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Quaest realizou pesquisas em 23 capitais em agosto e setembro.
Quaest realizou pesquisas em 23 capitais em agosto e setembro.| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

A mais recente rodada de pesquisas da Quaest para as eleições de 2024 mostrou disputas acirradas e outras sem grandes emoções. Para além das porcentagens de intenções de voto, de quem está à frente e de quem está mal posicionado, há dados nos levantamentos de 23 capitais que podem explicar como o caminho até o dia da votação está sendo desenhado e o que pode mudar até 6 de outubro.

O questionário da Quaest aos eleitores pergunta mais do que em quem o entrevistado pretende votar e busca entender o clima daquele momento. A avaliação de prefeitos, governadores e do presidente da República, por exemplo, pode corroborar um determinado cenário. Um nome que desponta na pesquisa espontânea pode dar sinais de favoritismo. O grau de indecisão e indefinição de voto pode indicar uma disputa mais acirrada.

A Gazeta do Povo pinçou algumas dessas informações para mostrar como as disputas pelas prefeituras das capitais brasileiras percorrem caminhos diferentes, levando em conta a indecisão, a definição de votos e a avaliação dos governos. As pesquisas da Quaest foram contratadas pela Rede Globo e afiliadas.

Em Macapá, avaliação positiva encaminha reeleição

O atual prefeito de Macapá, Dr. Furlan (MDB), está liderando com folga a corrida pela prefeitura e parece não encontrar adversários que mudem esse cenário. Na pesquisa espontânea, quando os nomes dos candidatos não são apresentados previamente para escolha do eleitor, ele atinge 69% das intenções de voto, a maior menção na espontânea em todo o Brasil de acordo com os levantamentos da Quaest. E quando são mostrados os nomes dos candidatos, ele alcança 91% no cenário estimulado.

Candidato à reeleição, Dr. Furlan tem a maior menção entre as pesquisas espontâneas em todo o Brasil.

O alto grau de menção na espontânea demonstra um eleitorado bem decidido em relação a quem vai votar na eleição na capital do Amapá. Tanto é assim que 80% dos entrevistados disseram que já decidiram em que vão votar em 6 de outubro, o maior índice das rodadas da Quaest no país.

Na eleição de 2020, Dr. Furlan teve 16,03% dos votos válidos no primeiro turno, ficando atrás de José Alcolumbre. No segundo turno, ele se elegeu prefeito com 55,67%. Em quase quatro anos de governo, conseguiu se popularizar a ponto de poder vencer logo no primeiro turno em 2024. A relativa folga se traduz na avaliação do governo dele na prefeitura de Macapá: 96% dos entrevistados consideram positiva a gestão — nenhum outro prefeito no Brasil passa dos 90%.

Metodologia da pesquisa mencionada: 704 pessoas entrevistadas pela Quaest entre os dias 23 e 25 de agosto de 2024. A pesquisa foi contratada pela Rádio TV do Amazonas Ltda/Rede Amazônica Rádio e Televisão. Confiança: 95%. Margem de erro: 4 pontos percentuais para mais ou para menos. Registro no TSE nº AP-00095/2024.

Em Curitiba, indecisão desenha cenário disputado

Se em Macapá a situação eleitoral parece definida, em Curitiba o cenário é imprevisível, aponta a última Quaest. Isso porque o cidadão curitibano ainda está indeciso em relação em que votar. Na pesquisa espontânea, os indecisos chegam a 81%. Não por acaso, 67% dos entrevistados afirmaram que podem mudar o voto até o dia do pleito.

Isso tem gerado uma disputa acirrada até o momento. Pelos dados da Quaest, há um empate técnico quádruplo na liderança: Eduardo Pimentel (PSD) tem 19% das intenções de voto, Roberto Requião (Mobiliza) soma 18%, Luciano Ducci (PSB) vai a 18% e Ney Leprevost (União Brasil) chega 14% — eles estão empatados dentro da margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

67% dos eleitores de Curitiba podem mudar o voto até o dia da eleição.

