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Nos últimos pleitos, Santa Catarina se consolidou como força de direita no Brasil.
Nos últimos pleitos, Santa Catarina se consolidou como força de direita no Brasil.| Foto: Ricardo Wolffenbuttel/Secom-SC

A tendência do eleitorado catarinense em apoiar candidatos conservadores, como visto nos últimos pleitos, transformou o estado em terreno fértil para os partidos de direita e, por isso mesmo, um espaço de competição acirrada. Nas eleições de 2024, as siglas vão adotar diferentes estratégias para se destacarem na preferência do eleitor de direita. Entre as apostas estão a lealdade partidária, a relação com Santa Catarina e, ainda, a vinculação à imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Como o pleito será polarizado, especialistas chamam a atenção para a exploração da pauta de costumes, com duas particularidades na disputa municipal: o laço direto entre eleitor e candidato, conforme pontua o professor de Relações Internacionais, Direito e Comércio Exterior da Univali Daniel da Cunda Corrêa, além da necessidade de oferecer “programas e projetos para solucionar problemas cotidianos dos munícipes, orientados para melhoria da qualidade de vida dos habitantes”, como destaca o cientista político e economista, Eduardo Guerini.

O Partido Liberal (PL), por exemplo, atuou para aumentar o número de filiados visando a disputa nas principais cidades do estado. A sigla quer eleger 800 vereadores em Santa Catarina e “tentar fazer umas 70, 80 (prefeituras), até para deixar espaço para os outros”, diz, sorrindo, o governador Jorginho Mello. Hoje, a sigla governa 56 dos 295 municípios de Santa Catarina. Para ampliar a presença no estado, o PL vai apostar na imagem do ex-presidente Bolsonaro, que em 2022 conquistou 70% dos votos catarinenses na disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Já o Partido Progressista (PP) tem como estratégia a “história de direita” construída pela sigla ao longo dos anos e na relação com o estado para se aproximar do eleitorado. Além disso, o presidente nacional da sigla, Ciro Nogueira, que foi ministro de Bolsonaro, deve percorrer o Brasil para ajudar nas campanhas municipais. Outra figura que o partido pode explorar é a de Tereza Cristina.

“É nossa pré-candidata a presidente da República, que comandou o agronegócio em todo o governo de Bolsonaro. Creio que mais Bolsonaro que ela e mais competente no agronegócio é impossível”, diz o presidente estadual da sigla, Leodegar Tiscoski.

O PSDB, por sua vez, aposta  na lealdade do eleitor. “Santa Catarina sempre foi um estado leal e fiel ao PSDB. Aécio Neves, em 2014, fez 65% dos votos. Se Bolsonaro fez 70%, quem votou no Bolsonaro? O eleitor tradicional do PSDB”, argumenta o presidente da sigla no estado, o deputado estadual Marcos Vieira.

O partido tucano tenta se reorganizar para voltar a ter protagonismo na política após sofrer revés nos pleitos de 2018 e de 2022. Ano passado, extinguiu todos os diretórios estaduais e municipais para criar comissões provisórias, que estão presentes em 200 municípios catarinenses. “Fizemos a reestruturação, perdemos liderança, mas não perdemos a militância partidária. Então qual foi a estratégia? Criar dentro dos nossos militantes novas lideranças e trazer novas lideranças. Nesse período, uma das lideranças é o ex-senador Dário Berger, que tem perspectiva real de ser prefeito de Florianópolis”, explica.

O União Brasil tem como principal estratégia a realização de caravanas com os candidatos por todo o estado. “Nestes encontros, o partido mostra a sua linha ideológica, da formação política e prepara filiados para a disputa eleitoral. Com o aproximar das eleições, esse trabalho será intensificado, afinal, entendemos que a melhor estratégia é o apoio e a presença em cada município”, diz o presidente estadual da sigla, o deputado federal Fábio Schiochet.

Investigações podem impactar nas eleições em Santa Catarina

Duas investigações são pontos de atenção nas eleições em Santa Catarina. Considerada a maior apuração de corrupção da história do estado, a Operação Mensageiro prendeu 16 prefeitos catarinenses entre dezembro de 2022 e julho de 2023. A ação investigou o suposto esquema de propinas e fraudes na contratação de coleta e destinação de lixo em ao menos 20 cidades do estado.

O segundo ponto é a investigação da Polícia Federal (PF) sobre os ataques contra as sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. A operação envolveu, em uma das etapas, o cumprimento de mandados de busca e apreensão na sede do Partido Liberal e teve o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, preso por registro vencido de porte de arma e por ter em casa uma pepita de ouro.

Especialistas entendem que essas duas operações podem impactar na escolha do eleitor e também nas articulações políticas. Além disso, pode haver um “ensaio na direção de colar a pecha de corrupto” nos partidos envolvidos no escândalo de corrupção da Mensageiro, principalmente com o PL, avalia Corrêa. Por isso, entende que a “exploração do bolsonarismo por outros partidos deverá ficar ainda muito vinculada ao tema dos costumes e valores e na tentativa de se desvincular do desgaste atual do PL”, completa o especialista.

Eleições 2024

  • O primeiro turno das eleições ocorre em 6 de outubro, e o segundo, em 27 de outubro.
  • Em todo o Brasil, os eleitores definirão 5.570 prefeituras e cerca de 60 mil vagas em câmaras municipais.
  • Em Santa Catarina, estarão em jogo 295 prefeituras e 2.890 vagas para vereadores.
  • O estado tem 5.489.658 eleitores.
  • Apenas três cidades catarinenses podem ter segundo turno da disputa: Florianópolis, Joinville e Blumenau. A legislação eleitoral prevê votação em duas etapas apenas em municípios com mais de 200 mil eleitores.
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