Balanço da Polícia Federal divulgado neste domingo (27) registra que, em operações para combater crimes eleitorais na eleição municipal deste ano, foram apreendidos R$ 54,9 milhões. R$ 24,1 milhões em espécie e R$ 30,8 milhões em bens. Os principais crimes apurados, informou a corporação, foram propaganda irregular e compra de votos.
Ao comentar os números, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, afirmou que os valores, no entanto, “não necessariamente são de crimes eleitorais”. “Foram operações da PF feitas durante o período que tinha a preocupação de ser muito mais efetivas, todas as forças de segurança”, disse a ministra, em entrevista à imprensa neste domingo.
“A Justiça Eleitoral ainda não tem nada a respeito disso. Isso é apuração, decorrente de investigação que, se vier a conter, será levado ao Ministério Público, e aí chegará. A Justiça Eleitoral, e o Judiciário, não deixa de dar resposta a crimes. Estamos num estado de direito, e quem praticar ilícito eleitoral ou penal não eleitoral responderá por isso. Estamos nessa fase ainda e não há nada a ser feito”, afirmou.
Núcleo do TSE investiga influência do crime organizado
Ela foi questionada não apenas sobre os dados, mas também sobre a possível influência do crime organizado na campanha. Respondeu que constituiu um núcleo no TSE para examinar o problema, mas disse que ele ainda está apurando o que pode ter ocorrido.
“Constitui um núcleo, que se voltou a examinar exatamente se haveria intervenção especialmente de facções criminosas, que pudessem eventualmente querer interferir no financiamento de campanhas. Isso também está sendo apurado e a PF tem colaborado”, disse.
“Mas não temos dados. É a primeira vez que a gente volta o olhar da Justiça Eleitoral para isso, para que a gente veja se houve a tentativa de indicação de candidatos, se houve financiamento, e isso tem uma sequência. E tudo que for apurado será dado a público. Esse núcleo é permanente e continua atuando”, concluiu em seguida.
Cármen evita comentar fala de Tarcísio sobre Boulos e PCC
Na entrevista, ela também foi questionada, por três vezes, sobre a declaração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), neste domingo, de que uma organização criminosa teria orientado voto no candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) – ele foi derrotado pelo atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Tarcísio.
“Teve o salve. Houve interceptação de conversas, de orientações que eram emanadas de presídios por parte de uma facção criminosa orientado determinadas pessoas em determinadas áreas a votar em determinados candidatos. Houve essa ação de interceptação, de inteligência, mas não vai influenciar as eleições”, afirmou o governador.
Ele havia sido questionado sobre uma suposta declaração de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) para que cidadãos de Santos evitassem votar na candidata à prefeitura Rosana Valle (PL). Tarcísio respondeu que “aconteceu aqui também”.
Quando jornalistas pediram que ele fosse mais específico, Tarcísio respondeu “Boulos” e afirmou que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) já teria posse dos indícios. Logo depois, Boulos acionou a Justiça Eleitoral para tornar Tarcísio inelegível e cassar Nunes.
Cármen Lúcia se negou a comentar, dizendo que não poderia falar sobre um caso já judicializado. Afirmou apenas que será dada resposta “juridicamente”.
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