Os principais candidatos a presidente vão dar, na campanha eleitoral, papéis estratégicos e de destaque àqueles que escolheram para vice – cargo muitas vezes visto como "decorativo".
Disputando reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) escalou o ex-ministro e militar Walter Braga Netto (PL), nome que já vinha atuando no núcleo de campanha há pelo menos três meses. A composição com Braga Netto reedita o modelo da chapa de 2018, quando Bolsonaro concorreu ao lado do general Hamilton Mourão (Republicanos). Aliados do centrão chegaram a trabalhar para que um nome político fosse indicado, o que foi descartado pelo presidente.
Braga Netto é tido como um dos nomes de confiança de Bolsonaro. O presidente disse que a escolha foi decidida para evitar um vice que conspire contra ele. "O vice não pode ser pessoa que conspire contra você", disse Bolsonaro durante a convenção do PL.
Braga Netto teve papel de destaque na construção do plano de governo para o segundo mandato. Ele também tem participado de reuniões com o marqueteiro Duda Lima no intuito de alinhar o discurso junto ao senador Flávio Bolsonaro (PL), um dos coordenadores da campanha.
O candidato a vice também já se prepara para rodar o país a partir da semana que vem, quando oficialmente a campanha começa. O objetivo, segundo integrantes do núcleo de campanha, é que Braga Netto passe a fazer mais declarações públicas e participe de atos como forma de se tornar mais conhecido do eleitorado.
A expectativa é de que as agendas de Braga Netto se concentrem nos estados do Sudeste, região com o maior número de eleitores do país. Recentemente, por exemplo, Braga Netto esteve em Minas Gerais para uma série de agendas de pré-campanha. O militar participou de uma motociata, se encontrou com mais de 50 prefeitos na Associação Mineira de Municípios e conversou com empresário na Câmara de Dirigentes Lojistas do de Belo Horizonte.
Além disso, como a Gazeta do Povo mostrou, Braga Netto também foi escalado por Bolsonaro para fazer interlocução com empresários em todo o país.
Vice de Lula, Alckmin tenta atrair eleitorado crítico ao PT
Indicado como vice na chapa de Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) foi escalado para atrair eleitores críticos ao PT. De acordo com integrantes da campanha, essa será a segunda fase da estratégia petista, que inicialmente fez diversos atos conjuntos entre Lula e Alckmin como forma de mostrar unidade da chapa.
Alckmin é visto dentro da campanha de Lula como um trunfo para atrair eleitores de algumas regiões específicas do país, em segmentos religiosos e em determinados setores do empresariado.
Em São Paulo, estado que governou por 12 anos, Alckmin vai em busca de eleitores do interior, onde o PT enfrenta dificuldades. O ex-governador vai focar em cidades médias e pequenas, com menos de 80 mil habitantes. A avaliação é de que a presença de Alckmin pode suavizar a imagem de Lula e ajudar a reduzir a vantagem de Bolsonaro. Levantamento mais recente do instituto Paraná Pesquisas mostrou o presidente Bolsonaro com 40,1% das intenções de voto em São Paulo, contra 36,2% do ex-presidente petista.
Alckmin também deve cumprir agendas em estados do Sul e do Centro-Oeste para conversar com representantes do agronegócio, segmento próximo de Bolsonaro. No Mato Grosso, por exemplo, Alckmin pretende se reunir com empresários do setor para apresentar propostas focadas aumento da produção com a oferta de juros mais baixos; investimento em novas tecnologias; e reaproximação do Brasil de parceiros como a China.
O encontro está sendo costurado pelo candidato ao senado Neri Geller (PP-MT) e pelo senador Carlos Fávaro (PSD-MT). A dupla tem trabalhado junto a Alckmin na região para reduzir as resistências do setor ao nome de Lula. Recentemente, uma nota divulgada pelo Sindicato Rural de Primavera do Leste e assinada por outros 13 sindicatos do estado repudiou a aproximação dos políticos com o ex-presidente.
Em outra frente, Alckmin, que é católico praticante, também busca interlocução com grupos religiosos cristãos. O ex-governador tem mantido encontros com pastores de diversas denominações evangélicas em reuniões privadas na sede do diretório do PSB em São Paulo.
Ciro Gomes e Tebet escolhem mulheres como vice de suas chapas
Já na chamada terceira via, os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e a senadora Simone Tebet (MDB) escolheram mulheres para compor a chapa.
Vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos (PDT), foi confirmada como vice de Ciro Gomes na última sexta-feira (5). Ciro tentava atrair outros partidos para sua chapa. Contudo, não conseguiu a adesão até o prazo final das convenções partidárias.
Ana Paula Matos tem 44 anos é advogada, professora e é servidora concursada da Petrobras. De acordo com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, o perfil da pedetista foi decisivo para a escolha. "A gente foi somando muita coisa: funcionária da Petrobras e mulher negra", afirmou Lupi.
Na mesma linha, Ciro Gomes afirmou que a indicação faz parte da estratégia de tornar o "governo feminino". "Neste momento, ela [Ana Paula] vem pra preencher uma vaga nessa estratégia nossa que desvenda, de uma vez por todas, aquilo de que se trata as eleições nacionais agora. Ana Paula vem para me ajudar a coordenar o programa de governo, pra circular o país representando uma enorme fidelidade por si mesma e pela estreita confiança que eu tenho na capacidade que ela tem, mas vem especialmente para me ajudar a fazer do meu governo um governo feminino", afirmou Ciro Gomes.
Já a senadora Simone Tebet optou por compor uma chapa totalmente feminina ao indicar a também senadora Mara Gabrilli (PSDB) como vice. Tetraplégica por conta de um acidente de carro sofrido quando tinha 21 anos, Gabrilli milita em prol dos direitos das pessoas com deficiência, o que lhe rendeu um cargo no Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU).
Na avaliação de Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB, o objetivo da chapa é atrair eleitores que não estão contentes com a polarização entre Bolsonaro e Lula. "Quem sabe com a confirmação de Mara Gabrilli seja aberta uma janela para milhões de eleitores buscarem uma alternativa que possa levar a eleição ao segundo turno e abrir um espaço novo de discussão que não seja essa radicalização que faz mal à entrega do que a população de fato precisa", disse Araújo.
Metodologia da pesquisa citada na reportagem
O levantamento do instituto Paraná Pesquisas, encomendado pela BGC Liquidez Distribuidora de Títulos Mobiliários Ltda, entrevistou pessoalmente 1.880 eleitores em 75 municípios do estado de São Paulo entre os dias 25 e 28 de julho de 2022. A margem de erro é de 2,3 pontos percentuais e o nível de confiança atinge 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-03035/2022.
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