O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) elegeu 133 candidatos nas eleições municipais deste ano, desde militantes próprios até políticos comprometidos com as pautas do grupo, sendo a reforma agrária a principal delas. A maior parte de candidatos era filiada ao PT, partido do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Entre eles, foram eleitos 23 prefeitos e vice-prefeitos e 110 vereadores em 19 estados do país. Os números são do próprio MST.
No total, o grupo lançou 600 candidaturas em 367 municípios de 22 estados. A maioria das campanhas foi feita em cidades de menos de 50 mil habitantes. De acordo com dados do movimento, 58% dos candidatos eram do Nordeste, 19% do Sudeste, 15% do Sul, 5% do Norte e 3% do Centro-Oeste. O estado com maior número de candidaturas foi a Bahia, somando 153 entre militantes e apoiadores da causa.
Segundo levantamento do jornalO Globo, dentre os 133 eleitos, 43 eram candidatos próprios do MST e 90 eram políticos que se comprometeram com reivindicações do grupo. Já uma pesquisa realizada pela reportagem da Gazeta do Povo na página feita pelo MST que lista todos os candidatos mostra que 68 deles usaram a alcunha “do MST” no nome de urna.
O objetivo do grupo, que atua na invasão de terras consideradas por eles como “improdutivas”, é fortalecer pautas de reforma agrária e de enfrentamento ao agronegócio e às mineradoras. O discurso oficial da organização é de que os militantes defendem pontos como a “democratização do acesso à terra, incentivo à produção e cooperação agroecológica na produção de alimentos saudáveis e combate à fome, iniciativas de sustentabilidade e cuidado permanente com o meio ambiente, defesa da educação, saúde, cultura e diversidade”.
Essa organização do MST em busca de representação nas casas legislativas e nos cargos majoritários foi intensificada em 2022, quando o grupo conseguiu eleger deputados federais e estaduais. Um deles, inclusive, conseguiu ser alçado para prefeito este ano: Washington Quaqua (PT), que vai assumir a prefeitura de Maricá (RJ).
Deputado Luciano Zucco minimiza representatividade do MST
O deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), ex-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o MST, disse que considera a eleição de 133 candidatos um desempenho fraco do grupo e que a representatividade que alcançou no país é "pífia", dado que há 5.570 municípios brasileiros. "Esse é o atual quadro da esquerda no Brasil. O eleitor cansou dessa gente", afirmou.
O movimento é apoiado pelo presidente Lula, que mantém relação próxima com dirigentes e prometeu, em julho deste ano, a dirigentes do MST e de outras entidades da esquerda. Além disso, o MST terá espaço na destinação de pelo menos R$ 77 bilhões para a agricultura familiar por meio do Plano Safra, do governo federal.
Isso porque o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), comandado pelo petista Paulo Teixeira, editou uma portaria em que criou um grupo de trabalho para elaborar o Plano de Safra da Agricultura Familiar 2024/2025, e um dos integrantes é do MST.
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