A disputa pela prefeitura de João Pessoa (PB) sofreu uma reviravolta nesta quarta-feira (11), quando os três principais concorrentes do prefeito Cícero Lucena (PP), que busca reeleição, o acusaram de envolvimento com o crime organizado. Eles afirmam que facções criminosas estariam proibindo a realização da campanha eleitoral da oposição.
Os candidatos Luciano Cartaxo (PT), Marcelo Queiroga (PL) e Ruy Carneiro (Podemos) protocolaram no Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) um pedido de envio de tropas federais até o término do processo eleitoral, para garantir a segurança do pleito. Eles também pedem a quebra de sigilo das investigações da Polícia Federal (PF) sobre a suposta interferência do crime organizado nas eleições da capital.
A solicitação foi feita após a deflagração da operação Território Livre, deflagrada pela PF na terça-feira (10), no bairro São José, em João Pessoa. A investigação apura crimes de aliciamento violento de eleitores e atuação de uma organização criminosa.
As investigações indicam que os suspeitos usavam violência para coagir eleitores. Foram apreendidos R$ 35 mil, celulares, documentos com dados de várias pessoas que não residiam no local da busca, além de contracheques de funcionários da prefeitura, embora nenhum servidor municipal esteja entre os alvos. Nas informações divulgadas sobre a operação, a Polícia Federal não mencionou o prefeito.
Prefeito de João Pessoa nega acusações
O prefeito e candidato à reeleição em João Pessoa, Cícero Lucena, negou qualquer envolvimento com o crime organizado. Em resposta às acusações, o gestor municipal emitiu uma nota na qual lamenta o que chamou de "festival de preconceito, mentiras e ataques" por parte dos adversários políticos.
Ele afirmou que João Pessoa sempre teve eleições tranquilas, sendo um local de "povo pacífico e ordeiro", e que os oponentes estão tentando manchar não apenas sua imagem, mas também a da cidade. Lucena destacou que a competência para o envio de tropas federais é da Justiça Eleitoral, e não dos candidatos.
O prefeito também reiterou o compromisso com eleições limpas e com respeito à democracia, sem a disseminação de fake news. Na nota, ele ressaltou que já encaminhou ao TRE sua disposição de garantir transporte gratuito no dia da eleição, a fim de facilitar o acesso de todos os eleitores às urnas. "Eu defendo, e sempre defenderei, eleições limpas, sem fake news, com respeito ao resultado e à democracia", concluiu Lucena.
A prefeitura de João Pessoa, por sua vez, publicou uma nota oficial, afirmando que nenhum imóvel ou servidor municipal foi alvo da operação e lamentando qualquer insinuação de envolvimento de autoridades do Executivo municipal com os crimes investigados. A gestão destacou que “não houve busca e apreensão em repartições municipais, nem servidores públicos nomeados ou contratados estão entre os alvos da operação”.
Operação Mandare
Em maio deste ano, outra operação da PF na cidade mirou as secretarias de Saúde e de Direitos Humanos e Cidadania, além da autarquia de Limpeza Urbana de João Pessoa e da casa da secretária-executiva de Saúde, Janine Lucena, filha do prefeito.
A investigação revelou que um dos líderes da organização teria negociado cargos na prefeitura em troca de acesso livre a comunidades. Na época, a secretária informou que só se manifestaria nos autos do processo. Já Cícero Lucena disse que ela só foi alvo por ter “recebido uma ligação do presídio para o telefone dela”.
PT e PL juntos em pedido de tropas para João Pessoa
O pedido de envio de tropas federais à Paraíba reúne candidatos de diferentes espectros políticos: de um lado, Cartaxo é aliado de Lula no estado; do outro, Queiroga é ex-ministro da Saúde do governo de Jair Bolsonaro e representante do ex-presidente na Paraíba. Já Ruy Carneiro é o candidato do chamado “centrão”.
Deixando os embates ideológicos temporariamente de lado, os três participaram juntos de uma coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (11). Na ocasião, eles afirmaram estar preocupados com o avanço do crime organizado na cidade.
Queiroga afirmou que o encontro entre os candidatos simboliza um ato em ”defesa da democracia”. Já Ruy Carneiro reforçou que o ato está acima de qualquer disputa política, sendo uma questão de garantir a liberdade e a segurança da população de João Pessoa.
Carneiro mencionou que, no dia 15 de agosto, registrou um boletim de ocorrência relatando que teve de suspender uma atividade de campanha no bairro Cristo Redentor após sofrer ameaças de criminosos. Ele também disse que, no último sábado (7), um grupo de apoiadores foi impedido de entrar na comunidade Lagoinha para fazer campanha.
“Não vamos aceitar, sob hipótese alguma, que quem decida as eleições em João Pessoa sejam as facções criminosas em parceria com a prefeitura”, disse Carneiro. Cartaxo, por sua vez, criticou a ausência do atual prefeito no pedido de reforço de segurança.
Bolsonaro “planejou, dirigiu e executou” atos para consumar golpe de Estado, diz PF
PF acusa Braga Netto de pressionar comandantes sobre suposta tentativa de golpe
Governadores do Sul e Sudeste apostam contra PEC de Lula para segurança ao formalizar Cosud
Congresso segue com o poder nas emendas parlamentares; ouça o podcast
Deixe sua opinião