O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Solidariedade), é um dos principais alvos das críticas dos adversários na concorrida eleição municipal da capital goiana em 2024. Enquanto defende o mandato, Cruz procura melhorar os índices de aprovação da gestão goianiense. Segundo o levantamento da Quaest*, publicado no último dia 3, a avaliação do prefeito foi considerada negativa para 53% do eleitorado, sendo que 41% afirmam que conhecem o político e não votariam nele, indicador que aponta para rejeição, conforme o instituto de pesquisa.
O ex-vereador foi eleito vice-prefeito em 2020, na chapa do prefeito Maguito Vilela, que morreu no ano seguinte, vítima da Covid-19. Cruz assumiu o Executivo municipal no dia 15 de janeiro de 2021 e aposta nas obras finalizadas pela atual gestão, como o corredor de ônibus BRT (Bus Rapid Transit), entregue pelo presidente Lula (PT), em Goiânia, no início de setembro. Cruz não participou do evento pela proibição prevista no calendário eleitoral.
Na entrevista à Gazeta do Povo, o prefeito também destacou a primeira parceria público-privada (PPP) da capital, que vai à leilão no dia 18 de setembro na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. O projeto Cidade Inteligente estima o investimento privado de R$ 444 milhões para os serviços de iluminação, internet pública, videomonitoramento, segurança e geração de energia fotovoltaica.
Todos os candidatos à prefeitura de Goiânia foram convidados pela reportagem da Gazeta do Povo para entrevista.
Leia a íntegra da entrevista com Rogério Cruz
O senhor possui um desafio semelhante ao do prefeito da maior capital do país, Ricardo Nunes: ser reeleito após assumir o cargo devido à morte do prefeito. Como avalia a aprovação da população, conforme resultados de institutos de pesquisas, como a Quaest. E, diante da forte concorrência das eleições deste ano, qual a postura durante essa campanha à reeleição?
Primeiro, agradeço a oportunidade de falarmos um pouco sobre o nosso trabalho e do que pretendemos. Essa comparação para mim assemelha-se pelo fato do que o Ricardo também passou, eu passei, mas acho que a gestão é feita por resultados, é o que temos mostrado à cidade. Hoje, eu ando na cidade e nos quatro cantos ando de cabeça erguida e vejo a população reconhecendo o nosso trabalho com muita força. Hoje, Goiânia se destaca como a segunda capital com a melhor qualidade de vida no Brasil. Também se destaca como a capital que ganhou o título da ONU como cidade verde, a mais arborizada do Brasil. Isso nos enche de orgulho e dá prazer de cada dia mais continuar trabalhando, independente das circunstâncias que enfrentamos.
Politicamente falando, nós sabemos que a democracia é muito aberta. Causa uma impressão, algumas questões intuitivas, de candidatos que vêm para querer desfazer o que nós fizemos. O Ricardo tem passado por isso e eu também estou passando. Mas o que temos mostrado é que fizemos muita coisa na cidade de Goiânia, onde nós temos muitas obras - e não é eleitoreira como dizem. São obras começadas desde o início da minha gestão com entrega, inclusive, de obras que estavam paradas - iniciadas em gestões passadas, por prefeitos anteriores.
Na minha gestão, temos mais 1.200 km de asfalto novo em vias principais que ligam importantes regiões da nossa cidade. Asfalto de qualidade de dois tipos: 5 cm e 3 cm. Hoje existe asfalto de qualidade na cidade para poder dar conforto ao cidadão, que anda pela cidade com carro e com moto.
O monotrilho suspenso na Avenida Anhanguera prevê uma extensão operacional entre 10 e 14 quilômetros. Como pretende tirar o projeto do papel e o que está sendo feito durante a atual administração?
Sobre a mobilidade urbana, estamos entregando nosso maior troféu que é o BRT de Goiânia, que estava parado há quase 10 anos e hoje eu sou o prefeito que vai entregar. São 60 ônibus novos numa linha de 27 quilômetros, de norte a sul. Um projeto que vem sendo implantado desde 2015 e era para ser entregue em 2020. Nós assumimos a gestão e diante de muita garra e determinação, entregamos o BRT ao cidadão goianiense.
