de voto cada. Os demais partidos que tiveram deputados mais votados são PDT, Cidadania, MDB, Podemos e Psol.

Confira, abaixo, um perfil do candidato mais votado em cada estado, por ordem alfabética da unidade da federação.

Acre

A maior votação do Acre foi para Socorro Neri (PP), escolhida por 25,8 mil eleitores. Ela irá para seu primeiro mandato na Câmara. Mas não é estreante na política. Foi eleita vice-prefeita de Rio Branco, capital do estado, em 2016. Em 2018, assumiu a prefeitura, após a renúncia do titular, Marcos Alexandre, que tentou o governo do estado. Em 2020, Socorri Neri buscou a reeleição na capital acreana, mas acabou derrotada em segundo turno para Tião Bocalom.

A deputada eleita é filiada ao PP, partido que compõe a coligação de Jair Bolsonaro (PL), mas não é uma apoiadora convicta do presidente. Em 2016, pertencia ao PT quando foi eleita vice-prefeita. E, em 2020, na tentativa frustrada da reeleição, integrava o PSB, partido de oposição a Bolsonaro.

A futura deputada é pedagoga, professora universitária e foi vice-reitora da Universidade Federal do Acre (UFAC).

Alagoas

O campeão de votos em Alagoas foi o mais influente deputado federal da atualidade: Arthur Lira (PP), o presidente da Câmara. Ele recebeu 219,4 mil votos, número que o posicionou como o quarto candidato a deputado federal mais votado do Brasil em termos proporcionais. O número também é bem superior ao que Lira registrou em eleições anteriores: ele recebera 143 mil votos em 2018; 98 mil em 2014; e 84 mil em 2010.

Lira confirmou seu novo mandato na Câmara e já iniciou movimentações para se reeleger à Presidência da Câmara. A eleição ocorre no ano que vem, junto com a posse dos novos deputados. E o alagoano larga como favorito.

Amapá

Josenildo Abrantes (PDT) foi o campeão de votos no estado logo em sua primeira eleição. Ele recebeu 27,1 mil votos, número que corresponde a 6,39% dos votos válidos do estado.

O futuro deputado ocupará no ano que vem seu primeiro mandato eletivo, mas não é um novato na política. Foi secretário da Fazenda do Amapá e da cidade de Santana, vizinha de Macapá, a capital do estado. Tem 49 anos e é servidor público de carreira, estando no posto há 30 anos.

Na corrida eleitoral, contou com o apoio do senador reeleito Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

Amazonas

Amom Mandel (Cidadania) recebeu mais de 288 mil votos e se consagrou não apenas como o candidato mais votado do Amazonas, mas como o de maior votação proporcional em todo o Brasil em relação ao eleitorado de seu estado.

O futuro deputado tem apenas 21 anos, mas exercerá na Câmara seu segundo mandato eletivo: atualmente, é vereador em Manaus.

Mandel se define como empresário e ativista social. Tem atuação destacada nas redes sociais, com uso de linguagem típica do público jovem. Ele comemorou sua votação no dia 2 com frases como "vou ter um treco" e "haters gonna hate" (na tradução literal, "odiadores vão odiar").

Bahia

O deputado mais votado no maior estado do Nordeste foi Otto Alencar Filho (PSD), que vai para o seu segundo mandato na Câmara. Ele saltou de 185 mil para 200 mil votos, na comparação entre as eleições de 2018 e de 2022.

Alencar é filho do senador Otto Alencar (PSD), outro vitorioso na disputa do dia 2 – foi reeleito para o Senado com 58,3% dos votos válidos.

Ao longo do primeiro mandato, Otto Alencar Filho teve atuação discreta na Câmara. Foi presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços da Casa. Não se notabilizou por conduzir articulações partidárias e nem foi uma referência na oposição à gestão de Jair Bolsonaro – ao contrário de seu pai, um dos maiores críticos do governo na CPI da Covid.

Ceará

Atualmente deputado estadual, André Fernandes (PL) foi o líder da corrida para a Câmara no Ceará. Ele recebeu 229,5 mil votos.

Fernandes ingressou na política como militante das causas de Jair Bolsonaro e foi um dos eleitos na onda que consagrou os candidatos de direita em 2018. Sua atuação como deputado estadual foi conectada a causas como o combate à ideologia de gênero, às drogas e ao que chama de "inversão de valores".

O PL fez "dobradinha" no Ceará: o segundo mais votado para deputado federal no estado foi Júnior Mano, que atualmente já exerce mandato na Câmara.

Distrito Federal

Uma das mais aguerridas defensoras de Jair Bolsonaro no Congresso, a deputada Bia Kicis (PL) foi a mais votada para a Câmara no Distrito Federal. Ela recebeu 214,7 mil votos. O número corresponde a 13,32% dos votos válidos de Brasília e a coloca como dona da segunda maior votação proporcional para o cargo em todo o Brasil, em comparação com o eleitorado.

Bia Kicis é formada em Direito e atuou como procuradora no Distrito Federal antes de ingressar na política. Iniciou na militância contrária ao PT e a favor das causas de Bolsonaro, o que a deu notoriedade e a ajudou a obter a vitória em 2018, quando disputou sua primeira eleição.

