Filiado ao Podemos há apenas dois meses, o ex-ministro Sergio Moro pode deixar a sigla para concorrer ao Palácio do Planalto pelo União Brasil, partido fruto da fusão entre o DEM e o PSL. A movimentação, feita por pessoas próximas ao ex-ministro e políticos do novo partido, acontece em meio à estagnação de Moro na corrida presidencial e com o intuito de ampliar sua viabilidade política.
Levantamento do Instituto Quaest divulgado na última quarta-feira (12) mostrou Moro na terceira posição com 9% das intenções de voto. O pré-candidato está numericamente em terceiro, mas tecnicamente empatado, no limite da margem de erro (de dois pontos percentuais), com Ciro Gomes (PDT), que ficou com 5%. Nesta pesquisa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera, com 45%, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece em segundo, com 23%.
Conforme apurou a Gazeta do Povo, as negociações para uma eventual troca de partido contam com aval do presidente do União Brasil, o deputado Luciano Bivar (PE), e estão sendo feitas junto a presidente do Podemos, deputada Renata Abreu (SP). De acordo com o entorno de Moro, o União Brasil pode oferecer uma maior estrutura para a campanha presidencial, como capilaridade em diversos estados, dinheiro do fundo eleitoral e tempo de propaganda na TV.
"Parlamentares do União Brasil pediram para avaliarmos esta possibilidade de o Moro migrar para o partido, mas não temos nada concreto", admitiu Renata ao jornal O Globo. Em uma eventual troca de partido, o Podemos poderia indicar o vice na chapa e o nome da própria deputada é cotado para o posto.
Também questionado sobre essa possibilidade, Moro disse nesta quarta-feira (19) que ainda não há nada acertado. "Não tem nada concreto. Estou no Podemos”, disse o ex-ministro em entrevista à Rádio Difusora de Nortelândia-MT. Para ampliar o seu grupo político, o pré-candidato tem articulado uma composição, além do União Brasil, com integrantes do Novo e do Cidadania, por exemplo.
Debandada no Podemos acendeu alerta em grupo de Moro
Pessoas próximas ao ex-ministro admitem reservadamente que as recentes debandadas de quadros do Podemos acenderam um alerta no ex-ministro. Já houve dissidências em diretórios do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso, Paraná e Bahia. Essas baixas têm prejudicado a construção de palanques nos estados para o ex-ministro.
Recentemente, por exemplo, o presidente do Podemos no Paraná, Cesar Silvestri Filho deixou o comando da sigla para se filiar ao PSDB. Silvestri Filho pretende disputar o governo do Paraná e deve garantir palanque para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), no estado.
O grupo de Moro pleiteava ter candidatura própria no estado para garantir palanque ao ex-ministro no seu reduto eleitoral. No entanto, a cúpula do partido teria optado por apoiar a candidatura à reeleição do governador Ratinho Junior (PSD), que tende a estar ao lado do presidente Jair Bolsonaro no estado.
Apesar disso, Moro negou que a saída de Silvestri seja um possível enfraquecimento do Podemos. "Lamentável a saída dele, mas acho que temos de respeitar. Essas construções de liderança dentro dos partidos são normais. O Podemos está forte. Não é esse fato de ontem que gera o enfraquecimento do partido”, disse em entrevista à Rádio Difusora.
Com estes acenos, o grupo de Moro tem defendido que ele opte pelo União Brasil para dar mais força à sua candidatura. O partido de Bivar já vinha negociando apoio ao projeto político do ex-ministro há algum tempo, mas só deve oferecer sua estrutura partidária para a campanha caso tenha a filiação. Pelo novo partido, Moro teria cerca de R$ 1 bilhão de fundo eleitoral e palanques já construídos em ao menos 12 estados.
Negociação com o União Brasil desagrada bancada do Podemos no Paraná
Apesar das negociações, o ex-ministro Sergio Moro tem sinalizado que uma eventual troca de partido só deve ocorrer caso seja de comum acordo com o Podemos. Os aliados do pré-candidato afirmam que o movimento teria que ser calculado para não desagradar apoiadores que ele tem no atual partido.
O senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) não confirmou as negociações para mudança de partido e disse que as conversas com o União Brasil são para estabelecer um apoio do partido ao ex-ministro. " Até onde eu sei ele [Moro] vai ficar no Podemos. Estamos negociando com o União Brasil para que eles indiquem o vice na chapa presidencial", afirmou.
O assunto deve entrar na pauta da próxima reunião da Executiva Estadual do Podemos, marcada para a próxima terça-feira (25). O encontro tem como pauta a troca no comando do partido no Paraná e terá a presença, além de Oriovisto, dos senadores Alvaro Dias e Flávio Arns.
Metodologia da pesquisa citada
A pesquisa do Instituto Quaest, encomendada pelo Banco Genial, foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-00075/2022. O levantamento ouviu 2 mil eleitores entre os dias 6 e 9 de janeiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos; e o nível de confiança é de 95%.
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