O projeto do monotrilho, eu conheci em 2022 quando eu cheguei em Porto Alegre, que hoje é exemplo para São Paulo e Rio de Janeiro. Goiânia também tem essa condição de ter um monotrilho, com vias largas podendo fazer esse trabalho de ligações de leste-oeste, como também do aeroporto até a rodoviária.
Quais serviços podem ser prestados pela iniciativa privada, por meio de PPP? E como está o problema histórico da coleta do lixo?
Tivemos a PPP [Cidade Inteligente de Goiânia] que foi considerada a segunda melhor do mundo com um prêmio na Turquia e, quando se trata da questão do monotrilho, também se trata de PPP e investidores que vêm com interesses de investir na área de transportes e mobilidade.
No dia 18 de setembro estará sendo batido o martelo em São Paulo. No momento, é a única PPP da Cidade Inteligente e a única do Brasil com data prevista na Bolsa de Valores de São Paulo. É um motivo de muita alegria poder dizer isso com a garantia que esse processo irá trazer muitas oportunidades para a capital.
Além disso, no meio ambiente temos projetos envolvidos com PPP, como do aterro sanitário, assim como em outras áreas, como segurança e tecnologia. A questão da coleta de lixo está 100% resolvida. Fizemos uma licitação e a empresa que ganhou recolhe o lixo de toda a cidade.
A população em situação de rua se tornou um problema das grandes cidades brasileiras. O que tem sido feito pela atual administração e como ampliar o atendimento e melhorar as questões que impactam na segurança pública?
Primeiro, é preciso dividir em dois tipos as pessoas em situação de rua. Existem aquelas famílias que por algum motivo perderam casas e empregos e estão em situação de rua, que têm apoio da prefeitura, através das casas de apoio. Agora, existe também um outro tipo de pessoa em situação de rua: os dependentes químicos. Está no nosso plano de governo o apoio às pessoas que, devido à pandemia, tiveram problemas de saúde mental, situações como essas ocorreram em todo o nosso país.
No nosso plano de governo, colocamos a criação do hospital municipal psiquiátrico para que tenhamos uma atenção básica no atendimento dessas pessoas, para que elas tenham condições de sobreviver. Também está no plano de governo a implantação de três novas casas de acolhimento com profissionais. Existem duas e queremos criar mais para dar condições dessas pessoas terem uma atenção básica pelo poder público.
O candidato projeta em 50% a ampliação do ensino profissionalizante e do ensino em tempo integral nas escolas. Quais são os números atuais e como a meta será realizada?
Quando assumi a prefeitura, o déficit era de 12 mil vagas e chegamos a 6 mil, reduzindo pela metade o déficit nos Cmeis [Centros Municipais de Educação Infantil]. Na atual gestão, aumentou em um terço as vagas do período integral até o final de 2023 e vamos fechar este ano com um aumento de 50%. Temos vários Cmeis em tempo integral e outras unidades com áreas amplas dentro das estruturas utilizadas para a ampliação de salas. Estamos fazendo isso, dividido por regiões após levantamento sobre déficit de vagas para atendimento de áreas com maior necessidade do serviço. É um processo que já está em andamento na nossa Secretaria Municipal de Educação e, até o final do ano, provavelmente, iremos conseguir reduzir ou mesmo zerar [a fila por vagas nas creches].
Além das escolas em tempo integral, temos Cmeis em tempo integral no plano de governo. Estamos trabalhando para isso, pois é uma maneira de dar condições aos pais de manter os seus trabalhos durante o dia.
Candidatos adversários criticam a saúde em Goiânia por conta das filas e hospitais superlotados. Como o senhor avalia esse problema na atual gestão e o que seria o programa Zera Espera, que deve implantar se for reeleito?
Isso é normal, hoje eu sou candidato e o gestor da cidade. Normal que aqueles que não fazem a gestão critiquem quem está à frente, isso é natural na política. Mas, na minha gestão, quase dobramos o número de atendimentos médicos. Saímos de 4,7 milhões de atendimentos para 8,1 milhões de atendimentos, graças ao trabalho que foi feito e a projetos realizados como o Saúde Mais Perto de Você, que criamos na minha gestão para poder estar mais próximo da população.
