A candidata do Partido Novo à prefeitura de São Paulo, Marina Helena, elencou prioridades da sua plataforma de campanha para a cidade, em entrevista à Gazeta do Povo. Entre os destaques, elencou a área da segurança pública e, além de propostas para a gestão pública municipal, Marina Helena defende que o chefe do Executivo paulistano, ao representar 11,5 milhões de pessoas, precisa impor voz e se empenhar para que o Congresso Nacional aprove leis mais duras em repressão à criminalidade.
Marina Helena também reclamou de quando não é mencionada entre os candidatos de direita que em 2024 estão na disputa pela maior prefeitura do país. A íntegra das respostas da candidata Marina Helena à Gazeta do Povo pode ser conferida abaixo:
Em seu plano de governo é mencionado que a participação de São Paulo no PIB nacional tem diminuído na última década e que muitos empresários consideram deixar a cidade. O que a candidata pretende fazer para reverter essa situação?
Nos últimos 10 anos, a economia de São Paulo encolheu 16% em termos reais. Isso equivale a perder o equivalente a duas cidades do tamanho de Porto Alegre. Nossa proposta é restabelecer São Paulo como uma terra de oportunidades, melhorando as condições para quem trabalha e produz na cidade.
Primeiro, não vamos aumentar impostos; ao contrário, vamos trabalhar para reduzi-los. O orçamento per capita de São Paulo é duas vezes e meia maior que a média das outras capitais brasileiras. Isso significa que muito dinheiro sai do bolso do trabalhador e do empreendedor, mas não se transforma em boas políticas públicas. Estamos perdendo oportunidades com essa carga tributária alta, que não retorna em benefícios para a população.
O segundo ponto é desburocratizar. Há muita burocracia, e o cidadão precisa ter clareza do que acontece. Temos um projeto de transparência radical. Queremos facilitar a vida do empreendedor com um balcão único, onde todas as condições para abrir uma empresa estejam reunidas.
Marina Helena promete não aumentar impostos e reduzir a burocracia na prefeitura de São Paulo.
Vamos fazer um "revogaço" de normas desnecessárias e implementar a Lei de Liberdade Econômica. Em Tocantins, por exemplo, um alvará de construção é emitido digitalmente e pode sair no dia seguinte. Aqui, é preciso ir à subprefeitura, ficando à mercê do subprefeito, o que pode levar à corrupção. Queremos acabar com isso, reduzindo ao máximo a burocracia e transformando tudo em digital. Quando estive no Ministério da Economia, implementamos o governo digital, o que reduziu significativamente a intermediação, a corrupção e a ineficiência.
Por fim, temos a capacitação profissional. Destaco o "Trilhas de Futuro", um programa de Minas Gerais, estado que mais promoveu capacitação técnica no Brasil, com mais de 105 mil pessoas formadas em parceria com o setor privado.
São Paulo tem cerca de 7,5 mil guardas civis metropolitanos, e seu plano propõe dobrar esse número para 15 mil. De onde virá a verba para isso? E ainda sobre o tema de segurança: a senhora é favorável ao uso de câmeras corporais pelos guardas civis metropolitanos?
São Paulo destina apenas 1% do orçamento para segurança, o que é muito pouco. Vamos triplicar esse orçamento, e os recursos virão principalmente da eliminação de ineficiências. Na cidade de São Paulo, a retirada de uma árvore custa R$ 28 mil, enquanto no resto do Brasil é R$ 2 mil. Esse é um exemplo, mas posso citar outros. Vamos fazer um pente-fino em todos os contratos da prefeitura e, com isso, economizar o suficiente para não apenas triplicar o orçamento da segurança, mas também reduzir impostos na cidade.
