Carla Maria de Oliveira e Souza, filha do médico José Roberto de Souza, que assina o laudo falso divulgado por Pablo Marçal (PRTB), entrou com uma ação na Justiça de São Paulo pedindo a inelegibilidade do candidato.
O laudo permaneceu online por cerca de 1 hora e meia na sexta-feira (4) e associava o uso de cocaína pelo candidato psolista Guilherme Boulos.
Na ação popular, protocolada na tarde deste sábado (5), Carla alega que o influenciador cometeu o crime de falsidade ideológica e pede que ele seja declarado inelegível, assim como a anulação ou suspensão dos votos obtidos no primeiro turno.
O caso foi distribuído para a juíza Luiza Barros Rozas Verotti, da 13ª Vara de Fazenda Pública, e está sob “tramitação prioritária", segundo o sistema do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Carla mora em Valinhos, no interior de São Paulo, e é inventariante da herança do pai, que morreu em 2022 vítima de Covid-19. A perícia da Polícia Civil de São Paulo confirmou que o laudo postado por Marçal é falso.
Os peritos compararam a assinatura usada no laudo falso de Marçal com antigos documentos, como ficha de identificação e pedido de passaporte. A principal divergência, segundo os três especialistas da Polícia Técnico-Científica, está na velocidade de execução da assinatura falsa, mais lenta do que a assinatura verdadeira.
“É FALSA a imagem da assinatura em nome do médico ‘JOSÉ ROBERTO DE SOUZA’, lançada no receituário objeto de exame, descrito no capítulo ‘Peça de Exame’, posto que tal assinatura não apresenta as mesmas características gráficas dos exemplares observados nos documentos descritos no capítulo ‘Padrões de Confronto’", diz trecho do laudo pericial.
“A simples inspeção ocular das figuras acima demonstra as divergências observadas entre a assinatura questionada e os padrões de confronto, evidenciando a sua procedência de natureza espúria”, segue o documento, assinado pelos peritos Nicia Harumi Koga, Marina Milanello do Amaral Pais e Raphael Parisotto.
Os técnicos trabalharam ao longo da madrugada para concluir o exame do laudo médico, a pedido do governador Tarcísio de Freitas, apurou O Globo. Ao jornal, Carla contou que foi despertada às 3h30 de sábado por um oficial de Justiça que queria conferir se a assinatura no documento divulgado por Marçal era verdadeira.
Portadora de esclerose múltipla e acamada, ela não pôde atender o oficial, mas recebeu o laudo por mensagem. No próprio sábado, ela confirmou que a assinatura não era verdadeira.
Ainda na sexta-feira, a Justiça Eleitoral removeu a postagem com o falso laudo médico e, neste sábado, suspendeu as redes de Marçal. A campanha do candidato Guilherme Boulos pediu a prisão preventiva do empresário, que foi rejeitada pela Justiça.
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