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Confira o que ex-críticos e atuais apoiadores de Lula já disseram sobre o PT.
Confira o que ex-críticos e atuais apoiadores de Lula já disseram sobre o PT| Foto: Elza Fiuza/Reprodução/ Sebastião Moreira/EFE/Agência Brasil/Wilson Dias/José Cruz

“A ética do PT é roubar”. “Não existe a menor chance de aliança com o PT”. “Mensalão foi um golpe na democracia”. “Quem assistiu ao julgamento não pode em sã consciência dizer que não há provas [contra o PT]”.

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Essas são algumas frases ditas por antigos críticos das ações do PT em escândalos de corrupção e que agora, em 2022, são apoiadores da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Uma das mudanças de discurso mais surpreendentes entre os novos aliados é a do jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Confira abaixo o que já disseram alguns dos antigos desafetos do PT e o que defendem agora os novos apoiadores de Lula:

Geraldo Alckmin (PSB)

A postura do atual candidato à vice-presidência na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), talvez tenha sido o exemplo mais comentado de mudança de discurso nessas eleições. Acusador implacável no passado das ações petistas, suas falas antigas viralizaram em 2022 nas redes sociais. “Deixe que o vice de Lula te explique por que não votar em Lula”, diz a legenda de um dos vídeos.

O vídeo com a frase “se há alguém que não tem moral para falar de ética é o governo Lula”, dita por Alckmin no debate do segundo turno de 2006 da TV Bandeirantes, foi um dos mais veiculados. Outro vídeo compartilhado à exaustão é de 2018, quando Alckmin comentou os escândalos de corrupção de Lula. “Está também em suas mãos evitar que a corrupção e a roubalheira voltem a controlar o país. Evitar a volta do petrolão, evitar o fim da Lava Jato. É você que pode evitar que um preso condenado por corrupção [Lula] seja solto”, destacou em sua propaganda na TV.

Outra manifestação de Alckmin que veio à tona é de 2018, quando o ex-tucano descartou qualquer possibilidade de aliança com o PT. “Não existe a menor chance de aliança com o PT. Vou disputar e vencer o segundo turno, para recuperar os empregos que eles destruíram saqueando o Brasil. Jamais terão meu apoio para voltar à cena do crime”.

Hoje, de boné do MST, Alckmin surpreende com falas do tipo: “Que a gente possa ter um novo período com a volta do presidente Lula à Presidência”.

Ex-ministro do STF, Celso de Mello

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, classificou casos de corrupção dos governos do PT como “vergonhosos”.

“Esses vergonhosos atos de corrupção parlamentar, profundamente lesivos à dignidade do ofício legislativo e à respeitabilidade do Congresso Nacional, alimentados por transações obscuras idealizadas e implementadas em altas esferas governamentais, com o objetivo de fortalecer a base de apoio político e de sustentação legislativa no Parlamento brasileiro, devem ser condenados e punidos com o peso e o rigor das leis desta República, porque significam tentativa imoral e ilícita de manipular, criminosamente, à margem do sistema constitucional, o processo democrático, comprometendo-lhe a integridade, conspurcando-lhe a pureza e suprimindo-lhe os índices essenciais de legitimidade, que representam atributos necessários para justificar a prática honesta e o exercício regular do poder aos olhos dos cidadãos desta Nação”, afirmou o ex-ministro durante o julgamento da Ação Penal 470, na sessão plenária de 1º de outubro de 2012.

“A corrupção deforma o sentido republicano de prática política, compromete a integridade dos valores que informam e dão significado à própria ideia de República, frustra a consolidação das instituições, compromete a execução de políticas públicas em áreas sensíveis como as da saúde, da educação, da segurança pública e do próprio desenvolvimento do País, além de afetar o próprio princípio democrático”, afirmou Celso de Mello no mesmo processo.

