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Joni Correia é candidato pelo Democracia Cristã ao goveno do Paraná.| Foto: Reprodução/RPCTV

Dizendo-se o único candidato de direita nas eleições para o Governo do Paraná, Joni Correia (DC) busca o eleitor do presidente Jair Bolsonaro (PL), mesmo tendo Eymael como candidato a presidente de seu partido. Em entrevista à Gazeta do Povo, Correia diz que a aliança entre Bolsonaro e o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) se dá por conveniência política, mas diz que suas ideias são as que melhor representam os princípios conservadores no estado.

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Meritocracia na educação, estatização do pedágio e aumento do efetivo na segurança pública são as diretrizes do programa do candidato, que pretende transformar o Paraná no "estado mais armado do mundo".

Por que o senhor é candidato ao governo do Paraná?

Hoje eu tenho uma empresa de consultoria. Eu tenho uma corretora de seguros também. Eu viajo bastante, atendo empresas em várias regiões do país. Numa dessas consultorias, eu estava em Chapecó e na, frente dessa empresa tem a Polícia Federal. Lá, um senhor que aparentava uns 55 anos estava chorando de uma maneira doída. Eu me comovi com aquilo, fui conversar com ele e ele só me disse: “quando eu podia ter feito alguma coisa, eu não fiz nada”. Ele havia acabado de chegar da Venezuela e estava indo ali na Polícia Federal para acertar sua documentação para conseguir um emprego nos abatedouros da região oeste de Santa Catarina. E, até de uma maneira egoísta, a primeira coisa que penseis foi: “eu não posso deixar acontecer algo assim comigo e com a minha família”. No outro dia, fui para uma reunião em São Paulo e, quando já estava lá, ela foi cancelada. Mas aí, neste mesmo dia, o secretário-geral do Democracia Cristã nacional me ligou, perguntando quando a gente poderia conversar pessoalmente. Fui na hora, em 45 minutos estava sentado com ele e com o presidente do partido. E a proposta era pra eu assumir a presidência estadual, fazer uma limpa, pois tínhamos municípios em que o partido estava com o PT e organizar o partido para as eleições, montar as chapas. Trocamos toda a executiva, fizemos filiações e a coisa tomou corpo. Conseguimos montar chapas concisas de deputados, mas, nessas andanças pelo interior também ficou claro que ninguém quer saber do atual governo, mas tem um medo terrível daquele que quer voltar. Precisávamos de um candidato a governador. Buscamos várias lideranças, mas, sem dinheiro, sem estrutura, sem tempo de TV, ninguém topou. Aí, o partido falou que tinha que ser eu. E lembrei do senhor de Chapecó, entendendo ser a hora de eu fazer o que precisa ser feito. E essa coisa cresceu demais e, hoje, eu tenho certeza que, pela família paranaense, nós vamos para o segundo turno. Tem muitas pessoas vinculando com a questão do Bolsonaro, por não entender o que o Bolsonaro faz com o Ratinho, ou sabendo que é só por causa de uma questão partidária e, também por causa do pai, que tem certa influência no meio de comunicação. Mas essa é direita do Paraná? Toda essa direita está vindo porque eu sou o único candidato a governador de direita. O atual governador sempre foi isso aí. Já esteve do lado do PT, já fez campanha vinculado à Dilma. Só está com Bolsonaro agora por um grande acordo eleitoreiro. Na pandemia, por exemplo, a Secretaria de Saúde fechou o estado todo, contrariando as orientações do presidente Bolsonaro. E era um secretário que foi filiado ao PT, vinculado diretamente ao Lula.

Nos debates, quando os adversários dirigiam ao senhor críticas ao presidente Jair Bolsonaro, o senhor citava que o senhor não tinha nada a ver com Jair Bolsonaro e que o seu candidato a presidente é o Eymael, que é do seu partido. Mas, agora, o senhor diz que quer conquistar o voto bolsonarista no Paraná, que é o real candidato da direita. Como fica essa situação partidária?

O Eymael é um senhor com conhecimento técnico espetacular. Eu me dou muito, mas, muito bem com ele. E lá atrás ele não seria candidato. Decidiu no último instante. Mas eu sempre ajudei o presidente (Bolsonaro). Se você procurar no meu Facebook, lá atrás, todo tempo tem as postagens, coisas do direcionamento, junto com a maioria das posições do presidente Jair Bolsonaro. As pessoas têm feito esse vínculo e eu vejo vários carros com o adesivo do presidente e com o nosso adesivo também. Eu tenho certeza que ele gostaria muito de estar conosco, porque sabe que a nossa pauta é a mesma. Mas, como eu disse, eu tenho a fidelidade com o meu partido. Às vezes isso prejudica um pouco, porque as pessoas que lhe chamam são Bolsonaro. Mas, também aconteceu o contrário. Pessoas de direita, que dizem não votar no Bolsonaro, por discordarem da postura dele e, aí, eu indico o Eymael.

