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Candidatos à prefeitura de São Paulo participaram do debate promovido pelo Flow Podcast
Mediador Carlos Tramontina advertiu Marçal por três vezes no último bloco| Foto: Flow Podcast/Reprodução

O debate realizado pelo Grupo Flow com os candidatos à prefeitura de São Paulo, ocorrido nesta segunda-feira (23), endureceu as regras para evitar a escalada de agressões da campanha e forçar os candidatos a discutirem as propostas para a capital paulista, o que ocorreu durante quase todo o evento. O encontro foi mais pacíficos dos que os debates da Rede TV e da TV Cultura, marcados por xingamentos e ataques entre os candidatos, como a cadeirada dada por Luiz José Datena (PSDB) contra Pablo Marçal (PRTB).

Mas, nas considerações finais, o clima mudou. O último candidato foi Marçal que utilizou dos últimos minutos para atacar Nunes e foi advertido pelo jornalista Carlos Tramontina, mediador do debate. Após repetir os ataques por mais duas vezes, dizendo que iria prender o prefeito, o jornalista expulsou o candidato faltando dez segundos para o final do debate.

"Eu, como mediador do debate, fiz apenas a aplicação das regras. Ele injuriou, caluniou, conforme não era permitido pelas regras", disse Tramontina ao comentar a expulsão de Marçal do debate, que previa que no caso de reincidência, o candidato seria expulso na terceira advertência.

Em seguida, uma correria dentro do estúdio foi registrada pelas câmeras. De acordo com Tramontina, um assessor de Marçal agrediu com um soco no rosto um integrante da equipe de campanha de Nunes. Ainda de acordo com o jornalista, o assessor do prefeito teve sangramento no olho e foi atendida pela equipe médica do Esporte Clube Sírio.

Em vídeo postado nas redes sociais, Marçal reclama que foi interrompido pelo mediador do debate e que teria tido um tratamento diferente de Datena no último bloco, sem concluir o "direito de fala" no encerramento do debate.

"Não dá pra lidar de outro jeito com esses bandidos. Esse negócio vai ficar feio. Eles destroem a honra das pessoas, atiraram coisas na hora que eu fui expulso. Pra mim não tem problema nenhum ser expulso de um lugar onde eu não posso falar. Não toque na honra da pessoa, falei uma promessa que eu vou fazer", afirmou.

Marçal disse que foi ao debate para falar de propostas, mas criticou os bastidores de debate. "O que eles fazem, as cartinhas marcadas, o que eles combinam entre eles, não dá para correr, normalmente. Não sou a favor de violência, estou com marcas de violência e nenhum tipo de violência tem meu apoio", declarou o candidato do PRTB.

Debate tem bate-boca entre Nunes e Marçal nos bastidores

Antes do início do programa, nos bastidores, Marçal e Nunes protagonizaram bate-boca e troca de acusações após o candidato do PRTB afirmar que prenderia o prefeito se fosse eleito, enquanto Nunes disse que quem prende é polícia e que o influencer seria um "condenadinho". Os dois também se chamaram de "tchutchuca do PCC".

“Tchutchuca do PCC, você vai pra cadeia, vagabundo”, disse o empresário. Na sequência, Nunes se virou para Marçal e o acusou de estar roubando um apelido que ele mesmo havia criado. “Você quer roubar até o apelido que eu te dei, ô ‘tchutchuquinha’”, rebateu o prefeito em tom irônico.

Regras garantiram que debate fosse focado em propostas para São Paulo

O encontro foi organizado em parceria com o Grupo Nexo, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), e realizado no Esporte Clube Sírio. Nesse novo modelo de debate, os candidatos não fizeram perguntas entre si, mas responderam questionamentos de especialistas e de cidadãos de São Paulo, o que garantiu que não houvessem confrontos diretos.

Além disso, a organização estabeleceu que os candidatos não poderiam realizar ofensas pessoas contras adversário. Caso isso ocorresse, levariam advertências que poderiam resultar em uma expulsão do evento.

Participaram do debate os seguintes candidatos: Guilherme Boulos (Psol), Datena, Marina Helena (Novo), Marçal, Nunes e Tabata Amaral. Atual prefeito da capital paulista, Nunes havia cancelado a participação por incompatibilidade na agenda. No entanto, recuou da decisão e confirmou a presença.

Os candidatos responderam questionamentos sobre saúde, educação, segurança pública, habitação e acessibilidade. Foi o oitavo encontro entre os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. Ao todo, serão 11 até o final do primeiro turno. O próximo será promovido pela TV Record, no dia 28 de setembro.