Ainda tivemos o “corujão da ultrassonografia” e, em outubro de 2022, a minha esposa lançou o programa “Goiânia sempre rosa” e quase zeramos a mamografia neste período de dois anos, como também biópsia por agulha. A fila está zerada. Mas, é claro, existe ainda uma fila de espera para muitos tipos de exames. Durante a pandemia, muitos foram suspensos e continuamos o trabalho para que tudo seja retomado e resolvido para dar uma resposta mais rápida à população.
Além disso, reformamos 67 unidades de saúde que foram construídas há mais de 12 anos sem nunca ter visto uma mão de tinta. Hoje, nós temos mais de 60 unidades reformadas e, até o final deste ano, vamos chegar a 100 unidades reformadas na cidade de Goiânia.
Entregamos três grandes unidades de saúde e estamos prestes a entregar a UPA [Unidade de Pronto Atendimento] na região norte de Goiânia, inclusive, com atendimento de emergência naquela região. Tudo isso, com certeza, reduzirá bastante a fila de espera em se tratando de análises clínicas e consultas nas nossas unidades.
De acordo com o site de transparência "Fiquem sabendo", Goiânia é uma das capitais do país com a Guarda Municipal armada com fuzis de grosso calibre. Como o prefeito avalia a participação da Guarda Municipal na segurança pública e a necessidade de ampliação do efetivo e de investimentos?
Vale lembrar que mesmo com esse armamento pesado, nós temos zero letalidade. Esse investimento é para trazer segurança para o cidadão goianiense e a nossa Guarda Civil Metropolitana é considerada uma das melhores do Brasil. Agora, estamos trocando a frota por uma mais nova, zero quilômetro. Ou seja, o que você investe na Guarda Civil Metropolitana, você investe em segurança.
Também investimos nos homens da segurança da GCM. Eles praticam cursos com o Exército Brasileiro aqui em Goiânia. Eles têm as portas abertas na Polícia Federal, na Polícia Civil e também tem as porta abertas no Quartel General em Brasília pelas amizades e relacionamentos que temos com essas forças de segurança. São homens preparados que deixam sua marca na cidade de Goiânia.
Nós temos aqui a Romu, que é a Ronda Ostensiva Municipal, que tem uma força muito grande, um preparo muito importante para trazer a segurança ao cidadão goianiense. A GCM também tem o programa “Mulher Mais Segura”, o Batalhão da Mulher e o botão do pânico que faz parte da segurança das mulheres no transporte público ou onde ela estiver. O botão do pânico foi criado na minha gestão, junto com a GCM, sendo que apenas por um aplicativo da prefeitura ela pode acionar o botão e pedir socorro.
Estamos em processo de finalização para enviar o projeto para a Câmara de abertura do novo concurso da GCM após 20 anos. Hoje, temos cerca de 1.100 guardas, entre homens e mulheres, e estamos abrindo o concurso com 700 vagas para cobrir os servidores que já se aposentaram ou que perderam a vida na Covid.
Restauração do pavimento urbano e pavimentação dos bairros: na área de infraestrutura, esse problema se destaca no seu plano de governo. Hoje, os buracos na rua das cidades e falta de asfalto são os principais problemas da infraestrutura?
São mais de 1.200 km de asfaltos novos em Goiânia, pegando as vias principais e ligações importantes, como a Perimetral Norte que outrora se discutia se pertence ao governo federal, estado ou município. Então resolvi fazer com que a prefeitura de Goiânia assumisse a responsabilidade de fazer um novo asfalto. É uma ligação muito importante com acesso à BR-153, que liga as principais cidades do estado de Goiás.
Estamos na sexta e última fase concluída, o asfalto é de qualidade com camada de 5 cm, além da base concretada que fizemos para a segurança dos carros e caminhões com cargas pesadas. Isso faz parte do trabalho de infraestrutura que estamos fazendo desde o início da nossa gestão e queremos concluir o primeiro mandato com muita segurança, trazendo asfaltos de qualidade para os motoristas na cidade de Goiânia.
*Metodologia: 900 entrevistados pela Quaest entre os dias 31 de agosto a 2 de setembro de 2024. A pesquisa foi contratada pela Televisão Anhanguera S/A. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº GO-00762/2024.
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