Maria Victoria (PP) tenta pela segunda vez ser prefeita de Curitiba. Em 2016, quando tinha 24 anos, foi a quarta mais votada. Oito anos depois, e no terceiro mandato de deputada estadual, ela usa a bagagem política herdada da família — o pai Ricardo Barros é deputado federal e ex-ministro e a mãe Cida Borghetti foi governadora do Paraná — para espalhar suas ideias para a capital paranaense. Mãe de três meninas, três Marias, ela diz querer ser prefeita de Curitiba para governar com um olhar de mãe.
Em entrevista à Gazeta do Povo, Maria Victoria falou sobre os planos que tem para reduzir a fila de espera por creche na capital paranaense, começando com um vale-creche em entidades conveniadas para agilizar a fila. Na saúde, a deputada diz que pretende zerar a fila de consultas especializadas com a prefeitura pagando consultas particulares. Ela também defendeu a transformação da Guarda Municipal em polícia, com a equiparação salarial de guardas a de policiais militares.
No transporte público, a candidata quer baixar o preço da passagem de ônibus a partir dos próximos contratos e não quer saber de ônibus elétricos, e sim movidos a biocombustível. E também não defende o metrô ou VLT. O plano dela é fazer um VLP, o veículo leve sobre pneus, entre o Centro de Curitiba e o aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais. Todos os candidatos à prefeitura de Curitiba foram convidados pela reportagem da Gazeta do Povo para entrevista.
Confira a entrevista com a candidata Maria Victoria
A senhora fala constantemente do orgulho de ser filha e neta de políticos. Com 32 anos, está no seu terceiro mandato de deputada estadual e agora tenta pela segunda vez ser prefeita de Curitiba. A senhora acredita que ser “política profissional”, por assim dizer, desde sempre, pode prejudicar na sua campanha?
De maneira alguma. Bom, primeiro quero agradecer à Gazeta [do Povo] pela oportunidade de conversar um pouquinho sobre o que a gente pensa para o futuro de Curitiba. Estamos com excelentes propostas, nosso plano de governo, inclusive, foi elogiado publicamente por ser extremamente simples, pragmático, baseado em exemplos que já funcionam em outras cidades e em outros países e com propostas exequíveis que podem ser feitas com respeito ao dinheiro público.
Em relação à minha família, eu tenho, sim, muito orgulho da história política da minha família, desde o meu avô, da minha mãe, Cida Borghetti - a primeira mulher a governar o estado do Paraná, do Ricardo Barros - uma grande liderança política nacional, foi ministro da Saúde, fez uma gestão impressionante. E muito me orgulho de toda a trajetória política de honestidade, de boa política e de respeito ao dinheiro público. Foi o que eu aprendi em casa e acredito que isso só traz mais credibilidade neste momento de campanha política em que a gente une a juventude, a vontade de inovação, com experiência e com histórico que comprova a boa gestão que os Progressistas [partido] e a minha família têm e já deram de exemplo há muitos anos no estado do Paraná, em Maringá e no Brasil.
Então, nós estamos aí colocando o nosso nome e o nosso grupo político à disposição dos curitibanos como uma alternativa de um gestor que usa a cabeça, mas não esquece do coração. A alternativa de uma mulher que tem esse olhar de mãe. Eu tenho três filhas, três Mariazinhas, a Maria Antonia, a Maria Valentina e a Maria Stefania, e esse olhar de mulher detalhista, que se preocupa com as pessoas, que quer fazer uma gestão colocando o ser humano em primeiro lugar, sempre com muito respeito, com muito diálogo, construir políticas públicas que venham a aumentar a qualidade dos serviços públicos ofertados pela prefeitura.
Na propaganda eleitoral, a senhora fala sobre o desejo de ser a primeira prefeita mulher de Curitiba e governar com o cuidado de uma mãe. Como isso seria visto, na prática, em um eventual mandato? É o que lhe torna diferente dos demais candidatos?