Ela foi também presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara, tendo sido a primeira mulher a ocupar o cargo.

Espírito Santo

Os capixabas escolheram um veterano na política para ser o candidato a deputado federal mais votado de seu estado. Helder Salomão (PT) recebeu 120 mil votos, número bem superior aos 73 mil obtidos em 2018.

Salomão exercerá seu terceiro mandato consecutivo na Câmara. Antes, foi deputado estadual e também vereador e prefeito de Cariacica, a terceira cidade mais populosa do Espírito Santo. Está no PT desde o início de sua carreira política.

Goiás

Em Goiás, o mais votado na corrida pela Câmara foi uma estreante na política: Silvye Alves (União Brasil). Ela é jornalista, atuava como apresentadora na Record TV e encarou sua primeira disputa nas urnas em 2022. Recebeu 254,6 mil votos.

Silvye Alves é aliada do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), reeleito no primeiro turno. Ela tem na defesa dos direitos da mulher sua principal proposta para a atuação no Legislativo.

Maranhão

A deputada eleita Detinha (PL) foi a que recebeu mais votos na disputa pela Câmara. Não é a primeira vez que a futura deputada federal foi a campeã de votos. Ela conseguiu o mesmo em 2018, quando disputou uma vaga de deputada estadual.

Detinha é casada com o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), que foi reeleito para o mesmo posto, ficando em terceiro lugar na lista dos mais votados no estado. Além da experiência no Legislativo, Detinha já foi prefeita por dois mandatos em Centro do Guilherme (MA).

Mato Grosso

O primeiro lugar na lista de votação para deputado federal no Mato Grosso ficou com Rosa Neide (PT), que concorria à reeleição. A deputada somou 124.671 votos. Seu partido, porém, não alcançou a votação mínima necessária para que fosse contemplado com uma cadeira na Câmara. Com isso, apesar de a líder do estado, Neide não foi reeleita.

O segundo mais votado, que portanto é candidato eleito mais votado em Mato Grosso, foi Fábio Garcia (União Brasil). Ele somou 98.704 votos.

Garcia voltará à Câmara depois de um intervalo de quatro anos. Ele foi eleito deputado em 2014, mas em 2018 optou por se candidatar à vaga de primeiro suplente de Jayme Campos (União Brasil), eleito senador. Com isso, Garcia chegou a exercer mandato de senador em algumas ocasiões.

Garcia foi filiado ao PSB até 2018 e deixou o partido por defender pautas do governo de Michel Temer (MDB). Ele declarou apoio a Jair Bolsonaro no segundo turno da disputa presidencial.

Mato Grosso do Sul

Marcos Pollon (PL) recebeu 103,1 mil votos e foi o candidato a deputado federal mais votado no Mato Grosso do Sul.

Pollon é advogado, professor de Direito e militante a favor do armamento da população. Ele é o fundador da organização Proarmas, que tem atuação em diversos estados. O futuro deputado também se identifica com outras causas defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, como o conservadorismo e o combate às drogas.

Minas Gerais

O candidato a deputado federal mais votado em Minas Gerais foi também o mais votado em todo o Brasil: Nikolas Ferreira (PL) recebeu 1,49 milhão de votos. O número também faz dele o candidato ao cargo mais votado em toda a história de Minas Gerais.

Nikolas atualmente é vereador em Belo Horizonte. Começou na política sob o embalo das pautas de direita lideradas por Jair Bolsonaro. No Congresso, ele pretende continuar na defesa de bandeiras conservadoras. Ele tem 26 anos e é formado em Direito.

Pará

A médica Alessandra Haber (MDB) foi a candidata a deputada federal mais votada do Pará. Ela recebeu 258.907 votos.

Alessandra Haber encarou as urnas pela primeira vez na disputa de 2022. Ela é casada com Daniel Santos, o prefeito de Ananindeua, a segunda cidade mais populosa do estado.

A futura deputada nasceu em Belém e é aliada do governador Helder Barbalho (MDB), que foi reeleito no primeiro turno.

Paraíba

O candidato a deputado federal mais votado na Paraíba foi Hugo Motta (Republicanos), que recebeu 158 mil votos.

Ele tem 33 anos. Apesar de jovem, Motta iniciará em 2023 seu quarto mandato como deputado federal. Ele foi eleito pela primeira vez em 2010 e conseguiu ser reconduzido ao Congresso nas três eleições seguintes, incluindo 2022.

Motta já foi o líder de seu partido na Câmara e ganhou notoriedade em 2015, quando presidiu a CPI da Petrobras.

Paraná

O Paraná consolidou como seu deputado federal um estreante na política: Deltan Dallagnol (Podemos), que recebeu 345 mil votos.

Deltan foi procurador federal e se tornou nacionalmente conhecido por chefiar a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. O legado da operação anticorrupção é a principal bandeira do futuro deputado.

O ex-procurador anunciou apoio a Jair Bolsonaro no segundo turno da corrida presidencial.