Mesmo assim, atualmente, o ex-ministro declarou voto em Lula. “Em defesa da sacralidade da Constituição e das liberdades fundamentais, em prol da dignidade da função política e do decoro no exercício do mandato presidencial e em respeito à inviolabilidade do regime democrático, tenho uma certeza absoluta: não votarei em Jair Bolsonaro. É por tais razões que o meu voto será dado em favor de Lula no primeiro turno”, declarou o ministro aposentado no dia 28 de setembro.

Ex-Ministro do STF, Joaquim Barbosa 

Em 2 de agosto de 2012, ao ler o relatório da ação do mensalão (AP 470), o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, afirmou que os acusados, como diz a Procuradoria-Geral da República, fazem parte de uma organização criminosa sofisticada, “dividida em setores de atuação, que se estruturou profissionalmente para a prática de crimes como peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, gestão fraudulenta, além das mais diversas formas de fraude”.

O ex-ministro também destacou, na época, que “todos os graves delitos que serão imputados aos denunciados ao longo da presente peça têm início com a vitória eleitoral de 2002 do Partido dos Trabalhadores no plano nacional”. Ele evidenciou que o principal objetivo era garantir a continuidade do projeto de poder do PT, com a compra de suporte político de outros partidos e do financiamento futuro e pagamento de dívidas das próprias campanhas eleitorais.

Já em setembro deste ano, Barbosa declarou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não era um “homem sério e não serve para governar o Brasil”. No vídeo que circulou pelas redes sociais, antes do primeiro turno, o ex-ministro reforçou o apoio a Lula e defendeu a vitória do petista no primeiro turno.

Ex-ministro do STF, Carlos Ayres Britto

“Mensalão foi um golpe na democracia”, disse em 2012, o ex-ministro Ayres Britto. “Com a velha, matreira e renitente inspiração patrimonialista, um projeto de poder foi arquitetado. Não de governo, porque projeto de governo é lícito, mas um projeto de poder que vai muito além de um quadriênio quadruplicado, muito mais de continuidade administrativa. É continuísmo governamental. Golpe, portanto, nesse conteúdo da democracia, que é o republicanismo, que postula renovação dos quadros de dirigentes”.

“O problema é a forma como o PT fez isso: O que é estranhável neste caso é a formação argentária, pecuniarizada de alianças. É um estilo de coalizão excomungado pela Justiça brasileira. É lamentável, catastrófico que partidos foram açambarcados por um deles para uma aliança perene, indeterminada no tempo, no sentido de votar todo e qualquer projeto de interesse do partido hegemônico”, segundo ele.

Em setembro deste ano, por outro lado, Britto declarou voto em Lula, em sua conta no Twitter, por considerar o petista melhor do que quem “colocou sob suspeita de fraude a urna eletrônica”. “Nesta eleição presidencial já afunilada para dois candidatos, eis a pergunta central: diante de quem a democracia está certa de não sofrer o menor atentado? Resposta: de quem jamais colocou sob suspeita de fraude a urna eletrônica. No caso, Lula, que terá meu voto”.

Jurista e ex-ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior

Em entrevista à BBC Brasil em 2018, o jurista Miguel Reale Júnior afirmou que os acontecimentos que geraram o mandado de prisão de Lula estavam "dentro da normalidade e da legalidade". "O juiz Sergio Moro cumpriu uma ordem do Tribunal Regional Federal da 4ª região, apenas. Era o caminho normal do processo", disse o jurista. Ele reiterou a legitimidade da condenação do ex-presidente.

"Quem assistiu ao julgamento não pode em sã consciência dizer que não há provas. Estão dizendo que não há documento no nome dele, mas seria ridículo ele colocar o nome em uma propriedade sendo que o crime pelo qual ele é investigado é justamente 'Ocultação de Bens'. Se ele quer ocultar, por que ele colocaria o nome?", disse Reale Júnior.

