O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores (PT), assinou a "Carta aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito", da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Antes dele, outros postulantes ao Palácio do Planalto já tinham apoiado a iniciativa. Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe d'Ávila (Novo), Soraya Thronicke (União Brasil), José Maria Eymael (Democracia Cristã), Sofia Manzano (PCB) e Leonardo Péricles (Unidade Popular pelo Socialismo) também subscreveram o documento da USP.
O texto da Faculdade de Direito da USP cita a preocupação com os ataques contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as urnas eletrônicas. Não há referências diretas ao presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo Partido Liberal (PL), ou a outros políticos no documento. A carta também foi subscrita por ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), juristas, artistas, banqueiros, empresários, políticos, entre outros. Segundo o último balanço da universidade, o documento já recebeu 795 mil apoios.
Matéria da Gazeta do Povo mostrou que a campanha do PT já mensurava quais seriam os possíveis ganhos do ex-presidente diante das cartas da Faculdade de Direito da USP e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Nos cálculos de aliados de Lula, a campanha petista pode se beneficiar do movimento diante das críticas públicas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) às iniciativas.
Ainda de acordo com a reportagem, petistas avaliam que as declarações de Bolsonaro afastam o eleitor moderado e que Lula pode se beneficiar do chamado voto útil na reta final da campanha.
Na semana passada, o candidato do PL utilizou expressões como “sem caráter” e “cara de pau” para se referir aos apoiadores do documento da USP. “Esse pessoal que assina esse manifesto é "cara de pau", "sem caráter". Não vou falar outros adjetivos aqui porque sou uma pessoa bastante educada”, disse Bolsonaro em entrevista à Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul.
Bolsonaro também afirmou que respeita a Constituição, defende a democracia e que não precisa de “nenhuma cartinha” para isso. Em outra declaração, na qual criticou o manifesto da Fiesp, Bolsonaro disse que são os gestos que demonstram que ele é um democrata e não a assinatura de uma carta.
"Essa carta [da Fiesp] como está, você não precisa assinar. É com gestos [que se mostra que é democrata]. Não vale o outro lado assinar uma carta se todas as outras suas demonstrações vão na contramão disso. Você não precisa de uma carta para dizer isso aí. Eu, por exemplo, comprovo que sou democrata pelo que fiz. Me aponte uma só palavra minha [...] fora das quatro linhas da Constituição. Não tem", afirmou Bolsonaro ao SBT.
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