O debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo realizado pela TV Cultura, no fim da noite deste domingo (15), no Teatro B32, repercutiu devido à expulsão do candidato Datena (PSDB), que agrediu fisicamente Pablo Marçal (PRTB). Datena jogou uma cadeira - a da candidata Marina Helena (Novo) - contra Marçal.
Foi o quinto confronto direto entre os candidatos na maior capital do país, tendo repetido a escalada de tensão verificada desde o primeiro encontro. Além da agressão física, o debate em São Paulo teve ataques diretos entre Guilherme Boulos (Psol) e o candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB). E, mais uma vez, poucas propostas concretas ao eleitor.
Participaram do debate, mediado por Leão Serva, os seis candidatos mais bem colocados nas pesquisas: Boulos, Datena, Marina Helena, Marçal, Nunes e Tabata Amaral (PSB). Foram cinco blocos. O próximo evento entre os postulantes ao cargo de prefeito de São Paulo está marcado para terça-feira (17), às 9h30, promovido por Rede TV! e site UOL.
Datena é expulso após cadeirada em Marçal
Uma discussão que começou no segundo bloco do debate entre Datena e Marçal terminou com o ex-apresentador dando uma cadeirada no empresário. O primeiro embate entre os dois foi com Marçal acusando Datena de assédio sexual: “Tem alguém aqui é jack” - gíria usada para estuprador.
Datena, por sua vez, disse que a acusação feita contra ele foi arquivada pelo Ministério Público e que a pessoa que o acusou se retratou publicamente. E disparou: “Já Marçal segue ladrãozinho de banco”.
Então, no quarto bloco, o ex-apresentador de TV voltou a dizer que o caso de assédio tinha sido arquivado e comentou: "O que você (Marçal) fez comigo hoje foi terrível", disse ao empresário, por ele ter retomado o caso. Foi quando Marçal chamou Datena de "arregão", tendo acrescentado: "Atravessou o debate esses dias para me dar um tapa, mas você não é homem nem para fazer isso", disse Marçal a Datena.
Foi neste momento que Datena pegou uma cadeira e bateu em Marçal. O apresentador chamou intervalo para o debate e, na volta, foi anunciada a expulsão de Datena. Marçal, que chegou a voltar para o púlpito, desistiu do debate e disse não estar se sentindo bem. A assessoria do candidato do PRTB divulgou que ele estava a caminho do hospital Sírio-Libanês.
Impeachment de Moraes e liberação de drogas
No segundo bloco do debate, quando os candidatos fizeram perguntas entre si, Marina Helena questionou Marçal: “Você é a favor do impeachment do Alexandre de Moraes?” O empresário respondeu que postou vídeos pedindo votos a favor do impeachment e afirmou: “Se eu tivesse rabo preso não teria colocado (vídeo), se eu tivesse devendo não postaria”. Marina rebateu dizendo que defende “fim da censura do nosso país". E completou: “É importante que a verdade seja dita e uma delas é ‘fora, Xandão’”.
Ricardo Nunes adotou como estratégia ataques a Boulos. O prefeito, em um momento, questionou o psolista: “Você tá cheirado?”. Em ao menos outras três ocasiões tentou associar Boulos à liberação de drogas: “Tem vídeos dele (Boulos) defendendo liberação de drogas. A gente não pode lidar com alguém que defende liberação de drogas”, disse.
O candidato do Psol ignorou, nas primeiras vezes, os ataques de Nunes e criticou a gestão do atual prefeito. Até que, em determinado momento, rebateu: “O que eu defendo é que se faça diferença entre traficante e usuário de drogas. Se você trata usuário igual traficante, você vai colocar ele na cadeira, e cadeia no Brasil virou escola do crime e ele vai sair de lá traficante. Quem é usuário se trata com saúde pública, e quem é traficante se trata com segurança pública”.
Boulos citou a investigação da Polícia Civil que apura a infiltração de membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) em empresas do transporte público de São Paulo e acusou Nunes de manter uma relação duvidosa com empresas que, segundo o psolista, seriam ligadas ao tráfico de drogas. "E ele foi lá no dia seguinte (à operação policial) gravar vídeo dizendo que a empresa era linda e maravilhosa”, acrescentou ele.
A investigação sobre a infiltração do PCC nas empresas de ônibus da capital também foi citada por Datena: “Para diminuir a letalidade (no trânsito), é preciso tirar bandido do PCC dentro do sistema de transporte coletivo, o que está em investigação avançada na polícia de São Paulo”.
Propostas foram secundárias em debate de São Paulo
Mais uma vez, as propostas para a cidade de São Paulo ficaram em segundo plano no debate, principalmente após a agressão a Marçal, com consequente expulsão de Datena. Tabata e Marina tentaram manter o debate com propostas, enquanto Nunes e Boulos se atacavam.
Os candidatos apresentaram mais seus planos para São Paulo no primeiro e terceiro blocos do debate, quando os postulantes responderam perguntas elaboradas pela TV Cultura. Questionada sobre qual modelo de habitação popular adotará se eleita, para reduzir o déficit habitacional, Tabata Amaral respondeu que, entre as opções analisadas por sua equipe, está a locação social, com a ocupação de imóveis que estão abandonados.
Tabata disse que lançará um programa que será uma espécie de quinto andar do setor público: "a prefeitura paga uma parte do aluguel, será a fiadora, permitindo que a pessoa possa acessar moradia melhor, e a prefeitura entra como fiadora. Sem burocracia, conectar imóveis que não estão sendo alugados com pessoas que merecem direito de morar melhor”, disse.
Já Marina Helena expôs propostas sobre segurança pública e, especificamente, sobre o uso de câmeras pelo efetivo da Guarda Municipal. Se eleita, disse a candidata, “vamos dobrar a Guarda Civil Metropolitana, que vai ser bem treinada e usar câmeras para sua própria segurança”.
A pergunta sobre mobilidade relacionou o tema com saúde pública devido à poluição e, também, aos acidentes de trânsito. Datena foi questionado: “o que fará para diminuir letalidade do trânsito de São Paulo?”. O candidato respondeu que “para diminuir a letalidade é preciso tirar bandido do PCC dentro do sistema de transporte coletivo” e que vai adotar tarifa zero “para os mais pobres o ano inteiro”.
Boulos, por sua vez, respondeu sobre educação e disse que “a revolução na educação de São Paulo vai passar pela valorização dos professores. Em segundo lugar, cuidar dos alunos durante o período de aula” e citou ainda o ensino em período integral, com currículo normal em um período e cultura, esporte e aulas de reforço em outro.
Nunes foi questionado, no debate, sobre a postura que adotará, se reeleito, em relação ao SUS e ao aborto. Ele usou o tempo dedicado a ele para citar ações do seu mandato, citou construção de centros de dor crônica, de Unidades de Pronto Atendimento, e do Paulistão da Saúde: “Comecei a construir o primeiro da zona norte, é um grande complexo de atendimento da saúde”.
Marçal, por sua vez, respondeu sobre urbanismo e mudança climática e disse que “essa cidade não foi pensada para ser desse tamanho, pra ter essa pujança”. E acrescentou: “Nós precisamos continuar plantando árvores na cidade e precisamos de ter alguém que queira limpar mananciais da cidade”.
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