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O país está marcado por uma divisão, que muitos candidatos insistem em reforçar. Quando o senhor fala, em seu programa, que vai governar para o “cidadão de bem”, para o “que tem princípios cristãos”, está excluindo das ações de seu governo pessoas com pensamentos diferentes? Ou, então, como o senhor pretende que, depois de eleito, o cidadão de esquerda possa passar a apoiar seu governo?

Mas, na verdade, muitos eleitores de esquerda nem sabe que são de esquerda. A gente tem conversado com as pessoas: “Você gostaria que sua filha de cinco anos, seis anos, frequentasse o banheiro do rapazinho de 14, 15 anos no colégio?”. “Pelo amor de Deus, minha filha, não!” “Você gostaria que a professora do seu filho falasse ‘todes’, ‘migues’ e ensinasse essa linguagem para o seu filho adolescente?” “Não, de maneira nenhuma”. “Você gostaria que um professor pegasse colocasse um vídeo de um ex-presidiário que foi condenado, colocando como referência para o seu filho adolescente na sala de aula?” “De jeito nenhum”. “Então, você não é de esquerda”. Fizeram uma lavagem cerebral com todo mundo, aos poucos. O desfile militar foi saindo e foi entrando a marcha da Vadia. A educação moral e cívica foi tirada dos adolescentes, que foram entrar na marcha da maconha. Então, para esses vagabundos, a força da lei. Para família de bem, é tudo o que a lei pode estar beneficiando. Nós vamos separar não quem é de esquerda e de direita, mas quem é de bem e pessoas do mal, que são esses vagabundos que roubam o celular só para tomar uma cervejinha. São essas pessoas que que fazem mal a uma mulher, a uma adolescente, porque não tem iluminação pública e porque ela não pode andar armada. E eu tenho falado isso. É um assunto polêmico, mas nós vamos fazer do Paraná o Estado mais armado do mundo, vamos trazer empresas armamentistas e de munição para dentro do Paraná. Espero que o presidente se reeleja, mas se isso não acontecer, o Paraná será a “arca de Noé” dos bons princípios e dos bons costumes, da família para homens de bem.

O próximo governador do Paraná vai precisar lidar com a implantação do novo pedágio no estado. O senhor já se declarou contra o modelo que tramita, hoje, no Tribunal de Contas. Mas ele está pronto para ser licitado, o que pode ocorrer ainda esse ano. O senhor revogaria tudo o que foi feito até agora? Como seria sua gestão no pedágio?

A revogação de tudo isso a gente tem que ver com a Procuradoria do Estado, com os advogados que já estão nos auxiliando na campanha. Mas eu tenho falado que até o nome “pedágio” nós vamos tirar da mente do paranaense. O pedágio para ir para São Paulo, em Campina Grande do Sul, dentro do Paraná, é R$ 3,40, e o para Paranaguá estava chegando a R$ 30,00. Foram os acordões, os aditivos, as milionárias doações de campanha dessas empresas que levaram a essa situação. Nós vamos criar uma estatal para isso. Vamos colocar a tag de freeflow nos veículos dos paranaenses e ele vai pagar ao Estado pela quilometragem de rodovia que percorreu no mês. Com esse dinheiro, vamos contratar, por serviço prestado, a manutenção, o socorro médico, a assistência mecânica e eventuais obras de reparação. E aí fica a pergunta: e a construção e duplicação das rodovias?  Nós vamos utilizar o dinheiro do governo, que tem muito, inclusive com uma alta inadimplência, além da fuga de contribuintes. As pessoas, principalmente com alto poder aquisitivo, estão emplacando seus carros em Santa Catarina, onde o IPVA é mais barato. Essa estruturação que fizeram desse pedágio é uma coisa criminosa. E o abandono para passarmos a eleição com a sensação que “o pedágio acabou” está custando vidas, com os acidentes nas praças de pedágio mal sinalizadas e a degradação das rodovias. Mas temos que cuidar das rodovias que estão fora deste programa de concessões também. Eu fui agora de Palmas a União da Vitória, é surreal. No Paraná, não estamos na Amazônia. Nós vamos agir energicamente. Eu vou ter que sentar e conversar com qualquer presidente que esteja à frente do nosso país. E quando isso ocorrer, se não for alguém aliado diretamente com o nosso país, os nossos valores, essa pessoa terá, sim, o reconhecimento que aquele recurso veio do governo federal, que é uma parceria com o governo do Estado, e não como o atual governo que escondeu tudo o que vem do governo federal e, agora, no momento político, vale a pena falar, até constrangendo o presidente.