Com esses recursos, vamos dobrar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana. É fundamental treinar e armar bem os guardas civis, e a questão das câmeras corporais é fundamental nesse contexto. Estou alinhada com o governador Tarcísio (de Freitas, do Republicanos), que está comprando câmeras para os policiais, mas câmeras que ajudem a prender criminosos. Queremos câmeras com reconhecimento facial, que também funcionem como instrumentos de comunicação entre os guardas civis. Desejo o mesmo equipamento que está sendo adquirido para a Polícia Civil e a Polícia Militar, para que tenha essa interligação. Meu vice, coronel Priell, tem experiência nessa área. Ele foi um dos idealizadores do Copom na PM. Nossa ideia é integrar a GCM e a PM, utilizando câmeras com reconhecimento de placas de veículos, inclusive para proteger os nossos guardas.
Em seu plano de governo, a senhora repete várias vezes o termo “tolerância zero” com o crime, sem detalhar medidas concretas. A senhora não teme que isso soe como uma tentativa de persuadir eleitores com o slogan "bandido bom é bandido morto", sem apresentar soluções?
Não, a gente está sendo bem claro, vou até pedir uma correção. Primeiro ponto: tolerância zero com a criminalidade. A droga não cai do céu. Tenho um foco muito forte em segurança, e a escolha do meu vice mostra isso. Estamos comprometidos em combater o crime organizado. Recentemente, foi descoberta uma rede de hotéis na cracolândia, e a prefeitura tem um papel fundamental na fiscalização desses estabelecimentos.
Marina Helena é favorável à internação compulsória de usuários de droga
Segundo o secretário da Segurança do estado, 6 em cada 10 pessoas monitoradas no "fluxo" da cracolândia têm passagem ou são procuradas pela polícia. Isso é uma questão de segurança. Além disso, 6 em cada 10 pessoas estão nessa situação há mais de 5 anos. Essas pessoas não respondem mais por si mesmas. Sou a favor da internação compulsória. Claro que isso não se resolve com uma simples assinatura da prefeita, mas vamos envolver toda a comunidade médica para oferecer um tratamento adequado a essas pessoas, que já não conseguem cuidar de si mesmas. Não podemos permitir que permaneçam nessa situação.
Sobre a solução para a cracolândia, seu plano menciona "parcerias eficientes com instituições de tratamento e o governo estadual, promovendo um tratamento integrado e sustentável para os usuários". Não acha que essa é mais uma promessa vaga para situação?
A solução é bem concreta: bandido bom é bandido preso. Precisamos investir em pessoal e tecnologia para melhorar a sensação de segurança da população. A realidade hoje é que o paulistano não pode andar com o celular na rua porque corre o risco de ter uma arma apontada para sua cabeça. Não é só o celular que é roubado, é a própria segurança das pessoas que está em jogo. Essa é a principal queixa dos paulistanos. Não posso querer ser prefeita de São Paulo sem oferecer uma solução para isso, e a solução existe: não passar a mão na cabeça de bandido. Bandido tem que ir para a prisão.
Não é só o celular que é roubado, é a própria segurança das pessoas que está em jogo. Essa é a principal queixa dos paulistanos.
Marina Helena, candidata à prefeitura de São Paulo
Além disso, a prefeita de São Paulo é uma das principais autoridades políticas do nosso país, representando 11,5 milhões de pessoas. Precisa trabalhar para que o Congresso Nacional aprove leis mais duras. Isso é algo que meus concorrentes da esquerda, como (Guilherme) Boulos e Tabata (Amaral), se opuseram durante seu tempo na Câmara.
Outra questão é trazer mais transparência ao Judiciário. Quando criminosos são soltos em audiências de custódia, precisamos dar visibilidade a essas decisões e cobrar ações efetivas. O (governador) Zema, em Minas Gerais, reduziu pela metade vários indicadores de criminalidade, e o Caiado, em Goiás, também mostrou resultados concretos.
O que Tarcísio está fazendo no estado de São Paulo é um enfrentamento real do crime organizado, com apreensões de drogas e outras ações. Quero estar ao lado desses esforços. O prefeito pode fazer muito, tanto com as forças de segurança, utilizando a Guarda Civil, quanto com uma voz política forte para mudar nossas leis e influenciar a postura do Judiciário, onde a polícia prende e a justiça solta.
