Eduardo Pimentel (PSD) será o prefeito de Curitiba pelos próximos quatro anos. Atual vice-prefeito da capital paranaense, Pimentel venceu a disputa contra a candidata Cristina Graeml (PMB) no segundo turno das eleições 2024, realizado neste domingo (27). Com o resultado das eleições em Curitiba, Pimentel vai suceder o prefeito Rafael Greca (PSD), que deixa o cargo após oito anos de mandato. Ele assumirá o cargo ao lado do vice Paulo Martins (PL).
O resultado das eleições em Curitiba indicou que Pimentel, com 100% das urnas apuradas, recebeu 57,64% dos votos válidos (531.029), contra 42,36% (390.254) de Graeml, conforme divulgação oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Pimentel tem 40 anos e é neto do ex-governador do Paraná Paulo Pimentel, principal referência dele na política. Formado em Administração pela Universidade Positivo e especialista em Cidades Inteligentes pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), começou na política como candidato a deputado estadual em 2010, ainda pelo PSDB. Não foi eleito, mas foi nomeado para cargos na Fundação Cultural de Curitiba (FCC), na Central de Abastecimento do Paraná S.A. (Ceasa) e Casa Civil do governo do Paraná, antes de ser lançado a vice de Greca em 2016, quando foi eleito e, então, reeleito em 2020.
Candidatos disputaram segundo turno que surpreendeu
No início da campanha era pouco plausível que o segundo turno seria disputado entre Graeml e Pimentel. Enquanto o vice-prefeito contou com a máquina pública, coligação formada por oito partidos e apoio irrestrito do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), Graeml sequer tinha recursos financeiros e tempo na propaganda eleitoral. Mesmo assim, ela desbancou nomes consolidados no cenário político local, como Ney Leprevost (União) e Luciano Ducci (PSB), para avançar com uma votação muito próxima — ela teve 31,17% dos votos válidos contra 33,51% de Pimentel no primeiro turno.
Apesar de estarem no mesmo espectro político, deixando a esquerda para trás já no primeiro turno — retratada especialmente por Ducci e o vice, deputado estadual Goura (PDT) —, os dois candidatos representaram a direita de maneiras antagônicas no segundo turno. Foi uma espécie de disputa entre o sistema e o antissistema.
Quase oito anos dentro da prefeitura fizeram que Pimentel se apresentasse como um “candidato da segurança” e experiente na lida da coisa pública, estando preparado para assumir o principal cargo da cidade. Esse foi um aspecto que ele questionou em vários momentos em relação a Graeml, que ela não teria capacidade de gerir a cidade. Como resposta, ela apontava o exemplo de Jaime Lerner, um arquiteto que se tornou um dos maiores símbolos de gestão na capital paranaense, e também na carreira de mais de 30 anos de jornalismo percorrendo Curitiba de ponta a ponta.
Coligação de oito partidos contra um partido nanico
Desde o período de pré-campanha, Pimentel buscou o máximo de partidos para compor a coligação. Além do próprio PSD, conseguiu o apoio de Avante, MDB, PL, Novo, PRTB, Podemos e Republicanos. A entrada do PL, aliás, seria no início da campanha o principal trunfo da articulação liderada pelo governador Ratinho Junior, que buscou o apoio oficial do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — durante a campanha, porém, Bolsonaro acenou mais a Graeml do que a Pimentel. Do outro lado, Graeml concorreu com uma chapa própria no PMB, um partido nanico sem representatividade no Congresso Nacional. A candidatura dela, inclusive, ficou sob suspense devido a uma disputa entre a executiva nacional da sigla e o diretório local.
Com a definição do segundo turno, somente Pimentel recebeu declarações de apoio de candidatos que ficaram de fora da disputa. Luizão Goulart (Solidariedade) e Maria Victoria (PP) se posicionaram a favor do vice-prefeito — eles receberam 4,41% e 2,19% dos votos válidos no primeiro turno, respectivamente.