O senhor foi o único dos nove candidatos que se posicionou contrário a essa questão da câmera nos uniformes dos policiais. Mas isso não daria até uma salvaguarda para o policial, que às vezes é acusado de excesso de violência, de abuso de autoridade e se ele estivesse filmando a situação, ele provaria por que teve que agir de cada maneira?

Se você pegar só o real número real da segurança pública de São Paulo que fez já isso, você vai ver que a criminalidade aumentou. Os policiais do Paraná estão batendo carro de madrugada porque estão sem dormir, porque eles têm que andar 200 quilômetros para fazer um flagrante. Mais de 100 cidades no Paraná, hoje, não têm segurança pública alguma. Eles têm que passar nessas cidades a sirene ligada e dar uma volta para dar uma sensação de segurança para a população. A falta de contingente é gigantesca. Eu tenho ido a alguns batalhões, tem três, quatro carros lá no fundo e tem só um policial. E se algum vagabundo roubar um botijão de gás, esse policial tem que prender essa pessoa e levar numa cidade que fica a 68 quilômetros de distância e essa cidade fica mais de três horas desguarnecida sem nenhum policiamento. Então não precisa nem metralhar o batalhão, como fizeram em Guarapuava. Então, há investimentos muito mais urgentes a serem feito na Segurança Pública que a instalação dessas câmeras. Quando nós assumirmos, a primeira coisa que nós vamos fazer é contratar efetivo, não tem outra coisa para fazer. Nós temos hoje, hoje no Paraná, neste exato momento, se pegarmos a escala, 2 mil policiais trabalhando. Isto não é nada. Não é possível um secretário de Segurança que não estava de acordo com os anseios da população do Paraná, demorar três anos e meio para deixar a cadeira. E foi isso que aconteceu no nosso Estado. Não vamos colocar câmera para tentar inibir a ação de um policial. Vamos colocar câmeras nos paletós dos deputados, dos secretários de estado para monitorar a conduta deles 24 horas por dia.

Na educação, o governo do Paraná investiu bastante na questão das escolas cívico militares. Houve até problemas que criou se mais escolas, do que o número de militares dispostos a trabalhar nessas escolas. O governo também terceirizou diversos processos na educação. São decisões que o aproximam dos princípios de direita. O senhor manterá essa política para a educação?

Mas [pra que] contratar universidade particular para atuar no ensino profissionalizante quando temos várias universidades estaduais, qualificando centenas de professores que poderiam dar sua contrapartida ao estado nesta atuação, mas acabam indo pegar bolsas no exterior. Não dá para fazer isso com o dinheiro público. E volto a falar das polícias. Cheio de problemas, estamos comprando motos BMW para a corporação, quando elas sequer são adequadas para o serviço. Se você pegar o número de viaturas da polícia subiu e o número de efetivo não. Não precisa ser PhD em segurança pública para entender o que está acontecendo agora.

A educação pública do Estado é meritocracia. Assim, tanto para o professor como para o aluno. Tem escola, hoje, que o aluno vai quando quer, porque não pode ser reprovado, faz a prova quando quer. E depois tem uma outra prova de recuperação. E o professor não pode dar nota menor que 60% depois para aprovar esse aluno, então esse professor perdeu toda a autoridade e a autoestima dele. O governo do Estado está deixando as pessoas doentes. Várias centenas dessas desses professores estão ficando doentes. Nós vamos recuperar a autoestima dos professores. Esse tipo de coisa de dia de aluno mandar em sala de aula acabou. Aluno que não tem nota, vai reprovar. Estão criando uma, uma juventude imbecil que não sabe ler e que não sabe escrever, que é um analfabeto funcional. Vamos ter que reavaliar em todo o Estado, motivar os professores, pagar a data-base. Tem muita gente boa na escola pública, mas muita adolescente querendo se desenvolver, querendo crescer, querendo e apoio. Mas o governo, com essa metodologia, joga contra. Muitas pessoas não gostam disso, mas vai acabar a moleza também. Vai ter cobrança. Nós vamos estar em cima, tanto dos professores como dos alunos.

Candidato, estamos encerrando. Queria te dar, agora, um minuto, mas para o senhor dizer por que o paranaense deve votar em Joni Correia para governador.

Hoje nós somos a opção sólida de direita. Quem for de direita, com esse pensamento conservador, eu sou o único candidato de direita. É preciso saber que que eu não fiz nenhum acordo com grandes grupos políticos, empresariais para ter toda a liberdade de ajudar única e exclusivamente a família de bem paranaense. Deus tem colocado na minha vida, principalmente, nesse período, pessoas maravilhosas nesse caminho. Eu tenho convidado cada vez mais pessoas para fazer parte desse caminho, o caminho que nos levará muito além da nossa vitória, da vitória da família de bem paranaense. É isso que desejo para todas as pessoas que tenham esses valores cristãos e que tenham Deus no coração e prezem pela sua família, em primeiro lugar.

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