Metodologia da pesquisa citada: 900 entrevistados pela Quaest entre os dias 24 e 26 de agosto de 2024. A pesquisa foi contratada pela Sociedade Rádio Emissora Paranaense SA (RPC). Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº PR-06447/2024.

Em Belém, atual prefeito sofre para se reeleger

Em 2020, Edmilson Rodrigues (Psol) foi eleito prefeito de Belém com 51,76% dos votos no segundo turno, batendo Delegado Eguchi (PRTB)  na disputa. Agora, a caminhada dele à reeleição está ameaçada, vendo dois adversários à frente: Rodrigues tem 15% das intenções de voto, enquanto Delegado Éder Mauro (PL) está com 23% e Igor Normando (MDB) soma 21%.

Uma explicação para não conseguir transformar a atual gestão em votos é a própria avaliação de seu governo. Na rodada da Quaest na capital paraense, ele tem o pior índice de avaliação nas capitais brasileiras: 70% dos entrevistados em Belém consideram negativa a gestão dele na prefeitura.

Metodologia: 900 entrevistados pela Quaest entre os dias 28 e 30 de agosto de 2024. A pesquisa em Belém foi contratada pela Televisão Liberal SA. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº PA-02991/2024.

Avaliação do governo estadual pode influenciar na disputa municipal

As eleições de 2024 são municipais, mas a movimentação nas esferas estadual e federal podem ter seu peso nas disputas locais. Um governador bem avaliado, por exemplo, pode transferir votos para um aliado na cidade.

É o caso de Goiânia, onde Sandro Mabel (União Brasil) está empatado na liderança com Adriana Accorsi (PT) e Vanderlan Cardoso (PSD). Mabel é aliado do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que tem a melhor avaliação na capital entre os governos estaduais no Brasil: 78% dos eleitores de Goiânia avaliam a gestão dele como positiva.

Um desempenho estadual ruim, da mesma forma, pode alavancar um candidato a prefeito. Mas, no caso, um adversário. É o que acontece com a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSB), que é a mais mal avaliada na rodada da Quaest, com 48% dos eleitores de Recife classificando o trabalho dela como negativo.

O atual prefeito e candidato à reeleição, João Campos (PSB) é oponente político da governadora e tem conseguido evidenciar isso até agora, tanto que ele lidera a pesquisa com 80% da preferência no cenário estimulado.

Metodologia: 900 entrevistados pela Quaest entre os dias 31 de agosto a 2 de setembro de 2024. A pesquisa foi contratada pela Televisão Anhanguera S/A. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº GO-00762/2024.

Desempenho de Lula tem menor influência

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também tenta transformar a influência dele em votos nas capitais. E é exatamente em Recife onde ele tem a melhor avaliação entre as capitais, com 41% do eleitorado avaliando a a gestão federal como positiva. Na capital pernambucana, ele apoia a candidatura de João Campos e tem, por enquanto, encaminhado a parceria pelos próximos quatro anos, mais na carona da popularidade de Campos.

Pior avaliação de Lula está na cidade de Boa Vista, entre as capitais.

Por outro lado, em Boa Vista, o presidente Lula tem a avaliação mais negativa nas capitais, chegando a 51%. Não por acaso o candidato apoiado pelo PT, Mauro Nakashima (PV) aparece com apenas 2% das intenções de voto, enquanto Arthur Henrique (MDB) dispara com 65% — o atual prefeito é apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Metodologia: 704 entrevistados pela Quaest entre os dias 24 e 26 de agosto de 2024. A pesquisa foi contratada pela Rádio TV do Amazonas Ltda/ Rede Amazônica Rádio e Televisão. Confiança: 95%. Margem de erro: 3,7 pontos percentuais. Registro no TSE: RR-01685/2024.

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