A neutralidade, porém, foi a tônica. Os candidatos mais à esquerda não pediram voto para ninguém, reforçando o discurso de que nem Pimentel nem Graeml são as melhores opções para Curitiba. Roberto Requião (Mobiliza) chegou a flertar um apoio a ela — ambos fizeram uma tabelinha do antissistema no debate da RPC no primeiro turno —, mas ele manteve a posição de neutralidade.
O deputado estadual Ney Leprevost, que ficou com 6,49% dos votos válidos no primeiro turno, declarou que o União Brasil liberou os filiados a escolher quem apoiar. “Alguns membros do partido preferem o Eduardo e outros Cristina”, disse. A derrota de Leprevost nas urnas, aliás, rendeu repercussões durante o segundo turno. O deputado acusou o senador Sergio Moro de ter atrapalhado a campanha — a esposa dele, Rosangela Moro, foi a vice na chapa do União na capital paranaense.
Segundo turno em Curitiba ficou marcado por ataques e acusações
O antagonismo das campanhas ficou evidente em vários momentos, principalmente nos debates. No último encontro do primeiro turno, na RPC, os dois já demonstravam que o embate extrapolaria as propostas e as visões sobre a cidade. No segundo turno, os três debates não só confirmaram isso como deixaram o tom bem acima do que foi visto em disputas anteriores em Curitiba. Nas dezenas de entrevistas concedidas a veículos de imprensa, o adversário na disputa sempre foi o alvo preferencial.
Os ataques escalaram principalmente após o primeiro debate do segundo turno, promovido pela Band. Pimentel usou uma fala sobre a proposta de Graeml de cobrar a tarifa de ônibus por distância percorrida para espalhar que a oponente subiria o preço da passagem. O assunto foi parar rapidamente na propaganda eleitoral dele, nas redes sociais e até em panfletos distribuídos por Curitiba, e repetido exaustivamente em entrevistas. Graeml garantiu que não subiria o preço. Ao contrário, afirmou que reduziria.
Por outro lado, da mesma forma como vinha fazendo no primeiro turno, Cristina Graeml tentou a todos os momentos classificar a candidatura de Pimentel como uma candidatura de esquerda, citando supostos apoios de Gleisi Hoffmann e de Zeca Dirceu, ambos deputados federais do PT. Com espaço na propaganda eleitoral no segundo turno, a campanha dela buscou esse antagonismo, inclusive se colocando como a única candidatura apoiada por Bolsonaro.
Campanha contra pesquisas e matérias jornalísticas
A campanha de ataques não se limitou às redes sociais, à propaganda eleitoral gratuita ou aos debates. Ela inundou a Justiça Eleitoral com pedidos de suspensão de pesquisas de intenções de voto, censura de matérias jornalísticas e retirada de propaganda adversária por desinformação.
Essa estratégia foi usada especialmente pela coligação de Eduardo Pimentel na reta final do primeiro turno, com pedidos para suspender seis pesquisas na véspera da votação — duas delas escaparam e foram divulgadas — e censura ao jornal Plural por causa de reportagens sobre o caso de coação de servidores da prefeitura para doarem à campanha — a situação foi confirmada pela prefeitura, que demitiu o diretor responsável pela extorsão.
No segundo turno, a coligação do vice-prefeito seguiu no mesmo tom, mas viu a campanha de Cristina Graeml lançar mão da judicialização. E nos mesmos moldes. Pediu, mas não conseguiu, a retirada de matérias de vários sites que denunciavam o vice dela, Jairo Filho, que responde em algumas ações de âmbito cível, como ele mesmo confirmou à Gazeta do Povo. Mas conseguiu tirar do ar matéria do Bem Paraná sobre um suposto aumento no preço da passagem caso ela fosse eleita. E nas pesquisas eleitorais, as duas campanhas chegaram a pedir suspensão de um mesmo levantamento — os pedidos de ambos foram indeferidos.
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