Como a senhora avalia esta fase inicial da eleição? Concorda que os debates têm apresentado muitos ataques e poucas propostas?
Discordo, por um simples motivo: tão importantes quanto as propostas são os valores. Na verdade, os valores são tão ou até mais importantes do que as propostas. Temos uma proposta em nosso plano que se uma pessoa ficar mais de um mês na fila esperando por um exame, vamos oferecer um vale para que faça o exame em uma clínica privada. A Tabata acabou de copiar essa ideia, mas a visão dela de Brasil é completamente diferente da minha. A começar pela questão de segurança, eu falo em dobrar o efetivo da guarda, e o Boulos também fala, mas as ações dele como deputado são muito diferentes das propostas que eu defendo.
A visão da Tabata de Brasil é completamente diferente da minha.
Marina Helena, candidata à prefeitura de São Paulo
A verdade é que muitos políticos podem prometer tudo. Aliás, isso é o que mais se vê no horário político: promessas de tudo o que a população quer ouvir. Tão importante quanto as propostas que essas pessoas apresentam é saber quem realmente são. Para mim, o debate é o espaço para dizer: "espere aí, você está prometendo isso, mas suas ações anteriores contradizem suas palavras."
No último debate, por exemplo, a Tabata disse que não aumentaria impostos em São Paulo, mas votou a favor de todos os aumentos de impostos a nível nacional. Faz sentido? Alguém que apoia o aumento de impostos no nível federal seria contra isso no nível municipal? Vejo no debate uma oportunidade de confronto de valores, o que considero tão importante, ou até mais, do que as propostas em si.
O que te credencia a ser uma boa candidata para a maior prefeitura do país?
Meus valores e minha experiência são fundamentais. Os valores que defendo são os mesmos da maioria da nossa sociedade. As pessoas querem mais segurança, desejam uma postura mais firme nesse aspecto. Isso é um anseio que compartilho e defendo. Querem uma escola que ensine português e matemática, não doutrinação, comunismo ou linguagem neutra. Eu também defendo isso.
As pessoas buscam um estado mais eficiente, que faça mais com menos. Isso também é algo que defendo. Querem oportunidades. São Paulo sempre foi uma terra de oportunidades, mas a economia colapsou. Sou economista e estudei a vida inteira para entender como cidades e países prosperam com liberdade econômica. Essa é a minha carreira. Trabalhei por mais de 20 anos com políticas públicas, tanto no setor privado quanto no público e no terceiro setor.
As pessoas querem uma escola que ensine português e matemática, não doutrinação, comunismo ou linguagem neutra.
Marina Helena, candidata à prefeitura de São Paulo
Em termos de experiência, comparada aos outros candidatos, já passei por tudo. Outra questão é minha experiência de gestão no governo federal, quando fui diretora de desestatização. Durante os quatro anos da gestão Guedes no governo Bolsonaro, não houve um único escândalo de corrupção. Empresas estatais que davam prejuízo passaram a ser lucrativas. Seus ativos eram menores que os passivos, mas conseguimos mudar isso. Essas empresas tinham muito mais funcionários do que a prefeitura de São Paulo e orçamentos muito maiores e como conseguimos essa transformação? Colocando pessoas honestas e competentes. É isso que quero fazer em São Paulo, colocar nas secretarias e subprefeituras pessoas capacitadas. Por isso, sou a melhor opção para a cidade.
Muito se fala sobre a posição de Nunes e Marçal como candidatos de direita. Isso incomoda, considerando que não mencionam seu nome nessa discussão?
Claro que incomoda, e acredito que a mídia não me inclui intencionalmente. Vou tirar a Gazeta dessa questão, mas a maioria da mídia não quer um candidato de direita porque é alinhada à esquerda. Tenho certeza de que isso é proposital.
Nunes não é de direita, e não faz sentido citá-lo como tal. Ele defendeu o passaporte vacinal e demitiu pessoas por causa disso. Nem sei se ele participará da manifestação de 7 de setembro, mas ele nunca se posicionou contra a censura imposta pelo Poder Judiciário, que é o principal problema do nosso país, nem defendeu a liberdade de expressão.