Primeiro bloco é marcado por exposição de propostas

A primeira pergunta da noite abordou a questão das pessoas em situação de rua, destinada a Datena e comentada por Boulos. Datena classificou o cenário, com 80 mil pessoas vivendo nas ruas de São Paulo, como uma “vergonha”, defendendo melhorias nos centros de acolhimento, reajuste do auxílio-aluguel e tratamento psicológico para crianças sem-teto. Boulos criticou o prefeito Ricardo Nunes pela falta de ação na área da moradia e prometeu criar empregos e oferecer qualificação profissional para essa população, caso seja eleito.

O debate seguiu com um embate entre Boulos e Tabata sobre segurança pública. Boulos enfatizou a importância de diferenciar o tratamento de usuários de drogas e traficantes, enquanto Tabata focou na prevenção e na implementação de escolas de tempo integral. A candidata também criticou Nunes pelos escândalos de corrupção na educação e pelo retrocesso de São Paulo no Ideb. Nunes, por sua vez, atribuiu a queda no índice à pandemia e comparou a capital com cidades como Recife e Belém.

Marçal, ao comentar o trânsito, associou a violência nas ruas ao comportamento no trânsito e defendeu maior educação emocional para reduzir conflitos. Marina Helena, por sua vez, propôs ampliar a faixa azul para motociclistas e revisar as rotas de trânsito e sinalização para evitar acidentes.

Marina e Marçal também debateram a postura durante a pandemia. Marçal criticou a politização do tema e elogiou Bolsonaro, enquanto Marina responsabilizou o governo Lula pelas queimadas e defendeu a vacinação, mas criticou medidas que limitaram liberdades durante a pandemia.

Ainda nesse bloco, Nunes enfrentou críticas de Andrea Schwartz sobre a falta de investimentos para pessoas com deficiência, reconhecendo a necessidade de aumentar o orçamento da secretaria responsável. Datena reforçou a crítica, destacando a urgência de mais investimentos na área.

Perguntas da população de São Paulo viram munição para adversários contra Nunes

O segundo bloco contou com perguntas feitas pela população aos candidatos, o que fez com a gestão de Nunes fosse criticada pelos demais adversários com dobradinhas, com destaque para Boulos e Datena contra o prefeito ou de Marçal e Marina Helena contra o governo Lula (PT).

Comentando um pergunta sobre transporte público, Marçal criticou a atual gestão, afirmando que Nunes não concluiu as obras de mobilidade urbana. “Essa é uma gestão que é estepe, uma gestão que o estepe que foi colocado, é um estepe que está furado e de fato a gente só pode chamar de prefeito quem foi eleito prefeito quem foi eleito vice-prefeito continua eternamente vice-prefeito”, disse o candidato do PRTB.

Já Datena citou o caso de uma criança que morreu porque foi esquecida em uma van que fazia transporte escolar. “A criança perdeu a vida ali dentro e foi esquecida pela pessoas que estava usando essa van com o nome da prefeitura, trabalhando para a prefeitura”, disse.

Em resposta, o prefeito disse que sua gestão universalizou a oferta de creches para todas as crianças.

Ao comentar o assunto, Boulos afirmou que a frota de ônibus diminuiu e o subsídio pago às empresas, aumentou. “Pra onde está indo esse dinheiro? Infelizmente, tem denúncia de ligação de alguma dessas empresas, que receberam R$ 1 bilhão da Prefeitura, com o crime organizado”, disse.

Nunes também foi alvo de críticas de Tabata. A candidata do PSB criticou a taxa de alfabetização das crianças da rede municipal e os resultados da capital paulista no último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

“Não é a primeira vez que vejo Nunes culpar a pandemia”, disse ela, após o prefeito citar as dificuldades enfrentadas entre 2020 e 2021. “O Brasil conseguiu se recuperar, mas São Paulo ficou para trás. É a primeira vez na história que São Paulo não está entre as 10 primeiras capitais”, disse Tábata.

O terceiro bloco foi marcado por trocas de ataques e perguntas de internautas e eleitores. Pablo Marçal defendeu a redução do IPVA para carros elétricos, o plantio de árvores e a eletrificação do transporte público. Guilherme Boulos sugeriu que metade da frota de ônibus fosse eletrificada para reduzir as emissões de gases.

No tema da educação, Boulos defendeu a alfabetização de adultos e a educação integral para crianças. Marina Helena criticou a proposta, afirmando que São Paulo não deve adotar uma educação baseada em Paulo Freire, a quem ela associou a um "consórcio comunista", e pediu foco na capacitação básica sem "ideologia de gênero". Boulos, por sua vez, defendeu a pedagogia freiriana.

Tabata Amaral propôs aumentar o policiamento nas periferias e oferecer apoio psicológico às vítimas de violência contra a mulher, enquanto Marçal sugeriu ensinar respeito nas escolas como medida preventiva. No tema de empreendedorismo, Datena sugeriu trocar impostos por empregos, enquanto Nunes destacou os cursos de capacitação oferecidos durante sua gestão.

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