Não, não é isso que torna diferente, porque o que torna diferente a nossa candidatura dos outros candidatos são as propostas. São as boas propostas e as soluções que nós temos para saúde, segurança, para os radares, para o EstaR com 30 minutos gratuitos. Essa visão de usar biocombustível ao invés de ônibus elétrico, de fazer um VLP na Avenida das Torres, 16 quilômetros em linha reta, ao invés de fazer pela Marechal [Floriano], que vai custar 10 vezes mais. O que me diferencia é o pragmatismo e o carinho e o detalhismo para com todos os segmentos da sociedade, priorizando uma Curitiba que seja muito boa e continue sendo nosso orgulho, referência, e que priorize principalmente as pessoas.
Em 2016, a senhora foi a quarta mais votada no primeiro turno na eleição para a prefeitura de Curitiba, quando ainda tinha 24 anos. O que mudou desde então e que faz a senhora acreditar que pode, eventualmente, avançar para o segundo turno neste ano?
Fui eleita três vezes deputada estadual, eleita também segunda secretária da Assembleia Legislativa [do Paraná], participo da administração da Assembleia, fizemos a Assembleia 100% digital, como fez o Tribunal de Justiça, como fez o Ministério Público, e nós, na prefeitura de Curitiba, a partir do ano que vem, se eleita prefeita, também faremos isso. Pela transparência, pela agilidade e pelo uso da tecnologia sempre a favor da população. Ainda existe processo físico na prefeitura e é inaceitável para a cidade mais inteligente do mundo. Então, Curitiba é muito boa, muito nos orgulha, mas tem muita coisa que dá para fazer, que ainda dá para avançar e que pode nos creditar com referências e reconhecimentos, inclusive internacionais, ainda melhores.
A senhora tem colocado em alguns momentos da campanha, como no 7 de Setembro, a sua ligação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, em função também da relação dele com o seu pai. Como a senhora tem usado isso para buscar votos de apoiadores do Bolsonaro em Curitiba, mesmo com o partido do ex-presidente em outra chapa? Sem contar uma outra candidata bastante alinhada às pautas de Bolsonaro…
Bom, eu tenho muito orgulho de ter acompanhado o presidente Bolsonaro todas as vezes em que ele esteve em Curitiba. Eu fui a única candidata a citar o seu nome no debate da Band, que foi no início da campanha. Eu também fui a única candidata a usar a imagem do presidente Bolsonaro no 7 de Setembro, por ter orgulho e por acreditar, por ter lado. Na política, a gente tem que ter posicionamento, a gente tem que ter ideologia, a gente tem que ter uma base. E eu tenho muito orgulho de falar do presidente Bolsonaro. E aqui, se ele quiser, ele terá sempre uma representante. E sim, o que nos une é o bom relacionamento do governo em que Ricardo Barros foi líder do governo Jair Bolsonaro. Aprovaram juntos reformas importantes, com o Ricardo assegurando a governabilidade do presidente no Congresso Nacional, e isso foi importantíssimo.
O que me diferencia é o pragmatismo, o carinho e o detalhismo para com todos os segmentos da sociedade.
Maria Victoria, candidata à prefeitura de Curitiba
Sobre tomar lado, o ex-presidente é um crítico do Supremo Tribunal Federal. Qual a sua opinião sobre decisões recentes do STF, como o bloqueio do X no Brasil? A senhora é favorável ao impeachment do ministro Alexandre de Moraes?
Eu sou favorável ao impeachment do ministro Alexandre de Moraes, sou contra a censura e nós precisamos nos unir, pessoas de bem que fazem a boa política para que nós possamos nos fortalecer, dar credibilidade e respeitar as pessoas, o dinheiro público e nós precisamos ter posicionamento. Então, sim, sou a favor do impeachment do Alexandre de Moraes, sou contra a censura do X no Brasil ou qualquer tipo de censura. E nós estamos aqui à disposição para trabalhar pelas pessoas.
