Dos 35 candidatos ligados ao 8 de janeiro, às fases da Operação Lesa Pátria ou que foram presos por críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) — localizados em levantamento da Gazeta do Povo —, 14 ficaram como suplentes e três foram eleitos ao cargo de vereador neste domingo (6). Os concorrentes que venceram o pleito em suas cidades foram Liliane Fontenelle, de Itajaí (SC), Armandinho, de Vitória (ES) e Pastor Fabiano, de Vila Velha (ES).
“Ver nossa votação quase triplicar diante de todas as adversidades impostas pelo Ministro Alexandre de Moraes e pelo sistema, é algo que só podemos entender pela graça de Deus”, comemorou Armandinho, reeleito com 3.076 votos na capital capixaba.
Segundo o candidato de 33 anos, essa foi a “campanha mais injusta da história”, já que ele foi proibido pela Justiça de sair de casa após as 20h e de usar redes sociais diretamente. “Mesmo com relatório final da Polícia Federal (PF) afirmando que não encontrou nenhuma prova ou indício de crime a meu respeito”, disse.
Eleito em 2020 e escolhido como presidente da Câmara, Armando Fontoura Borges Filho foi afastado judicialmente após um mandado de prisão expedido pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes. “Fui preso por fazer denúncias de corrupção na Câmara, mesmo tendo imunidade parlamentar”, relata o vereador. Ele passou um ano no cárcere e ainda usa tornozeleira eletrônica.
Assim como ele, o candidato Fabiano Oliveira — conhecido como Pastor Fabiano — também foi preso por ordem de Moraes e realizou campanha em Vila Velha, no Espírito Santo, proibido de usar redes sociais e com restrições impostas pelo monitoramento eletrônico. Ele foi eleito com 2.964 votos.
Em entrevista à Gazeta do Povo, Oliveira relata que foi acusado de participar de uma milícia digital que praticaria “atos antidemocráticos” e de ter envolvimento com os atos do 8/1, mas a PF não encontrou prova de sua participação. A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou pela sua inocência, mas Oliveira passou um ano no cárcere e cumpre medidas cautelares desde dezembro de 2023.
Para realizar sua campanha ao cargo de vereador com tornozeleira eletrônica, ele saía de casa às 6h e retornava às 20h, sem poder se deslocar aos sábados e domingos. “Sou imensamente grato a cada oração, voto e confiança. Agora é trabalhar ainda mais por uma cidade melhor com fé e união”, disse.
Já em Itajaí, Santa Catarina, quem conquistou a cadeira na Câmara Municipal de Vereadores foi a advogada Liliane Fontenele, que é acusada de financiar os atos de 8 de janeiro.
“Muito obrigada pelos 1602 votos!”, disse em pronunciamento na noite de domingo, após a divulgação do resultado. “Eu sei que é um trabalho compartilhado, conjunto, de quem acredita que a gente pode mudar a cidade e mudar o Brasil com nosso voto”, continuou.
Em sua página da campanha nas redes sociais, ela contou com apoio de nomes como a ex-primeira dama Michele Bolsonaro, a deputada estadual Ana Campagnolo e a deputada federal Julia Zanatta, e realizou sua campanha com o objetivo de “mudar o Brasil começando pelo nosso quintal".
Diversos candidatos ligados ao 8/1 ficaram como suplentes
Outros 14 candidatos localizados pela Gazeta do Povo ficaram como suplentes em suas cidades e podem assumir a cadeira de vereador entre 2025 e 2028 se o titular não continuar no cargo, seja por renúncia, licença-médica, morte ou processo de cassação.
Veja abaixo o resultado de alguns candidatos ligados ao 8 de janeiro, às fases da Operação Lesa Pátria ou que foram presos por críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF):
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