Com apenas quatro candidatos, a eleição à prefeitura de Santos, no litoral paulista, aponta para a polarização à direita entre dois candidatos que integram o mesmo grupo político no cenário estadual e nacional, com acirramento da campanha municipal.
Candidato à reeleição, o prefeito Rogério Santos (Republicanos) é aliado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, filiado ao mesmo partido, mas disputa o apoio do chefe do Executivo com a deputada federal Rosana Valle (PL), que foi lançada candidata pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pela ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, parceira da parlamentar no PL Mulher.
Se na capital do estado os partidos integram a coligação de Ricardo Nunes (MDB) pela reeleição com amplo envolvimento de Tarcísio e Bolsonaro, a situação política é oposta na Baixada Santista. A divisão da direita na cidade que abriga o principal porto da América do Sul ficou mais evidente durante o primeiro debate eleitoral do pleito, promovido pela TV Thathi, do Grupo Bandeirantes, na última quarta-feira (21), quando o atual prefeito e a deputada bolsonarista protagonizaram os principais embates do encontro.
Durante o debate, Valle lembrou por duas vezes que tem o apoio do casal Bolsonaro e o “carinho” de Tarcísio de Freitas. Questionada pela Gazeta do Povo sobre o aceno ao governador do partido Republicanos, ela lembrou que foi cotada para ser candidata a vice-governadora na chapa do ex-ministro de Bolsonaro em 2022.
“A relação com o governador é ótima. O Tarcísio queria que eu fosse vice na chapa dele e temos uma amizade e uma admiração mútua. Por questões partidárias, hoje, ele não pode demonstrar total apoio à minha candidatura, mas tenho certeza que se eu for prefeita de Santos, nós vamos ser grandes parceiros de trabalho”, afirmou.
A deputada federal subiu o tom durante os questionamentos dirigidos ao candidato à reeleição pelo Republicanos e foi incisiva desde o início do debate. “Nós temos cinco propostas para a mobilidade urbana. A primeira é tirar o prefeito Rogério Santos, pois ele deixou a cidade do jeito que ela está hoje. Nós vamos terminar todas as obras que estão emperrando o trânsito da cidade”, prometeu a candidata.
O prefeito de Santos lembrou que tem uma relação com Tarcísio de Freitas há mais de 10 anos e esteve com o ex-ministro da Infraestrutura em diversas oportunidades, em Brasília, durante a gestão do ex-presidente Bolsonaro para tratar, principalmente, de questões relacionadas ao porto de Santos.
“Naquele momento já havia conversas sobre o túnel Santos-Guarujá. Ele se tornou governador e essa identificação entre gestores públicos ficou ainda mais forte. Ele é do meu partido, estamos juntos, e tem uma posição como governador que eu respeito. É um grande parceiro da cidade de Santos, um grande gestor e amigo. Essa é a boa relação que temos e não preciso ficar usando o nome dele. Só falar da parceria que nós temos. Trouxemos as Etecs [Escolas Técnicas Estaduais], a Fatec [Faculdade de Tecnologia do Estado], o Parque Palafitas e a entrega das habitações juntos”, comentou o candidato em entrevista à Gazeta do Povo.
Santos ressaltou a necessidade de um “pacto federativo” para atração de investimentos dos governos estadual e federal pela dependência dos municípios que ficam com uma fatia pequena da arrecadação. “Temos que dialogar com os dois governos para trabalharmos juntos e não jogar um contra o outro. Essa é a gestão que eu sei fazer”, completou o prefeito.
No segundo round do confronto no debate da Band, a deputada Rosana Valle questionou o candidato à reeleição sobre os números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) da cidade de Santos, que na avaliação dela seriam “os piores da história do município”. Os indicadores que medem a qualidade da educação no país foram divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) em agosto. O prefeito retrucou e disse que a candidata “não sabe nem como calcular o Ideb”.
Se o governador Tarcísio optou pela neutralidade no pleito santista, o atual prefeito conquistou o apoio do deputado federal tucano e ex-prefeito de Santos Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), pré-candidato que abriu mão da corrida eleitoral em apoio à coligação de Rogério Santos que tem nove partidos, além da Federação PSDB-Cidadania.
“Marçal da Baixada”: palestrante motivacional é candidato a prefeito na eleição em Santos
O coach Nando Pinheiro (Avante) é candidato a prefeito de Santos e faz postagens nas redes sociais em comparação ao influenciador Pablo Marçal (PRTB), candidato à prefeitura de São Paulo. Além do empresário que disputa o pleito paulistano, Pinheiro também é fã de Ayrton Senna, morto em acidente em 1994. O candidato usou o boné com autógrafo de Senna durante o debate na Band e levou a réplica de um capacete do lendário piloto brasileiro. “Vou sair por último e chegar na frente, como o Ayrton Senna”, disse durante uma das discussões entre os candidatos.
Nas redes sociais, Pinheiro afirma que é “palestrante motivacional” com mais de 2,2 milhões de seguidores no Youtube. Ele foi candidato a deputado federal nas eleições de 2022, teve 30.364 e não foi eleito ao Congresso Nacional.
“Ambos possuem histórias de vida que inspiram superação. Pablo Marçal, vindo de uma origem humilde, construiu uma carreira de sucesso como empresário e coach, utilizando suas experiências para motivar outras pessoas a buscar crescimento pessoal e profissional. Também com uma trajetória de superação, Nando Pinheiro, filho de zelador, buscou oportunidades para transformar sua realidade e agora se propõe a ser prefeito de Santos, com a intenção de melhorar a vida de outras pessoas, especialmente as de origem humilde como a dele”, afirma o perfil oficial do candidato santista no Instagram.
A quarta candidata à prefeitura de Santos é a ex-prefeita Telma de Souza (PT), que integra a frente de esquerda na coligação com o PDT e com as federações Psol-Rede e Brasil da Esperança - Fé Brasil, composta pelo PT, PCdoB e PV.
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