Na área da saúde, a senhora fala em zerar a fila de espera por consultas em até 180 dias. Como fazer isso em tão pouco tempo?
Nós vamos fazer isso nos mesmos moldes do Corujão, que foi feito em São Paulo, os mutirões em horários alternativos através de compra de consulta particular. Então, a gente compra a consulta em hospitais, clínicas e médicos particulares da cidade de Curitiba, que inclusive são referências, pagando, em média, por consulta, exame ou procedimento, R$ 100, que é mais do que muito plano de saúde paga por aí. Então, nós temos os médicos que vão querer atender essa demanda do município. E fazendo uma conta rápida, R$ 100 vezes 200 mil pessoas na lista de espera dá R$ 20 milhões de investimento, sabendo que o orçamento da saúde de Curitiba é de R$ 3 bilhões. Então recurso tem, falta essa visão de entender que as pessoas são a prioridade, que a saúde não espera e que existe uma maneira de a gente resolver isso de forma imediata. Porque as pessoas não podem ficar esperando por anos na fila, como está acontecendo em Curitiba hoje. Enquanto isso, é claro, nós vamos buscando construir novos centros de especialidade, de diagnóstico, de exame, contratando mais profissionais, mas existe um limite prudencial, existe um orçamento e nós temos que respeitar isso e propor para as pessoas, de forma muito respeitosa, aquilo que é possível fazer.
Sou a favor do impeachment do Alexandre de Moraes, sou contra a censura do X no Brasil ou qualquer tipo de censura.
Maria Victoria, candidata à prefeitura de Curitiba
Existem filas também para atendimento das UBSs e nas UPAs. Como a senhora pretende zerar também essa espera?
A média de espera é de oito horas. A gente pode, nos mesmos moldes, ampliar parcerias com clínicas particulares quando necessário. A gente pode avaliar isso. Eu sou uma política do diálogo, prezo sempre o diálogo. Dos 100 projetos que nós aprovamos até hoje na Assembleia Legislativa, todos foram construídos a várias mãos, ouvindo os interessados, a sociedade civil organizada. Então, o que eu posso oferecer para a população curitibana é um gestor extremamente coerente, equilibrado e que vai construir soluções que venham a beneficiar e atender as reais demandas da população.
E tem fila de espera também por vagas de creches. A senhora fala do programa "Creche 100%", com a construção de novos CMEIs. Mas quanto tempo demoraria para construir essas estruturas? E enquanto isso não ocorre, como zerar a fila?
Nós vamos fazer o vale-creche, uma oportunidade para que as crianças possam se inscrever de imediato, os pais possam colocar as crianças nas creches conveniadas com a prefeitura, de imediato. São 10 mil crianças esperando vaga em creche em Curitiba. Em 2016, quando eu disputei a prefeitura pela primeira vez, eram 9 mil crianças aguardando vaga em creche. Esses dias a gente estava assistindo os debates e essa demanda só aumentou em oito anos. Por quê? Porque precisa ser prioridade para o gestor. E para mim é prioridade, porque eu sou mãe, eu sei o que as mães passam: 52% dos lares curitibanos são sustentados por mulheres, as mulheres precisam trabalhar, e elas precisam da mão amiga do poder público para que possam trabalhar. E trabalhar de forma segura, sabendo que seu filho está sendo estimulado, está bem alimentado, está bem cuidado.
Então, é isso que as mães precisam. As mães precisam trabalhar em segurança e as crianças precisam do estímulo. As crianças precisam da oportunidade de educação nos primeiros anos de vida, que é a primeira infância e que é responsabilidade do município. Elas precisam ter oportunidade, porque eu quero que as nossas crianças tenham as mesmas oportunidades das crianças das escolas particulares. Eu quero que eles aprendam inglês, eu quero que eles tenham noção de educação ambiental, financeira, eu quero que eles tenham estímulo adequado para a sua faixa etária. Eu quero que eles tenham boa alimentação e é para isso que nós vamos trabalhar. E eu não vou descansar enquanto a gente não conseguir zerar a fila de espera das creches em Curitiba. As crianças precisam, as mães precisam e isso para mim é prioridade. Através de boa gestão, boa administração, priorizando quem mais precisa, a gente tem um orçamento em Curitiba sim, para resolver várias questões.
