O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou nesta terça-feira (8) a criação do União Brasil, partido que nasce da fusão entre PSL e DEM. A nova agremiação iniciará sua trajetória como a maior do Congresso, com 81 deputados federais e três senadores. Também contará com três governadores (de Rondônia, Goiás e Mato Grosso) e três prefeitos de capital. Outro indicativo que coloca o novo partido entre os gigantes é sua condição financeira. O União Brasil terá à disposição cerca de R$ 800 milhões de fundo eleitoral para a disputa de outubro.
A confirmação do registro foi feita com aprovação por unanimidade por parte dos membros do TSE. O relator do caso, ministro Luiz Edson Fachin, disse que o processo de consolidação do União Brasil "cumpria os requisitos necessários para a fusão de partidos".
Fachin também propôs, o que foi aceito pelos demais integrantes da Corte Eleitoral, que os votos recebidos por DEM e PSL na eleição de 2018 sejam somados para serem computados como registros do União Brasil. A votação para a Câmara dos Deputados é o que indica o tamanho do fundo partidário e o tempo de propaganda partidária em cadeias de rádio e TV.
O tamanho atual do União Brasil, porém, não será mantido. O partido deverá passar por um processo de desidratação e, mesmo entre os que continuarão na sigla, há diferentes alas já posicionadas.
A saída em massa ocorrerá por parte dos parlamentares que hoje são filiados ao PSL e permanecem como apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. O chefe do Executivo se elegeu pelo partido em 2018 e, no ano seguinte, rompeu com a legenda. As regras de fidelidade partidária impediram que os deputados federais deixassem a agremiação, sob pena de perderem o mandato.
A expectativa é que o PL, partido atual de Bolsonaro, os receba. A relação inclui deputados como Carla Zambelli (SP), Bibo Nunes (RS), Júnio Amaral (MG) e o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (SP). No total, espera-se a saída de cerca de 20 congressistas.
Já a divisão entre os membros remanescentes do partido também tem Bolsonaro como um dos seus fatores causadores, ainda que de forma indireta. O União Brasil não terá, a princípio, posição fechada para a eleição presidencial de outubro. A agremiação reunirá lideranças que permanecerão ao lado do presidente, como o governador de Rondônia, Marcos Rocha, e o senador Márcio Bittar (AC); ex-bolsonaristas que se tornaram críticos, como os deputados federais Junior Bozzella (SP) e Luciano Bivar (PE); e lideranças que nunca estiveram formalmente ao lado do presidente, como o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, que será o secretário-geral da nova legenda.
Bivar, que atualmente comanda o PSL, será o presidente do novo partido. Parte dos que não apoiam Bolsonaro defende que o União esteja ao lado da pré-candidatura do ex-ministro Sergio Moro, atualmente filiado ao Podemos.
"O nome já diz tudo: partido. Se não fosse assim, seria unido. É uma situação complexa, mas acredito que todos os partidos têm enfrentado essa dificuldade", minimiza o deputado Bozzella. O deputado é um dos líderes da corrente do partido que defende o apoio a Moro. O parlamentar disse estar empenhado não apenas em ser aliado da candidatura, mas em trazer Moro ao União Brasil. O ex-ministro se filiou ao Podemos em novembro.
Segundo Bozzella, a filiação ao União Brasil não é requisito para o apoio a Moro, mas ele entende que o partido poderia dar uma estrutura melhor ao ex-juiz. Ele também defende que Luciano Bivar seja indicado como vice na chapa presidencial de Moro, "tudo em comum acordo com o Podemos".
Disputas estaduais, outra pedra no sapato do União Brasil
O posicionamento em relação à disputa federal reflete – ou é explicado – pelas diferentes dinâmicas estaduais que existem hoje dentro do União Brasil. O governador de Rondônia, Marcos Rocha, que será candidato à reeleição, disse que ficará no União Brasil e que apoiará Bolsonaro. Ele possivelmente terá como adversário o senador Marcos Rogério, que é bolsonarista e ainda filiado ao DEM, mas em vias de migração para o PL do presidente.
O União Brasil poderá participar de "palanques múltiplos" que devem se repetir em diferentes estados. Neste modelo, o bolsonarismo não terá um nome único para a disputa estadual, e sim mais de um candidato, distribuídos por diferentes partidos – sendo o União Brasil um deles.
Em São Paulo, o União Brasil deve apoiar para o governo o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB). A coligação seria a continuidade da parceria histórica entre PSDB e DEM no estado e também uma deferência a Garcia, que foi há até alguns meses filiado ao DEM.
O candidato "oficial" de Moro no estado, porém, deve ser o deputado estadual Arthur do Val (Podemos), o "Mamãe Falei", que também trocou recentemente de partido. A candidatura de Val fará com que o deputado Kim Kataguiri, atualmente no DEM, não integre o União Brasil – ele irá para o Podemos.
Bolsonaro “planejou, dirigiu e executou” atos para consumar golpe de Estado, diz PF
PF acusa Braga Netto de pressionar comandantes sobre suposta tentativa de golpe
Governadores do Sul e Sudeste apostam contra PEC de Lula para segurança ao formalizar Cosud
Congresso segue com o poder nas emendas parlamentares; ouça o podcast
De político estudantil a prefeito: Sebastião Melo é pré-candidato à reeleição em Porto Alegre
De passagem por SC, Bolsonaro dá “bênção” a pré-candidatos e se encontra com evangélicos
Pesquisa aponta que 47% dos eleitores preferem candidato que não seja apoiado por Lula ou Bolsonaro
Confira as principais datas das eleições 2024
Deixe sua opinião