A Gazeta do Povo está publicando uma série de entrevistas com os candidatos que nas eleições de 2022 disputam a cadeira do Paraná no Senado Federal. Foram feitas as mesmas sete perguntas a todos os concorrentes, que puderam responder por escrito, dentro de um limite máximo de caracteres previamente informado aos candidatos. Entre os 10 candidatos, apenas Alvaro Dias (PODE) não participa da série – o candidato alegou falta de tempo para responder às questões. Logo abaixo, confira as respostas do candidato do Psol, Laerson Matias:
1 - Os últimos anos foram marcados por conflitos na relação entre os Três Poderes. Há queixa de interferência do Judiciário no Legislativo e no Executivo, de interferência do Executivo no Legislativo e de interferência do Legislativo no Executivo. Na sua visão, quais ajustes seriam necessários para garantir a independência entre os Três Poderes, sem prejuízos à democracia?
O caminho mais rápido para resgatar o país e o orçamento público é pela eleição livre sem interferência. E a forma mais eficiente de alcançar esse objetivo é eleger Lula já no primeiro turno. O Brasil foi desestabilizado pelas ações do Bolsonaro, um projeto de desgoverno, de desregulamentação total de leis e normas. Estes conflitos têm ocorrido porque convivemos com ameaças constantes de golpe, de envolver as forças armadas, romper com a legalidade e o estado democrático de direito, com ataques às instituições, ao judiciário, aos órgãos fiscalizadores, à imprensa. O judiciário é instado constantemente a aplicar a Constituição frente a tantas violações e crimes de responsabilidade cometidos pelo Presidente da República.
2 - Como o senhor vê o “orçamento secreto”?
O orçamento secreto é uma das maiores aberrações políticas já vividas por esse país, uma ilegalidade evidente. É o roubo institucionalizado, corrupção andando solta e sem fiscalização. É o resultado das trapaças de Bolsonaro, que não respeita a legalidade institucional. E o judiciário sob ataque não tem força de impedir isso. Estão se esbaldando num orçamento que já consome 16 bilhões. E tudo escondido da população. Bolsonaro não tem mais comando sobre o orçamento. Um grupo liderado por Paulo Guedes e o Deputado Lira sequestraram totalmente o orçamento do país. Ali passam todas as boiadas.
3 - Como o senhor se posiciona em relação a privatizações de estatais?
Não há razão nenhuma para privatizar estatais e empresas públicas. As estatais cumprem um papel importante, como faz o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e os Correios, que garantem serviços do Oiapoque ao Chuí. Temos visto a importância da Petrobras no controle dos combustíveis. Até recentemente estávamos submetidos aos preços de mercado para os combustíveis e ninguém suportava mais os preços. O preço do diesel tem sufocando a economia e implicado em carestia de vida. Os trabalhadores brasileiros estão sendo humilhados nos corredores dos mercados, buscando produtos de baixa qualidade e reduzindo o consumo básico. Eu sou defensor das estatais, das universidades públicas, das empresas públicas.
4 - Em junho, o plenário do Senado aprovou projeto de lei complementar que fixou um teto de 17% do ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e serviços de telecomunicações e de transporte público. O texto recebeu críticas de governadores estaduais, inclusive do Paraná, já que o ICMS é a principal fonte de arrecadação estadual. Como o senhor se posiciona sobre o tema?
A questão tributária é a maior injustiça do Brasil. É preciso tributar os dividendos e lucros, não o consumo. Essa será uma das minhas propostas no Senado, tributar fortunas ao invés de comida. A tributação sobre o consumo tira sempre mais das pessoas de menor poder aquisitivo. A população que recebe até 2 salários mínimos gasta 50% da sua renda com impostos. E essa população representa 70% dos brasileiros. A redução do ICMS nos combustíveis não atingiu essas pessoas, só os 30% que ganham acima desse valor. Não impactou no custo de vida, para comprar o básico. Retirar imposto para conseguir votos, sem outra fonte, atinge somente as pessoas mais pobres, pois tirou dinheiro da educação.
5 - Quais são as principais bandeiras da sua candidatura e por que busca a cadeira do Paraná no Senado?
É hora do Paraná ter uma representação popular e dos trabalhadores em Brasília. Nós legislaremos por uma reforma tributária que tire a carga de quem ganha até 2 salários mínimos e tribute lucros e dividendos. Pela mudança da matriz produtiva no campo brasileiro, pois somente uma produção de alimentos agroecológica, sem uso de químicos e venenos, produzirá alimento de qualidade. É preciso manter o auxílio de R$ 600, até que seja extinta a miséria no país. Defendemos auditoria permanente da dívida pública. 50% de tudo que pagamos de impostos vai para pagar dívidas e elas só aumentam. Precisamos também federalizar a educação. Educação é projeto de nação e deve ser igual para todos.
6 - Qual a candidatura à presidência da República que o senhor apoia e por quê?
O PSOL desta vez não tem candidatura própria para Presidência. Foi uma decisão no sentido de unir as forças democráticas para tirar o fascismo do poder. Assim, apoiamos Lula já no primeiro turno para o país voltar ao seu caminho de futuro, progresso, distribuição de renda, respeito às instituições e ao povo brasileiro. O programa do governo Lula, de combater a fome e a carestia de vida nos move. São 33 milhões de brasileiros passando fome e outros milhões em insegurança alimentar. O Brasil não merece um presidente que toda semana se envolve em algum barraco, ofende alguém, distribui armas sem critério, desrespeita outras nações, agride e ofende o Judiciário, enquanto é refém da banda podre do Congresso Nacional.
7 - Qual a candidatura ao governo do Paraná que o senhor apoia e por quê?
Nosso partido, em conjunto com a Rede Sustentabilidade, unidos numa Federação, apresentamos a candidatura da Professora Ângela. Uma professora da rede pública de ensino. Juntamos nossas forças e construímos um belo programa de governo para o Paraná. Estamos firmes na campanha e, principalmente, conversando com a juventude. É preciso que o Paraná experimente alternativas de governar que sejam mais modernas, com participação de negros, negras, mulheres, LGBTQIAP+, juventude e periferias. Essa é nossa tarefa. O PSOL é um partido atualizado, que encanta a juventude. A Professora Ângela carrega nossa bandeira para o governo do Estado.
Leia Também:
- Sete perguntas à candidata ao Senado pelo Pros: Aline Sleutjes
- Sete perguntas à candidata ao Senado pelo PDT: Desiree Salgado
- Sete perguntas para o candidato ao Senado pelo PMN: Dr. Carlos Saboia
Bolsonaro “planejou, dirigiu e executou” atos para consumar golpe de Estado, diz PF
PF acusa Braga Netto de pressionar comandantes sobre suposta tentativa de golpe
Governadores do Sul e Sudeste apostam contra PEC de Lula para segurança ao formalizar Cosud
Congresso segue com o poder nas emendas parlamentares; ouça o podcast
Deixe sua opinião