Pernambuco

Apoiador de Bolsonaro, André Ferreira (PL) foi o deputado federal mais votado de Pernambuco. Ele somou 273,2 mil votos.

Ferreira já é deputado federal, atualmente em primeiro mandato. Antes de chegar ao PL, fazia parte do PSC e chegou a liderar a bancada do partido na Câmara.

Ele é evangélico e filho do pastor Manoel Ferreira, da Assembleia de Deus. Seu irmão, Anderson, foi candidato ao governo de Pernambuco na eleição de 2022, ficando na terceira colocação.

Piauí

O Piauí teve como campeão de votos um dos deputados mais experientes do atual Congresso: Júlio César (PSD), que em 2023 iniciará seu sétimo mandato na Câmara. O parlamentar recebeu 134,8 mil votos.

César tem 74 anos e, antes de ser deputado, havia sido secretário do Governo do Piauí e prefeito por dois mandatos de Guadalupe (PI), sua cidade natal.

Na eleição de 2022, o deputado apoia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na eleição estadual, apoiou Rafael Fonteles (PT), que foi eleito em primeiro turno para o governo do estado.

Rio de Janeiro

O deputado mais votado no Rio já com mandato na Câmara dos Deputados: Daniela do Waguinho (União Brasil), que recebeu pouco mais de 213,7 mil votos.

Daniela é esposa do prefeito de Belford Roxo, Waguinho, uma das principais lideranças políticas da Baixada Fluminense. O casal anunciou no segundo turno apoio ao ex-presidente Lula.

Em seu primeiro mandato na Câmara, Daniela teve sua atuação voltada à defesa de causas ligadas às mulheres.

Rio Grande do Norte

O Rio Grande do Norte foi mais um estado que deu o primeiro lugar a uma mulher com mandato na Câmara. No caso, a petista Natália Bonavides, que recebeu 157,5 mil votos.

A parlamentar tem 34 anos e, antes de chegar à Câmara, foi vereadora em Natal, a capital do estado. Ela é advogada de formação e conduziu toda a sua trajetória política no PT.

Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul teve como deputado mais votado Tenente Coronel Zucco (Republicanos). Ele é atualmente deputado estadual. Recebeu 259 mil votos na eleição de 2022.

O "título" de mais votado já havia sido conquistado por Zucco em 2018, quando ele concorreu a uma vaga na Assembleia gaúcha.

O futuro parlamentar atuou no Exército por 26 anos e é apoiador do presidente Bolsonaro.

Rondônia

Fernando Máximo (União Brasil) foi o candidato mais votado no estado em Rondônia. Ele é médico, foi secretário de Saúde no estado e somou 85,6 mil votos.

Máximo é alinhado ao governador do estado, Marcos Rocha (União Brasil), que está no segundo turno contra Marcos Rogério (PL).

O futuro deputado é apoiador de Jair Bolsonaro e esteve junto com lideranças que se reuniram recentemente com o presidente no Palácio da Alvorada.

Roraima

O deputado mais votado em Roraima foi Jhonatan de Jesus (Republicanos), que recebeu 19,8 mil votos. Com a vitória, ele vai para o quarto mandato consecutivo como deputado federal. Ele foi líder de seu partido na Câmara.

Jhonatan de Jesus tem 39 anos, e é médico e filho do senador Mecias de Jesus (Republicanos). Na eleição presidencial, está ao lado de Jair Bolsonaro.

Santa Catarina

Os catarinenses escolheram Caroline de Toni (PL) como candidata mais votada a deputada federal. Ela se reeleger com 227,6 mil votos.

Caroline de Toni é advogada, apoiadora de Jair Bolsonaro e também faz parte do grupo de políticos que ascendeu como parte da "onda conservadora" de 2018. Na eleição de quatro anos atrás, ela havia obtido109 mil votos.

São Paulo

O ativista e militante do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) Guilherme Boulos (PSOL) foi o candidato a deputado federal mais votado em São Paulo. Ele obteve 1 milhão de votos.

Boulos foi candidato a presidente em 2018. Em 2020, concorreu à prefeitura de São Paulo. Conseguiu em 2022 sua primeira vitória eleitoral. Ele está engajado na candidatura de Lula à Presidência da República.

Sergipe

O primeiro lugar em Sergipe foi para Yandra de André (União Brasil), que recebeu 131,4 mil votos. Ela é advogada e exercerá a partir do ano que vem o seu primeiro mandato eletivo.

O "de André" que acompanha o nome de Yandra não é sobrenome, e sim uma referência a seu pai, o ex-deputado federal, ex-deputado estadual e ex-prefeito André Moura, que foi também líder do governo de Michel Temer.

Yandra e Delegada Katarina (PSD) foram as primeiras mulheres da história a serem eleitas deputadas federais por Sergipe.

Tocantins

Tocantins escolheu como mais votado Toinho de Andrade (Republicanos), que conseguiu 63,8 mil votos.

Andrade exercerá a partir do ano que vem seu primeiro mandato em Brasília. Mas é um político de carreira: acumula mais de 15 anos como deputado estadual. Ele é o atual presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins. Antes de integrar o Republicanos, foi filiado ao PTB e ao PHS.

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