A eleição municipal coloca em evidência assuntos de interesse nacional em Foz do Iguaçu (PR), na região oeste do Paraná, um dos principais destinos turísticos do Brasil e sede da Binacional Hidrelétrica de Itaipu, responsável por quase 9% da energia consumida no país. A cidade de cerca de 285 mil habitantes está localizada na Tríplice Fronteira do Brasil com Paraguai e Argentina, região considerada estratégica para a segurança pública.
Sete candidatos concorrem à prefeitura de Foz do Iguaçu neste ano, entre eles, o ex-presidente da Petrobras e ex-diretor-geral da Itaipu general Joaquim Silva e Luna (PL), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que esteve nesta quarta-feira (28) na cidade para um comício ao lado do candidato do PL.
O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), também participou do evento. Ele é presidente do PSD e indicou o vice Ricardinho para chapa de Silva e Luna como parte da aliança firmada entre o governador e Bolsonaro para as eleições de 2024 nos principais municípios do estado. O ex-presidente da República cumpre agenda de campanha eleitoral por cidades do Paraná até o sábado (31).
Silva e Luna comandou a Binacional Itaipu durante o governo Bolsonaro entre 2019 e 2021, quando passou a ocupar a presidência da Petrobras até março de 2022. As obras realizadas durante a gestão da hidrelétrica de Itaipu, que destina recursos para projetos em cidades paranaenses, foram destacadas pelo candidato.
“Em dois anos, eu, Bolsonaro e Ratinho fizemos muito em termos de obras para a cidade e para a região oeste do Paraná, por meio de uma gestão austera e competente, cuidando do dinheiro público”, discursou o general, ao lembrar do primeiro ano dos mandatários nos governos estadual e federal.
Se eleito, Silva e Luna afirmou que a gestão pública da prefeitura será feita com “projetos e não promessas” e criticou a falta de iluminação da cidade, ruas esburacadas e falta de um portal turístico na entrada de Foz do Iguaçu.
Ex-prefeito recupera direitos políticos e disputa 7ª eleição em Foz do Iguaçu
Dois ex-prefeitos de Foz do Iguaçu disputam a corrida eleitoral deste ano. Paulo Mac Donald (PP) foi eleito prefeito em 2004, reeleito em 2008 e voltou a concorrer ao cargo em 2016, quando venceu novamente o pleito municipal, mas não pode assumir a prefeitura pela condenação no caso de improbidade administrativa.
Na eleição seguinte, Mac Donald voltou a disputar a eleição mesmo sob o risco de ser impedido de assumir caso saísse vitorioso nas urnas, mas perdeu o pleito para o atual prefeito Chico Brasileiro por uma diferença de menos de 3 mil votos. No ano passado, o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) devolveu os direitos políticos do ex-prefeito, que havia sido cassado por oito anos.
“Essas situações foram superadas. Nós vivemos um regime de exagero no formalismo e eu pequei por isso. Eu errei nessas partes formais. Eu fiz algumas coisas que contrariam a formalidade da legislação, mas a culpa não é do Judiciário, é das leis que os deputados e senadores fazem. Isso precisa ter uma revisão urgente, se não nenhum gestor público vai querer se sujeitar para assumir a direção de uma cidade”, disse o candidato em entrevista à Gazeta do Povo.
Mac Donald apontou que a nova gestão deve solucionar o problema de liberação do trânsito para o cruzamento das fronteiras com Argentina e Paraguai, que chega a durar até duas horas. Segundo ele, o movimento logístico atinge cerca de 180 mil carretas por ano, no entanto, as licenças para a passagem podem levar até uma semana para serem emitidas, com impacto no trânsito e na segurança de Foz do Iguaçu.
“Existem problemas de gestão na fronteira e, como cidade, vamos interferir nisso. Temos a segunda ponte [para o Paraguai] que está pronta, mas os acessos não ficaram prontos. As carretas continuam cruzando pela área urbana, onde o asfalto não é dimensionado para o trânsito pesado. Vamos ter que refazer todo o sistema viário”, afirma o candidato do PP, que destaca a necessidade de infraestrutura para alavancar o turismo de negócios no município.