Em um dos debates, mencionei uma cartilha para pessoas trans, inclusive para crianças, que é bastante preocupante. Devemos deixar as crianças fora disso. Até recentemente, a administração dele incluía Marta Suplicy, cujo trabalho era implementar a agenda 2030 na cidade de São Paulo. Hoje, ela é vice de Boulos. A (Simone) Tebet, do MDB, apoia o governo Lula.
Apesar de ser a cidade mais rica do país, São Paulo não atingiu a meta de 6,2 no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e ainda apresentou uma ligeira queda, com 5,6 nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Como pretende melhorar esse cenário?
Esse é um dos principais motivos pelos quais quero ser prefeita da nossa cidade. Como mãe da Luna e do Theo, eu mesma alfabetizei a Luna durante a pandemia. Isso está diretamente ligado ao período de alfabetização. É absurdo que menos de 38% das crianças sejam alfabetizadas até o segundo ano do ensino fundamental. No resto do mundo, isso acontece na pré-escola, estamos falando de uma defasagem de dois anos, e nem quatro em cada 10 crianças estão sendo alfabetizadas. Isso compromete todo o resto: sem alfabetização, não há aprendizado em matemática ou qualquer outra matéria. Essa é a minha principal bandeira.
Nossas escolas públicas precisam ser excelentes, e eu não tenho vínculos com o sindicato, o que é muito importante. Todas as crianças serão avaliadas trimestralmente, e professores, diretores e escolas receberão recursos de acordo com essas avaliações. Bons professores, que realmente ensinam, serão recompensados. Alunos também serão premiados. Por outro lado, professores que não cumprem seu papel e não ensinam serão demitidos.
Vou trazer as melhores escolas particulares para administrar escolas públicas. Esse modelo, o modelo Sharpe, funciona ao redor do mundo. Hoje, em Nova Iorque, das 30 melhores escolas públicas, 23 seguem o modelo Sharpe. É isso que quero implementar em São Paulo. Não é necessário mudar toda a rede pública para fazer dar certo. Países que adotaram esse modelo mostram que gera competição e melhora o ensino público. Quero dar liberdade de escolha aos pais.
A educação é uma loteria: se a criança tiver a sorte de ter um bom professor, ótimo; mas se ela cair em uma escola com um professor ruim, estará condenada ao fracasso. Isso não vai acontecer na minha administração. Os pais terão o direito de escolher, e isso criará uma competição saudável entre as escolas para melhorar a aprendizagem.
A senhora propõe o programa “Bairro no Capricho”, que se baseia em parcerias público-privadas para serviços de zeladoria. Como pretende implementar essa ideia?
Vamos adotar uma transparência radical. Todos saberão quanto pagam de IPTU e quanto a prefeitura está gastando em cada bairro. Isso permitirá que as pessoas percebam quando algo está errado e que os recursos não estão sendo investidos de forma adequada.
Em segundo lugar, as subprefeituras terão metas claras para iluminação, coleta de lixo e todos os serviços de zeladoria. A avaliação será feita pelos próprios cidadãos nos seus bairros. Eles terão acesso a todos esses dados através dessa transparência radical, inclusive em relação à sua subprefeitura. Isso nos permitirá identificar e substituir o que não estiver funcionando, seja uma empresa que não presta um bom serviço ou um subprefeito que não está cumprindo seu dever de forma adequada.
Outro ponto importante são as áreas de revitalização compartilhadas. Podemos oferecer um abatimento do IPTU para moradores de determinada região dentro de um bairro, permitindo que eles formem algo parecido com um condomínio, com a eleição de um síndico ou a criação de uma associação responsável por gerir esses recursos. Eles decidirão como os recursos devem ser aplicados, como na melhoria das calçadas. Um caso concreto é a Santa Ifigênia. Por que não permitir letreiros luminosos? Por que não fazer uma rua diferenciada, investir em limpeza, iluminação e segurança?
