As eleições de 2024 para a Câmara Municipal de São Paulo resultaram em poucas mudanças na composição política de vereadores para a base do futuro gestor do Executivo paulistano. O campo de centro foi levemente fortalecido, o que tende a favorecer a administração de Ricardo Nunes (MDB) em um eventual segundo mandato, e a complicar uma possível gestão de Guilherme Boulos (Psol).
A coligação de Nunes, que inclui partidos como o próprio MDB, além de Republicanos e União Brasil, consolidou a liderança, ocupando mais cadeiras que os blocos de esquerda, que tinham como expectativa expandir a representação com o crescimento de candidaturas populares alinhadas a Boulos. A direita, que em outras eleições teve um papel expressivo, viu uma estagnação na bancada na Câmara.
Chama atenção também o desaparecimento do PSDB, que tinha oito cadeiras na Câmara e não elegeu nenhum vereador. O racha interno enfraqueceu o partido e fez se tornar irrelevante a sigla que já comandou o estado de São Paulo por mais de 20 anos.
O cenário resultante destas eleições revela um fortalecimento das legendas de centro, principalmente com PP e Podemos, que compõem a base de Nunes, dobrando o número de cadeiras na Câmara. Esse movimento enfraquece a expectativa de que Boulos consiga formar uma base sólida na Câmara, já que a coligação com o Psol e outros partidos à esquerda, como o PT, não alcançou os números esperados.
Os partidos que cresceram e diminuíram na Câmara Municipal de São Paulo
Um levantamento realizado pela BMJ Consultores Associados aponta que, apesar de ainda se manter maioria na Câmara, com 36 cadeiras ou 65% delas, a coligação do prefeito de São Paulo perdeu no total um assento. O encolhimento se deve principalmente pelo MDB, que passou de 11 para 6 cadeiras. O Psol, por sua vez, ganhou uma cadeira e a coligação de Guilherme Boulos ficou representada por 16 vereadores ou 29% da Câmara.
Já o Novo, que tem um vereador, deve apoiar Nunes, enquanto o PSB, que tem 2, deve apoiar o candidato do Psol. O PT, que tem a candidatura a vice de Boulos com Marta Suplicy, ficou com a maior bancada: 8 cadeiras, apesar de ter perdido uma.
O PL e o União se mantiveram com sete cadeiras cada, reafirmando a relevância das siglas. Lucas Pavanato, do PL, foi eleito como o vereador mais votado do Brasil. Os partidos que mais se fortaleceram são Podemos, que passou de duas para seis cadeiras, e o PP, que passou de dois para quatro vereadores.
“O presidente da Câmara, Milton Leite (União), não disputou a reeleição, mas deve ter grande peso na votação da próxima mesa diretora”, diz Aryell Calmon, coordenador de estados e municípios da BMJ Consultores Associados. “Até então, Rubinho Nunes (União) e Rodrigo Goulart (PSD) eram os nomes ventilados para a sucessão e ambos foram reeleitos. Contudo, Leite conseguiu eleger duas figuras de sua confiança, Silvão Leite e Silvinho, ambos do União, e que devem ser fortalecidos pelo padrinho”, complementou Calmon.
Vereadores de perfil ideológico devem trazer embates de ideias para a Câmara de São Paulo
À Gazeta do Povo, o vereador reeleito Rubinho Nunes (União) afirmou que vê na nova composição do legislativo paulistano uma Câmara muito diferente da atual, “renovada” em relação aos nomes dos candidatos e com “um perfil mais ideológico tanto no espectro da esquerda quanto da direita”.
“Acho que a gente vai ter uma câmara com bastante embates ideológicos, isso já começa desde o princípio e deve se arrastar todo o mandato, a despeito de quem venha a ganhar a eleição para prefeito”, diz Nunes. Entre os nomes que trazem renovação e devem provocar embates estão Lucas Pavanato (PL), Zoe Martinez (PL) - que ficou conhecida nas redes sociais por criticar a ditadura cubana, Janaína Paschoal (PP), autora do impeachment de Dilma Rousseff (PT); Amanda Vetorazzo (União), do Movimento Brasil Livre (MBL); e Adrilles Jorge (PL), jornalista e comentarista político.
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