O senador Sergio Moro (União Brasil) se tornou um articulador político do partido no Paraná com enfrentamento à ala da esquerda no comando de prefeituras consideradas prioritárias, afirmando que não quer a “tragédia do PT replicada nos municípios”.
Receba as principais notícias do Paraná pelo WhatsApp
Ele lançou a campanha da esposa, a deputada federal Rosangela Moro (União Brasil) como vice à prefeitura de Curitiba ao lado do candidato Ney Leprevost (União Brasil) e manifestou abertamente apoio em pelo menos outras seis cidades do estado: Cascavel, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Londrina, Guarapuava e Ponta Grossa.
Em julho, em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan, Moro não descartou disputar o governo do Paraná nas eleições de 2026. Moro tem se aproximado de núcleos políticos municipais e, em cidades tidas como estratégicas, concedido apoio a candidatos que julga estarem em consonância com sua forma de pensar política.
“Apoio vários candidatos nas maiores cidades do Paraná, tendo ponderado quanto à melhor opção para a cidade. É necessário olhar a capacidade de gestão e os bons projetos para o cidadão”, disse Moro à Gazeta do Povo.
O senador explicou que para manifestar apoio é “fundamental não ter [o candidato] possível alinhamento presente ou futuro com o PT diante do desastre de gestão que tem sido esse governo federal”. Moro disse que não se quer “essa tragédia [petista] replicada nas cidades do Paraná”.
Entre as articulações de Moro com candidatos nas eleições de outubro está a a proposta de criação de agências municipais anticorrupção. “A aceitação dessa proposta também tem sido considerada para o apoio”, comentou o ex-juiz da operação Lava Jato.
E há casos em que Moro diverge do próprio partido, como no município de Cascavel, onde o União Brasil está na composição com o PSDB, com a vice Suely Frare na chapa de Edgar Bueno. Na cidade, Moro manifestou apoio ao candidato do Partido Progressistas (PP), o deputado estadual Marcio Pacheco.
Apoios e confrontos de Moro com o União Brasil no Paraná
Moro também manifestou descontentamento e pedido de dissolução de diretórios do União Brasil em quatro municípios paranaenses: Araucária, Francisco Beltrão, Londrina e Maringá, questionando pré-candidatos da sigla ou apoios nas disputas. Moro criticava definições de nomes que teriam sido feitas de forma “isolada e arbitrária” pelo presidente estadual, o deputado federal Felipe Francischini.
O documento enviado ao presidente do União Brasil Antonio Rueda foi resolvido, segundo o próprio Rueda, em diálogo com o senador. Em alguns municípios, venceu o que queria o congressista.
Foi o que ocorreu em Maringá, cidade natal dele. Um racha acabou por colocar fim na pré-candidatura de Do Carmo (União Brasil). Dia 20 de julho, Do Carmo chegou a ter homologada a candidatura em convenção do partido. Ele e o senador trocaram farpas e acusações nas redes sociais. Após o embate, Do Carmo desistiu do pleito.
Para Moro, o então pré-candidato não conseguiu uma estrutura competitiva. Do Carmo disse que foi vítima de “racismo estrutural”. Moro disse se manter “neutro” quanto a possíveis apoios na cidade.
Em Francisco Beltrão, a candidatura própria da sigla não se concretizou. O partido também não tem candidato a vice nem concorrentes à Câmara de Vereadores. Com 250 filiados na cidade, a justificativa dada pelo diretório municipal é que a nova diretoria havia tomado posse apenas duas semanas antes do prazo para indicação formal dos nomes e que o apoio vai para Antônio Pedron (MDB), com o aval de Sergio Moro.
Em Londrina, o partido acatou as sugestões de Moro. No documento enviado a Rueda, com cópia para o secretário-geral do partido, Antônio Carlos Magalhães Neto, e para o senador Davi Alcolumbre, o senador paranaense descreveu que o diretório estava sob o comando do vereador Jairo Tanura, que se mostrava pré-candidato a prefeito, “mas que sequer é colocado nas pesquisas”.
“Precisamos recompor o diretório anterior em vista dos compromissos por mim assumidos. Buscaremos viabilizar a candidatura a prefeito ou, caso não seja mais viável, uma composição que atenda aos interesses de todos os filiados do UB e não de apenas um grupo", registrou Moro.
O então pré-candidato deixou a disputa e o apoio foi definido ao deputado estadual Tiago Amaral (PSD), nome ligado ao governador Carlos Massa Ratinhos Junior (PSD). Amaral disse ter acatado a sugestão sobre a implantação de uma agência municipal anticorrupção, sugerida por Moro, o que selou o apoio.
Em Foz do Iguaçu, Moro é disputado para o segundo turno
Em Foz do Iguaçu, o apoio do Moro é disputado para um eventual segundo turno. Esta será a primeira eleição que o município soma mais de 200 mil eleitores, condição que o coloca com possibilidade de realização de segundo turno nas eleições 2024.
O União Brasil lançou à corrida pela prefeitura Zé Elias, apoiado por Moro. Porém, o ex-presidente da Petrobras e da Itaipu, general da reserva Joaquim da Silva e Luna (PL), que é candidato a prefeito na cidade, tem manifestado que diante de um eventual segundo turno em que não esteja o postulante do União Brasil, espera ter Moro ao seu lado. Luna e Silva conta com o apoio de Ratinho Junior e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em Araucária, o União Brasil lançou Dr. Claudio Bednarczuk, com Ben Hur Custódio de Oliveira de vice, com o apoio de PSD e Republicanos. Dr. Claudio substitui Hilda Lukalski (PSD), que abriu mão da pré-candidatura. Moro ainda não se posicionou sobre eventual apoio.
Na terça-feira (13), o senador afirmou que “o combate à corrupção, que foi destruído em Brasília pelo governo Lula, será retomado, de baixo para cima, passo a passo, com a criação das modernas agências municipais anticorrupção, com diretores autônomos e mandatos fixos”, pela rede social X.
Em uma relação, mencionou pela primeira vez a lista dos candidatos a prefeito que apoia e disse que eles “já se comprometeram com o projeto”:
- Curitiba: Ney Leprevost e Rosangela Moro (ambos do União Brasil);
- Londrina: Tiago Amaral (PSD);
- Cascavel: Márcio Pacheco (PP);
- Ponta Grossa: Elizabeth Schmidt (União Brasil);
- Foz do Iguaçu: Zé Elias (União Brasil)
- Guarapuava: Samuel Ribas (União Brasil);
- Francisco Beltrão: Antônio Pedron (MDB)
A Gazeta do Povo procurou o diretório nacional do União Brasil, o diretório estadual e o presidente da sigla no estado, Felipe Francischini, para questionar como está a relação entre Moro, o partido e sua direção no Paraná. Até a publicação desta reportagem, eles não se manifestaram.
Governo promete reforma, mas evita falar em corte de gastos com servidores
Boicote do Carrefour gera reação do Congresso e frustra expectativas para acordo Mercosul-UE
Idade mínima para militares é insuficiente e benefício integral tem de acabar, diz CLP
“Vamos falar quando tudo acabar” diz Tomás Paiva sobre operação “Contragolpe”
Deixe sua opinião