Prefeito de Foz entre 2001 e 2004, o ex-deputado estadual Sâmis da Silva (PSDB) também concorre para voltar ao comando da cidade após 20 anos. Em entrevista à Gazeta do Povo, ele lembrou que criou a Secretaria Municipal de Cooperação dos Assuntos de Segurança Pública para atuação em conjunto da Guarda Municipal com as forças de segurança no trabalho em uma das fronteiras mais importantes do país.
“Hoje, temos uma carência de policiais militares com pouco efetivo para uma cidade de quase 300 mil habitantes. Se não fosse a Guarda Municipal, Foz estaria desguarnecida. A ideia é trabalhar com inteligência com câmeras de monitoramento, informações e tecnologia, além de investimento em armamento e viaturas com parcerias com as outras forças de segurança”, planeja o tucano.
Silva comentou que o turismo é o principal empregador da cidade, mas não absorve toda a população economicamente ativa. “Precisamos trabalhar com o turismo de negócios, eventos e ter estratégias para manter o turista por mais tempo na cidade”, disse o ex-prefeito, que ainda ressaltou a necessidade de cumprir com 100% do investimento municipal orçado para o setor.
Aliado de Moro cobra investimento em segurança e promete agência anticorrupção
O candidato do União Brasil, Zé Elias, afirma que a Guarda Municipal de Foz do Iguaçu não recebe investimentos para melhorias há aproximadamente 20 anos e o orçamento de R$ 57 milhões é consumido pela folha de pagamento da corporação.
Ele também criticou o efetivo da PM empregado na região de fronteira. “A Polícia Militar também fica a desejar em Foz. São sete municípios atendidos, cerca de 400 policiais e frota de apenas 12 veículos para Foz, que cresceu e tem quase 300 mil habitantes. Hoje é uma cidade insegura com atuação do crime organizado, principalmente nos rios e pontes nas fronteiras com os outros países. Vamos precisar de muitos investimentos”, avalia.
Aliado do senador Sergio Moro (União), o candidato afirma que discute com o ex-juiz melhorias na segurança na região de fronteira e também a implantação da agência municipal anticorrupção para fiscalização da gestão pública.
Candidato da coligação de esquerda com apoio da Federação PT-PV-PCdoB, além de Avante e PDT, Airton José (PSB) afirma que o estado deve ampliar o efetivo da PM e que a prefeitura faça os investimentos necessários na Guarda Municipal. No entanto, ele defende a geração de emprego e renda como melhor proposta para a segurança pública na região de fronteira.
“Nós precisamos pensar na diversificação e, ao mesmo tempo, manter e fortalecer o que o turismo nos oferece, enquanto ampliamos as oportunidades em outras áreas, como exemplo, o comércio exterior”, disse José.
Jurandir de Moura Latinha (Psol-Rede) e Sérgio Caimi (PMB) completam a lista de sete candidatos à prefeitura de Foz do Iguaçu nas eleições de 2024.
Juristas dizem ao STF que mudança no Marco Civil da Internet deveria partir do Congresso
Idade mínima para militares é insuficiente e benefício integral tem de acabar, diz CLP
“Vamos falar quando tudo acabar” diz Tomás Paiva sobre operação “Contragolpe”
Boicote do Carrefour gera reação do Congresso e frustra expectativas para acordo Mercosul-UE
De político estudantil a prefeito: Sebastião Melo é pré-candidato à reeleição em Porto Alegre
De passagem por SC, Bolsonaro dá “bênção” a pré-candidatos e se encontra com evangélicos
Pesquisa aponta que 47% dos eleitores preferem candidato que não seja apoiado por Lula ou Bolsonaro
Confira as principais datas das eleições 2024
Deixe sua opinião