Vamos fazer com que os bairros comecem a ter essa administração. Muito mais Brasil e muito menos Brasília, essa é a ideia. Eles sabem muito melhor quais são as prioridades, vão poder utilizar parte do IPTU para fazer aquelas melhorias que os moradores e os comerciantes acham que são as melhores para aquela região.
Por que não fazer o Carnaval de acordo com ruas que querem ter o Carnaval? E também que essas ruas recebam a receita por esse Carnaval e investam em melhoria. Tem a dor de cabeça daquela época que vai ficar mais sujo, que vai ser mais barulhenta, mas por outro lado vão receber uma receita dos blocos e vão conseguir fazer as melhorias na rua. Quem tem que ajudar a decidir isso são as pessoas. Hoje, infelizmente se paga o IPTU e sabe lá Deus para onde vai.
A senhora menciona PPPs na saúde e na educação. Poderia explicar como a proposta funcionaria?
Hoje, muitos dos serviços da prefeitura são terceirizados, e muitos deles são mal geridos. Não adianta apenas realizar a concessão ou estabelecer uma PPP se não houver metas claras e uma fiscalização rigorosa; isso não funciona. Por exemplo, mencionei as podas de árvores na cidade. Entramos com um processo contra a prefeitura por causa da tentativa de renovação de um contrato bilionário durante o período da Enel, em que o custo de remoção de uma árvore é de R$ 28 mil, enquanto em várias outras capitais do Brasil esse custo é de R$ 2 mil.
Na saúde, temos várias OSs (Organizações Sociais), e o pagamento é feito com base no custo. Essas OSs informam qual é o custo, e a prefeitura paga. Não se trata de melhorar a vida do cidadão ou prevenir doenças, existem análises muito melhores. É preciso deixar de lado a lógica de custo e focar no bom atendimento e em metas claras.
O mesmo se aplica à educação. Não adianta estabelecer essa parceria se não houver metas de aprendizagem bem definidas. O mais importante é revisar todos os contratos para adequá-los a um bom serviço para a população, pois não consideramos tolerável pagarmos duas vezes e meia em relação a outras capitais para um serviço ruim.
Não se trata apenas de entregar tudo à iniciativa privada, pois isso muitas vezes é feito sem licitação. As OSs da assistência social são uma grande caixa-preta. Tenho a intuição de que estamos fomentando uma indústria da miséria na cidade de São Paulo. Somente na cracolândia há mais de 90 OSs. É necessário obter informações detalhadas sobre o que cada uma delas faz e qual o retorno para a sociedade, quantas pessoas essas OSs tiraram da cracolândia, isso ninguém responde.
As metas dessas empresas devem incluir o número de pessoas que saíram das ruas, os vínculos familiares que foram restabelecidos e as oportunidades de trabalho criadas. Temos 80 mil moradores de rua na cidade, o que não faz sentido. A cada aumento no número de moradores de rua mais dinheiro vai para a assistência social. Estamos transformando a cidade em um local assistencialista.
A população de rua de São Paulo atingiu recentemente números recordes com mais de 80 mil pessoas nessa situação. Como pretende solucionar esse problema?
Sabemos que a miséria tem a ver com o não crescimento. Se a gente tem uma queda de 16% do PIB, é óbvio que isso vai impactar nesse número também. A pobreza está ligada à economia. Defendo o livre mercado como a melhor maneira de fazer uma economia crescer. E o crescimento é a melhor maneira de tirar as pessoas da pobreza.
O que leva uma pessoa para a rua são quatro fatores: dependência de drogas. transtornos mentais, quebra de massa familiar e desemprego. Para mim tem muito mais a ver com desemprego e quebra de laço familiar. Não é razoável pensar que, de repente, todo mundo virou dependente químico. Se não resolver isso logo, o que vai acontecer é uma multiplicação muito forte da cracolândia, porque a chance dessas pessoas virarem dependentes químicos é muito alta. Precisamos ter metas de retirar essas pessoas das ruas. Existem várias cidades com iniciativas que conseguiram praticamente diminuir ou muito próximo de zerar isso.