E com as crianças um pouco maiores, como fazer para melhorar os índices de aprendizagem, melhorar a qualidade da educação aqui no município?
Olha, eu quero ampliar as escolas integrais e os contraturnos, até para a gente poder colocar todos esses ensinamentos que não estão inclusos hoje na grade curricular infantil. E nós precisamos também, de forma imediata, valorizar os nossos profissionais da educação. Nós precisamos cuidar das nossas crianças com carinho e nós vamos sim trabalhar para que as crianças também nos níveis mais avançados da educação infantil tenham estímulo e oportunidade de melhorar o índice de desenvolvimento. Nós temos várias cidades no Paraná, por exemplo, Chopinzinho, que é premiada por educação financeira. Nós temos vários exemplos no Paraná, como São Pedro do Ivaí, que tem inglês nas escolas, que tem o projeto Super Leitor, que tem uniforme padronizado com mochilinha. O Super Leitor é tão bacana, é uma maletinha que vem o livro e um tapetinho. Por quê? Para estímulo de que em casa os pais ensinem também as crianças a ler. Isso é uma questão cultural. Educação não é só na escola. Educação é em casa também.
Nesse sentido, nós temos uma proposta que é de criar o aplicativo do Curitibinha Inteligente. Eu tive essa ideia visitando o comércio e vendo a quantidade de crianças no celular enquanto as mães e os pais trabalham. Assistindo um desenho. E o que eu quero com isso? Através do Vale do Pinhão, das startups, criar um aplicativo de desenvolvimento intelectual infantil, de estímulo, dividido por faixa etária, que as mães possam baixar no celular ou tablet de forma gratuita e os seus filhos, ao invés de ficarem assistindo desenho, podem usar essa plataforma de atividades, de conhecimento específico para a faixa etária. Para que os nossos curitibinhas possam também, fora da escola, estar sendo estimulados para que sejam mais inteligentes, mais preparados e mais competitivos no mercado de trabalho do futuro.
Eu quero que as nossas crianças tenham as mesmas oportunidades das crianças das escolas particulares.
Maria Victoria, candidata à prefeitura de Curitiba
A senhora falou também sobre o ensino de inglês. Qual é a importância que a sua campanha dá a isso, pensando em mais oportunidades para as crianças no futuro?
Nós queremos fazer nos mesmos moldes das escolas estaduais que já têm o inglês nas escolas. A gente consegue fazer isso em parceria, por exemplo, com o Consulado Britânico, que já faz em outras duas cidades do Paraná essa capacitação dos professores através do uso da tecnologia, através dos computadores, com vídeos e com provas. Todo o estímulo para que os nossos professores estejam capacitados a fazer isso de forma gratuita através das universidades de Oxford e Cambridge. Então a gente pode buscar essa parceria com o [cônsul britânico em Curitiba] Adam Patterson também para Curitiba. Inclusive nós já conversamos sobre essa possibilidade.
E eu tive a oportunidade, em 2015, de fazer um curso na Universidade de Harvard sobre primeira infância. E lá fica muito claro, os especialistas dizem que a cada dólar investido na primeira infância, voltam sete. É o melhor investimento que você pode fazer, é nos primeiros anos de vida das crianças, para que você possa formar uma nova geração muito mais preparada e capaz. E nós queremos que os nossos jovens do futuro sejam preparados, possam competir no mercado de trabalho e estejam prontos para os novos empregos que virão. Hoje a gente sabe que grande parte dos empregos atuais nem existirão mais, serão novos empregos e nós precisamos estar sempre atualizados, investindo em inovação e tecnologia para uma geração que seja de pessoas referência, que possam, inclusive, ajudar os seus pais no futuro.
