No início desta semana, uma resolução do PT (Partido dos Trabalhadores) do Rio de Janeiro anunciou a implosão de uma aliança da esquerda no estado. Em um texto com tom agressivo, o diretório estadual da legenda deixava claro que não era mais possível manter o apoio à candidatura de Marcelo Freixo (PSB) ao governo estadual.
O motivo não é o próprio Freixo, mas sim um de seus companheiros de partido: Alessandro Molon, deputado federal e presidente do PSB no estado. Molon deseja concorrer ao Senado e não aceita se retirar da disputa.
O PT, por outro lado, defende que a coligação tenha um candidato único à cadeira: o deputado estadual André Ceciliano, que hoje é presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Apesar de ser do PT, Ceciliano é visto como um aliado de Cláudio Castro (PL), atual governador do Rio que busca a reeleição e tem o apoio de Jair Bolsonaro (PL). O petista tem, inclusive, participado de eventos com Castro e outros políticos de direita, o que aumenta a resistência de parte da esquerda ao seu nome.
Molon é "egoísta e aventureiro", diz PT
Na resolução, o PT afirma que Molon está descumprindo um acordo feito com o próprio Freixo. "[Isso] nos dividiu, com parte da esquerda atacando o nosso companheiro André, em uma campanha sórdida nas redes, como não se via faz anos". O partido também classificou a candidatura de Molon como "aventureira".
No Twitter, João Maurício chamou de "egoísta" a postura do presidente do PSB. “Infelizmente, o que vimos foi uma posição egoísta, divisionista e isolada do deputado federal Alessandro Molon, que está rompendo a maior aliança da esquerda do estado do Rio de Janeiro nos últimos 30 anos”, escreveu.
Em nota ao jornal O Globo, Molon disse que não cogita sair da disputa. “Nossa pré-candidatura já tem o apoio de quatro partidos – PSB, Psol, Rede e Cidadania. Mais uma vez reafirmo: não fiz e não participei de qualquer acordo para ceder ao PT a vaga para o Senado. Temos o dever de derrotar o bolsonarismo no Rio. Isso é o mais importante e é em torno disso que a unidade do campo democrático deve ser construída”, diz o texto.
Lula e Haddad defendem Freixo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já declarou que seu apoio vai para Freixo. “Não tenho nada contra ninguém, mas é importante ficar claro para os eleitores que vão votar no Lula que é importante votar no Freixo”, afirmou o petista em um ato no Rio, no mês passado.
Fernando Haddad (PT), que concorre ao governo de São Paulo, disse na quarta-feira (3) que vê o rompimento “com preocupação”. “Temos grande condição de ganhar a eleição no Rio de Janeiro. Temos um candidato que, se não é o líder, está próximo do líder, uma figura louvável”, afirmou, referindo-se a Freixo.
Pesquisa eleitoral divulgada pelo Ipec no dia 21 de julho (veja metodologia abaixo) mostrava empate técnico entre Castro (19%) e Freixo (13%). Na disputa para o Senado, Ceciliano tem 4%, e Molon, 9%. Quem lidera é Romário (PL), com 30% das intenções de voto.
PT nacional pressiona por desistência de Molon
A executiva nacional do PT (Partido dos Trabalhadores) adiou para sexta-feira (5) uma reunião, anteriormente marcada para esta quinta (4), para discutir a situação da legenda no Rio de Janeiro. O horário do encontro ainda não foi definido. Os partidos têm até esta sexta-feira para realizar convenções partidárias e definir apoios aos candidatos.
Um dos motivos para o adiamento foi a decisão da cúpula do PSB, que nesta quarta-feira decidiu cortar o repasse de recursos do fundo eleitoral para Molon a fim de pressionar o pessebista a retirar sua candidatura ao Senado.
Diante disso, o vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá – que encabeçou o movimento para a retirada do apoio petista à candidatura de Freixo – recuou do pedido de rompimento. Quaquá, que é ex-prefeito de Maricá, defende que o partido busque alianças com mais partidos para ampliar o palanque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Rio de Janeiro.
"As últimas divergências ocorridas em relação ao acordo feito e descumprido pelo PSB não podem prejudicar o principal. Por isso encaminho a direção nacional do PT a retirada de meu recurso e solicito que seja dada a orientação para a militância e que mesmo tendo dado o apoio formal do PT à chapa do PSB, que se busque ao máximo ampliar o palanque do presidente Lula, no Estado, ampliando nossa campanha e isolando o Bolsonarismo", afirma Quaquá em nova proposta apresentada à executiva nacional no PT.
Em nota encaminhada à Gazeta do Povo, a executiva nacional do PT afirma que tem compromisso "com uma aliança nacional em torno da chapa Lula-Alckmin", que inclui PSB, PCdoB, PV, Psol, Solidariedade e Rede. A legenda diz, ainda, que espera que a direção do PSB "confirme o cumprimento do acordo político" estabelecido no Rio.
"Esta coligação nacional orienta nossas alianças regionais, por isso reafirmamos a nossa disposição de construir um grande palanque no estado do Rio de Janeiro, com Marcelo Freixo governador e André Ceciliano senador, dando unidade e potência ao nosso campo político", diz o texto, assinado pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e pelo vice-presidente da legenda, José Guimarães.
Uma das possibilidades é de que o PT do Rio de Janeiro faça uma coligação estadual com o PDT, partido de Ciro Gomes. Quem concorre ao Executivo carioca pelo PDT é Rodrigo Neves.
Metodologia da pesquisa citada
A pesquisa eleitoral divulgada pelo Ipec entrevistou 1.008 pessoas presencialmente, entre os dias 16 e 19 de julho. A margem de erro do levantamento é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%, sob o registro na Justiça Eleitoral com o número RJ-08610/2022.
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