É uma abordagem completamente diferente da cidade de São Paulo. Você vai na prefeitura e tem um monte de barraca na frente. Uma tolerância com essas pessoas ocupando o espaço público. Essas pessoas precisam ter um lugar para irem. O lugar delas não é a rua. Em segundo lugar, é remunerar as organizações sociais por metas de retirar as pessoas dessa situação e não de acordo com o número de pessoas que atendem, porque o incentivo é cada vez mais ter pessoas nessa situação.
Em um possível segundo turno, a senhora apoiaria Nunes ou Marçal contra o Boulos?
Nem penso nessa hipótese, porque estarei no segundo turno. Sou a candidata mais desconhecida. São oportunidades como essa aqui que vão me tornar conhecida. E realmente acredito que quando as pessoas conhecerem as minhas propostas e, mais importante, os meus valores, vou conseguir ir para o segundo turno.
De qualquer maneira, sou de direita, apoiarei qualquer candidato que estiver num segundo turno contra a esquerda. Nunca vou apoiar Boulos, Datena e nem a Tabata Amaral, que os três são candidatos de extrema esquerda, principalmente o Boulos, sem dúvida nenhuma. A Tabata, quando pegamos as votações da deputada, ela votou igual a Boulos na maioria das votações, junto com o governo do Lula. Então ela é, na prática, tão de esquerda quanto o Boulos.
O Partido Novo não fez coligações e tem apenas uma vereadora entre as 55 cadeiras na Câmara dos Vereadores de São Paulo. Como a senhora pretende garantir governabilidade no legislativo?
Primeiro trabalhar para termos muito mais vereadores. Dessa vez fizemos uma chapa completa pela primeira vez. Na última eleição, tivemos metade da chapa. Dessa vez, temos também uma candidatura majoritária, o que ajuda. Quero fazer o que foi feito em Minas Gerais, o que foi feito em outras prefeituras do Novo, como Joinville (SC), que tem o maior índice de aprovação do Brasil, os melhores Ideb das grandes cidades. Eles também tinham um deputado, três vereadores e no final das contas fizeram uma excelente gestão. Tanto que o Zema foi reeleito. E o Adriano [prefeito de Joinville] vai ser reeleito no primeiro turno, com a aprovação que ele tem.
Qual é a mágica? Melhorar a vida da população. A política pode ser feita assim também. Os vereadores vão querer ser reeleitos, vão querer participar de bons projetos para melhorar a vida da população, porque vi isso acontecer em outras gestões do Novo. Fiz aquela crítica ao Nunes sobre o “todes” e ele disse que nem conhecia quem era o responsável. Se não conhece quem é responsável por isso, é porque loteou tudo.
Não precisa fazer um jogo de cartas marcadas para conseguir fazer política no Brasil. O Novo provou isso com o nosso governador em Minas Gerais, o prefeito de Santa Catarina e os outros prefeitos que temos pelo Brasil.
A senhora propõe uma "Lava Jato paulistana" para auditar contratos da prefeitura. Sabe qual será o custo dessas auditorias e em quais áreas pretende focar?
Temos um orçamento de R$ 113 bilhões, precisamos arrumar isso. Vi isso nas estatais. O trabalho bem feito não tem preço, é assim que vamos possibilitar que quem não esteja atendendo bem a população vá para a rua, seja servidor ou empresa.
Precisamos ter metas claras, que sejam cumpridas. Se não cumpridas, vamos dar espaço para quem cumpra. Isso é uma filosofia de gestão. Se São Paulo fosse uma empresa, já estaria quebrada há muito tempo. Porque temos 2,5 vezes o gasto para um serviço que está em um dos piores em tudo. A própria transparência vai ajudar. Hoje, a cidade de São Paulo tem a posição 20° das 26° capitais em termos de transparência. É um verdadeiro absurdo. Vamos ser a primeira em termos de transparência.
Todos os candidatos à prefeitura de São Paulo foram convidados pela reportagem da Gazeta do Povo para entrevista.
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