Agora, contra o que chama de "obscurantismo", Reale Júnior declarou voto ao petista. "Nós queremos um país que que exista a liberdade da troca de ideias, de diversidade, de pluralidade, de criação cultura e não um país do obscurantismo, do atraso e das ideias feitas e da fake news. Nós queremos transparência. Isto que nós queremos, e isto nós vamos obter com Lula no poder, porque Lula demonstrou capacidade de governar e capacidade de conciliar. Ele irá conciliar. É isto que nós precisamos. Estarmos juntos, nos mantermos juntos. Agora e depois”.

Ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso 

Em 2006, em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, o ex-presidente da Fernando Henrique Cardoso disse que o PT agiu de forma sistemática no esquema do mensalão. Essa foi a justificava para a declaração dada à revista IstoÉ em que afirmou que “a ética do PT é roubar".

"Se fala em prática generalizada do caixa dois, o que já é questionável. O que está em discussão é outra coisa. Se trata de um fluxo de recurso muito grande, que vem de várias fontes, entre as quais, fontes oficiais – dinheiro que saiu do governo e foi utilizado fora da campanha. Isso é o coletivo, é em nome da transformação do Brasil. A ética é essa: fazem isso porque, no fundo, acham que vão mudar o país", destacou.

Também em entrevista ao GloboNews em 2015, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso frisou, na época, que o país vivia um aglomerado de crises – as afirmações foram feitas durante o período de manifestações contra o governo de Dilma Rousseff. Ele criticou também que a presidente e todo o partido dela (PT) queriam “tapar o sol com a peneira”.

Mesmo após as críticas, em outubro deste ano, em sua conta no Twitter, FHC declarou voto em Lula. “Neste segundo turno voto por uma história de luta pela democracia e inclusão social. Voto em Luiz Inácio Lula da Silva”.

Marina Silva (Rede) 

Marina Silva (Rede) afirmou, em 2018, em uma sabatina organizada pelo Globo, Valor Econômico e revista Época, acreditar que Lula é corrupto. “Ele está sendo punido por graves crimes de corrupção. Sim (eu considero que ele é corrupto)”, disse. Além disso, destacou que não se arrepende de ter apoiado o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “A população com certeza está mais reflexiva. Lula transferiu votos para Dilma (em 2010) e olha o que aconteceu: o Brasil do pleno emprego passou a ter 13 milhões de desempregados”, frisou.

“Apoiei o impeachment por convicção. Houve crime de responsabilidade. Defendi a [saída da] chapa Dilma-Temer, porque são farinha do mesmo saco, caroço do mesmo angu. Se tivesse havido nova eleição, o Brasil chegaria melhor a 2018”, afirmou a ex-ministra do Meio Ambiente no governo de Lula ao Estadão.

Já, neste ano, apesar das críticas no passado, Marina declarou apoio a Lula. “Assim, de forma crítica, independente e referenciada em diretrizes e propostas, publicamente assumidas, que considero estratégicas para mudar o Brasil, manifesto meu apoio à candidatura de Lula, por entender ser ela a que reúne as maiores e melhores condições para derrotar Bolsonaro, bem como ajudar e frear as ameaças que sua continuidade traria ao nosso país. Afirmo também meu compromisso de engajamento na campanha de Lula, desde já, na forma que julgar mais adequada”.

Jornalista Reinaldo Azevedo

“Desde sempre, afirmo neste blog que tratar o escândalo do petrolão como mera formação de cartel de empreiteiras corresponde a ignorar a natureza do jogo. Um ente de razão, um partido, tomou de assalto o estado brasileiro. É possível que ladrões sem ideologia tenham se imiscuído no sistema, mas que não se perca de vista o principal: a safadeza alimentava e alimenta um projeto de poder”, escreveu o jornalista Reinaldo Azevedo em sua coluna na Veja, em 2020.

