O empresário Sandro Mabel (União), 65 anos, venceu o segundo turno das eleições municipais de 2024 em Goiânia, neste domingo (27), na disputa contra o candidato Fred Rodrigues (PL). Ele estará à frente da gestão pública municipal da capital pelos próximos quatro anos.
Com 100% das urnas apuradas, Mabel teve 55,53% dos votos válidos (353.518); já Rodrigues registrou 44,47% dos votos válidos (283.054), conforme apuração do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Mabel voltou à vida pública após cerca de 10 anos para se filiar ao União Brasil, atendendo ao convite do aliado e governador Ronaldo Caiado (União Brasil). O ex-deputado federal foi dono da Mabel, empresa de bolachas que leva o sobrenome da família e dirigiu a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg). Na campanha, o empresário destacou a capacidade de gestão no setor privado para administrar a cidade de Goiânia.
Na votação deste domingo, Mabel conseguiu reverter o quadro do primeiro turno, quando Rodrigues recebeu 31,14% dos votos válidos, seguido pelo empresário com 27,66%. A candidata Adriana Accorsi (PT) teve 24,44% da preferência do eleitorado na capital goiana no primeiro turno.
Disputa entre candidatos de Bolsonaro e Caiado teve troca de farpas
No primeiro turno, a campanha em Goiânia foi equilibrada com três candidatos na briga. Então, na reta final, a disputa ficou ainda mais acirrada entre os candidatos Fred Rodrigues e Sandro Mabel, apadrinhados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, respectivamente.
A temperatura subiu no final de setembro, quando Bolsonaro participou de um comício e lembrou do fechamento do comércio durante a pandemia, responsabilizando os governadores pelas decisões. Presidenciáveis na corrida eleitoral de 2026, Bolsonaro e Caiado tiveram posições divergentes sobre o assunto como medida para restringir o contágio pela Covid-19.
“Fui contra governadores que falavam: fiquem em casa, a economia a gente vê depois. Governador covarde! O vírus ia pegar todo mundo, não tinha como fugir”, criticou o ex-presidente, sem citar o nome do chefe do Executivo goiano.
No mesmo evento, Bolsonaro chamou Mabel de “candidato das rosquinhas” e comentou um vídeo em que o ex-deputado federal elogiava o governo da então presidente Dilma Rousseff (PT). O empresário justificou que, após a petista cometer erros, a única alternativa foi trabalhar no Congresso Nacional pelo impeachment de Dilma.
Fred Rodrigues também foi alvo de críticas dos adversários pela falta de experiência administrativa e política. O candidato a prefeito pelo PL perdeu o mandato como deputado estadual após ter o registro indeferido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições de 2022. Ele teve 42.784 votos, sendo o mais votado na capital.
Durante a campanha, Rodrigues defendeu que era o único candidato de direita na corrida pela prefeitura de Goiânia. Em entrevista à Gazeta do Povo, Mabel declarou que o adversário “ainda estava nas fraldas” quando ele já trabalhava pela direita brasileira como deputado no Congresso Nacional.
Prefeito sem popularidade e candidatura de senador desidratada
O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Solidariedade), tentou a reeleição, mas teve apenas 3,14% dos votos. Ele terminou a apuração na sexta colocação no primeiro turno. Cruz foi candidato a vice-prefeito na chapa do ex-senador Maguito Vilela nas eleições de 2020.
No entanto, após vitória nas urnas, o prefeito goianiense morreu aos 71 anos por complicações em decorrência da Covid-19, em janeiro de 2021. Sem aprovação do eleitorado, Cruz não conseguiu a vitória encabeçando a chapa à reeleição.
Quem também viu a candidatura derreter foi o senador Vanderlan Cardoso (PSD), que era cotado como um dos favoritos no pleito durante a pré-campanha. Ele, que é presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), foi envolvido em uma polêmica com o pastor Silas Malafaia, que criticou um projeto de regulamentação de cigarros eletrônicos que foi colocado em pauta para discussão na comissão comandada por Cardoso.
Além disso, o senador ainda teve de trocar de vice durante a campanha por causa de um imbróglio na Justiça Eleitoral com o PP, que indicou o vice na chapa composta pelo PSD. Nas urnas, Cardoso foi apenas o quinto mais votado, com 6,57% dos votos válidos.
Após os resultados das eleições em Goiânia, os desafios do município
Goiânia foi a capital com melhor nota e está entre as 100 melhores cidades do Brasil para se viver, de acordo com o ranking da Gazeta do Povo. A capital goiana ficou em 60º lugar na lista com a nota geral de 6,85, média da pontuação de dados coletados em diferentes áreas, como educação, segurança pública, economia, infraestrutura, cultura e saúde.
Na área da educação, o município teve nota de 8,78, ficando atrás apenas de Curitiba entre as capitais do país. Na infraestrutura, a cidade de 1,4 milhão de habitantes teve a nota 7,4, com pontuação menor que as capitais São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Vitória.
Na saúde, Goiânia cai para 13ª colocação entre as capitais do país com a nota 6,2, empatada com Porto Velho (RO). Segundo a pesquisa AtlasIntel, divulgada no último dia 14, a saúde pública é a maior preocupação dos goianienses, citada como o principal problema da cidade para 72,1% dos entrevistados.
A gestão da atual prefeitura na área da saúde foi considerada "péssima" por 63% do eleitorado. Segundo o levantamento da AtlasIntel, a administração de Cruz foi reprovada por 91% dos entrevistados.
Além da saúde, o ranking da Gazeta do Povo aponta que a capital do estado de Goiás também teve baixo desempenho na economia: Goiânia recebeu a nota de 4,8, abaixo de todas as capitais do Sul e Sudeste.
- Metodologia da pesquisa citada: 1.204 entrevistados pela AtlasIntel entre os dias 8 e 13 de outubro de 2024. A pesquisa foi contratada pela própria AtlasIntel Tecnologia de Dados Ltda Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº GO-08079/2024.
Governo promete reforma, mas evita falar em corte de gastos com servidores
Brasil tem portas fechadas em comissão da OEA para denunciar abusos do STF
CEO do Carrefour pede desculpas por criticar qualidade de carne brasileira
Como fica a divisão de poder entre direita e esquerda na América Latina após as eleições no Uruguai
Deixe sua opinião