O principal problema da cidade apontado pelos curitibanos é a segurança pública. O seu plano de governo fala em transformar a Guarda Municipal em Polícia Municipal e que isso garantirá mais segurança à cidade. O que a senhora entende como de fato mudança ou avanço prático diferente do que a Guarda já faz?
Na verdade, a Guarda Municipal hoje não está mais só protegendo patrimônio público. Ela já está no enfrentamento e com uma equiparação de função com a Polícia Militar. Por isso, inclusive, está tramitando em Brasília a mudança de nomenclatura de Guarda Municipal para Polícia Municipal. Cabe a cada município regulamentar isso. E eu, como prefeita, vou regulamentar. Aqui nós teremos a Polícia Municipal, vamos adotar essa nova nomenclatura e também rever o plano de cargos e salários, porque quando eles fazem a mesma função da Polícia Militar, eles merecem, e é direito uma equiparação salarial, inclusive.
E nós temos uma previsão legal de ter 2.999 guardas na ativa em Curitiba, e nós só temos 1.400. Então, nós precisamos fazer um concurso público, completar a nossa Polícia Municipal, para que a gente possa, inclusive, cumprir várias das nossas propostas aí do plano de governo, que é o aumento do Patrulha Maria da Penha, que é a criação da Patrulha da Criança, que é o aumento de rondas ostensivas nos bairros mais afastados, também no Centro da cidade, nos bairros centrais. Para isso, nós precisamos de efetivo.
Segurança é polícia na rua, não adianta. Câmera de monitoramento ajuda, a tecnologia ajuda, mas nós precisamos de efetivo, precisamos de polícia na rua e bem equipada, com veículo que seja blindado, que seja seguro e que permita aos nossos policiais municipais combaterem a criminalidade da cidade de Curitiba.
A revitalização do Centro de Curitiba está dentro das propostas de segurança pública de seu plano de governo. A senhora acredita que resolvendo a questão de segurança será possível revitalizar o Centro?
Não, é uma das ações que nós vamos tomar para revitalizar o centro histórico. Nós sabemos que 30% dos comércios de rua estão fechados, a gente quer dar um estímulo para a fachada ativa nas novas construções e também na revitalização do Centro. O aumento de efetivo da Polícia Municipal vai sim ajudar bastante. E combinado com o internamento involuntário, que é o que preocupa os curitibanos hoje, também é o aumento significativo de pessoas em situação de rua e nós precisamos olhar para isso com carinho, através de um acolhimento, através de uma individualização de cada caso. Cada pessoa que está em situação de rua, nós precisamos entender o porquê. E aí sim, dar o devido encaminhamento.
Então, o internamento involuntário é uma autorização prévia da família que vai permitir o internamento involuntário. Não é o internamento compulsório, que esse sim é vedado, é proibido, o Ministério Público não permite. Mas esse caminho inverso, em que a família procura o poder público para dar essa autorização prévia com laudo médico, grande parte das pessoas em situação de rua hoje em Curitiba está lá por dependência química ou saúde mental. Isso é estatístico. Então, vai resolver grande parte do problema.
E associado, nós temos os Anjos do Bem, que são unidades móveis que estão no nosso plano de governo, cinco concentradas no centro da cidade, onde há o maior número de pessoas em situação de rua, e cinco descentralizadas. Essas unidades móveis vão estar equipadas com saúde básica, é uma união dos assistentes sociais da saúde e da segurança através de uma integração também das secretarias e melhor comunicação, porque existe ainda essa questão em Curitiba e nós precisamos melhorar a comunicação entre as secretarias. Esses anjos do bem vão fazer acolhimento individualizado. Quando tem uma pessoa em situação de rua com algum machucado, com febre, precisando de qualquer coisa, ali na unidade móvel mesmo, eles vão poder fazer o atendimento para que essa pessoa não precise se locomover até uma unidade básica de saúde e aguardar. Eles já vão fazer o encaminhamento direto para internamento de saúde mental, internamento de dependência química e levar para as casas de acolhimento aqueles que de fato estão nas ruas não por tráfico de drogas, mas porque foram abandonados, porque não têm para onde ir e precisam e querem ser acolhidos nas casas de acolhimento.