“O Brasil está na pindaíba. Incompetência e ladroagem se juntaram contra os cofres públicos. E então cabe a pergunta: onde está Luiz Inácio Lula da Silva, aquele que recomendou que os petistas andassem, orgulhosos, de cabeça erguida?”, escreveu o jornalista.

No mesmo ano, o jornalista também escreveu uma coluna criticando o MST e também o petista. “Eis o que sobrou a Lula: defender práticas dessa natureza. Está retribuindo o apoio que o MST sempre lhe deu e ao partido, inclusive no processo de impeachment de Dilma. Ora vejam que graça: os ditos movimentos sociais partem para a prática aberta de crimes e, quando são coibidos, dizem que se trata de uma tentativa de criminalizar a esquerda… Bem, a esquerda é, por si, um crime moral. Mas não se trata disso no caso: estamos falando de pessoas que cometem crimes segundo o Código Penal mesmo”, disse. “Uma vez Lula ameaçou o país com o “exército” de João Pedro Stedile. Seria esse? Um exército de criminosos?”, completou.

Este ano, a toada sobre o petista mudou de tom e as críticas desapareceram. "Claro que isto será tomado como declaração de voto. Estou cantando e andando. Como na música, 'quem sabe de mim sou eu'. Lula não concedeu uma entrevista, mas fez uma exibição de gala. Posso discordar disso ou daquilo, mas a entrevista é dele, não minha. SEM ERROS. Enfrentou", disse no Twitter.

“Não sei se o ex-presidente Lula vai ou não ganhar a eleição. Mas uma coisa me parece certa: está fazendo as opções corretas”, também afirmou em sua coluna no UOL no começo deste ano.

Simone Tebet

No debate da Band com os presidenciáveis do 1° turno, neste ano, Simone Tebet (MDB) afirmou que "a corrupção é fruto de governos passados. A corrupção mata". Porém, já no segundo turno, Tebet não só declarou apoio ao petista como está ajudando em sua campanha.

Senador Tasso Jereissati (PSDB)

Em 2006, o senador Tasso Jereissati (PSDB) disse que as eleições de 2006 foram as mais corruptas do país, porque o governo de Lula teve irregularidades como os escândalos dos sanguessugas e do mensalão. "Estão comprando voto por intermédio das emendas", destacou, na tribuna do Senado. "Infelizmente, institucionalizou-se a corrupção neste país e virou uma verdade nessas eleições. Mensaleiros e sanguessugas serão reeleitos".

Atualmente, o senador se posicionou a favor do petista. “Minha posição é Lula. Evidente que o partido tem que discutir alguns pontos com a equipe dele, mas o que está em jogo para nós é a democracia e a democracia acima disso tudo. E esperando que Lula se comprometa com um governo de pacificação”, declarou o senador e ex-presidente do PSDB, em entrevista ao Estadão.

Aloysio Nunes Ferreira

Em 2014, na tribuna do Senado, Aloysio Nunes Ferreira, que já foi senador e também ocupou o cargo de ministro das Relações Exteriores do governo de Michel Temer, fez críticas ao governo do PT. “Não nos interessa saber a cor do papel higiênico que se usa nos palácios. Mas eu lhe digo que nem todo papel higiênico do mundo seria capaz de limpar a sujeira que fizeram na Petrobras nesses últimos 12 anos”, frisou.

“E a base do governo continua agindo como se estivesse tudo bem: nada viu, nada acontece, está tudo normal. Aí vem Lula, na sua condição de totem dessa religião idólatra em que se transformou o PT, lançar suas bênçãos sobre a história recente do país”. Ainda complementou: “Outra pérola de Lula em seu discurso foi dizer que a indignação contra a corrupção é coisa da direita. Como se fosse de esquerda roubar dinheiro público”.

Já neste ano, ele afirmou que não existia possibilidade de uma terceira via e, por isso, iria apoiar o petista. “O segundo turno já começou e eu não só voto no Lula como vou fazer campanha para ele no primeiro turno”, declarou.

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