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“Quem praticar ilícito eleitoral ou penal não eleitoral responderá por isso”, disse Cármen Lúcia sobre apreensões da PF
“Quem praticar ilícito eleitoral ou penal não eleitoral responderá por isso”, disse Cármen Lúcia sobre apreensões da PF| Foto: Luiz Roberto/Secom/TSE

Balanço da Polícia Federal divulgado neste domingo (27) registra que, em operações para combater crimes eleitorais na eleição municipal deste ano, foram apreendidos R$ 54,9 milhões. R$ 24,1 milhões em espécie e R$ 30,8 milhões em bens. Os principais crimes apurados, informou a corporação, foram propaganda irregular e compra de votos.

Ao comentar os números, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, afirmou que os valores, no entanto, “não necessariamente são de crimes eleitorais”. “Foram operações da PF feitas durante o período que tinha a preocupação de ser muito mais efetivas, todas as forças de segurança”, disse a ministra, em entrevista à imprensa neste domingo.

“A Justiça Eleitoral ainda não tem nada a respeito disso. Isso é apuração, decorrente de investigação que, se vier a conter, será levado ao Ministério Público, e aí chegará. A Justiça Eleitoral, e o Judiciário, não deixa de dar resposta a crimes. Estamos num estado de direito, e quem praticar ilícito eleitoral ou penal não eleitoral responderá por isso. Estamos nessa fase ainda e não há nada a ser feito”, afirmou.

Núcleo do TSE investiga influência do crime organizado

Ela foi questionada não apenas sobre os dados, mas também sobre a possível influência do crime organizado na campanha. Respondeu que constituiu um núcleo no TSE para examinar o problema, mas disse que ele ainda está apurando o que pode ter ocorrido.

“Constitui um núcleo, que se voltou a examinar exatamente se haveria intervenção especialmente de facções criminosas, que pudessem eventualmente querer interferir no financiamento de campanhas. Isso também está sendo apurado e a PF tem colaborado”, disse.

“Mas não temos dados. É a primeira vez que a gente volta o olhar da Justiça Eleitoral para isso, para que a gente veja se houve a tentativa de indicação de candidatos, se houve financiamento, e isso tem uma sequência. E tudo que for apurado será dado a público. Esse núcleo é permanente e continua atuando”, concluiu em seguida.

Cármen evita comentar fala de Tarcísio sobre Boulos e PCC

Na entrevista, ela também foi questionada, por três vezes, sobre a declaração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), neste domingo, de que uma organização criminosa teria orientado voto no candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) – ele foi derrotado pelo atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Tarcísio.

“Teve o salve. Houve interceptação de conversas, de orientações que eram emanadas de presídios por parte de uma facção criminosa orientado determinadas pessoas em determinadas áreas a votar em determinados candidatos. Houve essa ação de interceptação, de inteligência, mas não vai influenciar as eleições”, afirmou o governador.

Ele havia sido questionado sobre uma suposta declaração de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) para que cidadãos de Santos evitassem votar na candidata à prefeitura Rosana Valle (PL). Tarcísio respondeu que “aconteceu aqui também”.

Quando jornalistas pediram que ele fosse mais específico, Tarcísio respondeu “Boulos” e afirmou que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) já teria posse dos indícios. Logo depois, Boulos acionou a Justiça Eleitoral para tornar Tarcísio inelegível e cassar Nunes.

Cármen Lúcia se negou a comentar, dizendo que não poderia falar sobre um caso já judicializado. Afirmou apenas que será dada resposta “juridicamente”.

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