E aí também nós vamos alterar algumas questões da casa de acolhimento, como o horário de funcionamento, hoje às 6h da manhã todo mundo precisa sair. Também por isso muitos preferem dormir na rua mesmo, para poder dormir até um pouquinho mais tarde, porque ficam acordados até tarde. Então são detalhes, são questões pontuais, que através do diálogo, de se dedicar a entender qual é o real problema, buscar soluções, trazer exemplos do que funciona em outros lugares, e com uma boa equipe, eu tenho certeza que vai melhorar muito na nossa gestão a questão da revitalização e das pessoas em situação de rua no Centro de Curitiba.
Câmera de monitoramento e tecnologia ajudam, mas nós precisamos de polícia na rua e bem equipada, com veículo que seja blindado.
Maria Victoria, candidata à prefeitura de Curitiba
Curitiba tem a passagem de ônibus mais cara entre as capitais brasileiras, junto com Porto Velho e Florianópolis. O seu plano de governo fala em congelar as tarifas como primeira medida do mandato e também tarifa de R$ 1 para estudantes, trabalhadores de baixa renda e acompanhantes de idosos, além de sábados e domingos. Como a senhora vai conseguir fazer isso logo no início de um eventual mandato?
Na verdade, o congelamento pode ser feito por iniciativa do prefeito. E nós vamos fazer isso já no início do ano que vem, congelar a tarifa até a nova concessão. Nós temos agora uma oportunidade de discutir quais serão as exigências feitas às novas concessionárias responsáveis pelo transporte público em Curitiba, que sempre foi referência. Jaime Lerner fez o BRT, as canaletas, e sim, a gente precisa continuar avançando. Nossa visão é oferecer, por exemplo, biocombustível, fazer uma frota a biodiesel, porque é o mesmo custo da frota atual, só que emite 90% menos de poluição na atmosfera. Curitiba é uma cidade sustentável e precisa continuar sendo. Tem outros candidatos falando em ônibus elétrico, mas ele é três vezes mais caro. E no contrato que foi feito em março para a compra dos ônibus elétricos, não são as concessionárias que estão pagando. Esse valor está sendo cobrado da população, de quem paga a tarifa. E isso não é justo.
Eu acredito que as pessoas não querem pagar 30% mais no preço da passagem, um aumento significativo por conta dos ônibus elétricos, que custam três vezes mais do que o convencional ou a biodiesel. Então, as pessoas, eu imagino que não queiram pagar a mais para isso. E a gente tem que tomar muito cuidado com o ônibus elétrico. Em São Paulo, não deu certo. Você vai carregar uma frota inteira de ônibus elétrico, vai cair energia do bairro. Nós não temos essa infraestrutura energética. O ônibus elétrico tem a vida útil de 10 anos, mas a bateria precisa ser trocada a cada seis ou sete anos, no máximo. A bateria é caríssima e pior: não tem como ser descartada de forma ecologicamente correta. A Alemanha está há 10 anos buscando uma solução de como fazer esse descarte da bateria e não descobriu. Então, seria uma irresponsabilidade criar um passivo ambiental gigantesco em Curitiba, que é uma cidade sustentável e que precisa continuar sendo.
Então, nós estamos buscando alternativas para não subir o custo da passagem, nós vamos sim congelar. Na nova concessão, nós vamos buscar um transporte que tenha uma tarifa mais razoável e com mais qualidade no transporte, até para fomentar a cultura da cidade de, independente de classe social, utilizar o transporte coletivo, como é na Europa, como é nos Estados Unidos, é possível a gente fazer aqui. O povo curitibano é um povo muito inteligente e culto, e quer poder usar o transporte coletivo, mas precisa ter qualidade e um preço razoável.
Curitiba é a terceira cidade no Brasil com o maior número de veículos. Nós temos 8 milhões de veículos circulando na cidade. Então, é uma questão importante a gente fomentar a cultura do uso do transporte coletivo. É uma oportunidade de fazermos isso agora. E sim, nós estamos propondo tarifa a R$ 1,00 no sábado e no domingo. Sábado para fomentar o comércio e a economia da cidade, domingo para permitir que as famílias possam viver os parques e praças, possam ir à igreja, possam visitar os amigos e os parentes. Isso é lazer, é dignidade, e nós estamos também garantindo tarifa a R$ 1,00 para os estudantes, que hoje têm 50% de desconto, mas com uma série de pré-requisitos para poder receber o benefício.
Então, por exemplo, se você mora a nove quadras de onde estuda, você já não recebe o benefício. Tem que morar a pelo menos dez quadras de onde você estuda. A tarifa a R$ 1,00 vai garantir incentivo à educação, diminuição da evasão escolar e incentivo à cultura do transporte coletivo. E, para finalizar, R$ 1,00 também para acompanhantes de idosos. Os idosos não pagam para andar de ônibus em Curitiba, mas, muitas vezes, eles não conseguem sozinhos se locomover, ir ao médico, ir ao hospital. Então, é essa visão humana, carinhosa e de respeito para com as pessoas que nós estamos oferecendo para o futuro de Curitiba.
O povo curitibano é muito inteligente e culto, e quer poder usar o transporte coletivo, mas precisa ter qualidade e um preço razoável.
Maria Vcitoria, candidata à prefeitura de Curitiba
O seu plano de governo não cita metrô nem VLT, mas sim uma linha de VLP ligando a rodoviária de Curitiba e o aeroporto Afonso Pena. Por que a escolha por esse modal?
Porque o nosso plano de governo é muito pé no chão. O nosso plano de governo é dentro da realidade. Então, nós estamos sim propondo um VLP que conecta o terminal rodoferroviário até o aeroporto Afonso Pena. São 16 quilômetros em linha reta. Teria que ser uma parceria com São José dos Pinhais, porque parte do terreno é de São José e seria um novo cartão postal, não só para São José e para Curitiba, mas para o estado do Paraná. Quando você viaja, chega no aeroporto e tem um transporte coletivo que te leva para o centro da cidade, de lá você vê o que você faz.
E o VLP, que é o veículo leve sobre pneus, é o mais usado na Europa hoje, porque é sustentável e muito mais barato. O que os nossos adversários estão propondo é um VLT, que é o veículo leve sobre trilhos, que vai pela Marechal [Floriano]. Então, ele dá a volta. A quilometragem é muito maior, já tem o transporte coletivo nesse segmento, então não seria uma alternativa para desafogar o trânsito. E ele custaria, em média, R$ 2,5 bilhões para ser feito. Eu também não acho que as pessoas vão querer pagar mais caro na passagem para ter essa modalidade, sendo que você pode ter uma modalidade alternativa, 10 vezes mais barata, que ficaria lindo, um novo cartão postal, algo que colocasse de novo Curitiba como referência em mobilidade e em urbanismo.
E eu não falo mesmo em metrô, porque não tem como a gente falar em metrô, que é extremamente caro quando tem 200 mil pessoas aguardando por uma consulta especializada ou um exame ou um procedimento, e falar em metrô. O dinheiro da prefeitura é o mesmo. O gestor precisa priorizar quem mais precisa. Primeiro você resolve a saúde, depois você resolve a segurança. Você busca alternativas de modais, de mobilidade, que sejam viáveis economicamente, que tragam benefício para a população. Está na hora de a gente ter mais cautela, ter mais pé no chão. Está na hora da gente pensar nas pessoas em primeiro lugar. E é isso que eu ofereço para Curitiba.
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