Aliados da família Bolsonaro admitem que o ex-presidente reduziu os ataques ao candidato à prefeitura de São Paulo do PRTB, Pablo Marçal. Com um cenário imprevisto ao segundo turno da eleição na capital paulista, Jair Bolsonaro (PL) se preocupa em não repetir o que ocorreu nas últimas eleições municipais na cidade, quando o segundo turno foi entre Guilherme Boulos (Psol) e Bruno Covas (PSDB) e o ex-presidente ficou sem candidato na disputa.
O entorno de Bolsonaro segue acreditando que o prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) é o mais forte para avançar no segundo turno. No entanto, caso isso não se confirme, o presidente apoiará qualquer candidato que dispute contra Boulos.
Segundo apuração da Gazeta do Povo, Bolsonaro quer evitar confrontos com Marçal caso tenha que apoiá-lo em um eventual segundo turno sem Nunes na disputa. Na contramão desse caminho aparece o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que além de estar semanalmente nas ruas ao lado do prefeito na campanha, não pensa em plano B.
No mês de julho, o governador fez questão de ressaltar que transferiu o título de eleitor de São José dos Campos para a capital paulista para votar em Nunes. A campanha do prefeito ainda mantém a esperança de ter Bolsonaro na campanha de rua na última semana do primeiro turno.
Marçal também diminuiu os ataques a Bolsonaro. O candidato chegou a dizer que o ex-presidente "escolheu o caminho mais errado da vida dele" sobre o apoio a Nunes, mas também afirmou que após a eleição todo esse confronto passará e que tem muito respeito pelo ex-presidente.
Filhos de Bolsonaro evitam ataques a Marçal
Em agosto, após algumas trocas de farpas nas redes sociais entre Marçal e Carlos Bolsonaro (PL), o vereador do Rio de Janeiro e candidato à reeleição afirmou na rede social X que havia conversado com o empresário por telefone e resolvido a situação. "Expusemos nossos pontos e fico feliz em ter a consciência que queremos rumar nas mesmas direções quando falamos de Brasil". Carlos também afirmou que Marçal foi “educado e bacana”.
Quando Marçal teve as redes sociais suspensas em um processo movido pelo PSB - partido da candidata Tabata Amaral - no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), Bolsonaro foi contra a decisão e criticou a censura. "Independente de quem tenha a rede censurada, eu não compactuo com essa prática, porque cada vez mais vai se tornando uma rotina. Daqui a pouco estamos todo mundo aí censurado", disse o ex-presidente, que foi apoiado pelos filhos Carlos e Eduardo Bolsonaro.
Aliados de Bolsonaro reconhecem que ex-presidente diminui o tom contra Marçal
Em entrevista à Gazeta do Povo, o deputado federal Ricardo Salles (Novo-SP) afirmou que não viu nenhuma crítica de Bolsonaro a Marçal nos últimos dias. “Não tenho visto nada contra o Marçal recentemente, não vi nenhuma manifestação do presidente e nem dos filhos. Acho que essa fase passou. Não sei dizer se isso tem relação com o segundo turno. A estratégia nossa é todos contra o Boulos, não importa o que aconteceu”.
Questionado sobre quanto o apoio de Bolsonaro a Nunes poderia desgastá-lo com o eleitor paulistano, o ex-ministro do Meio Ambiente descarta qualquer desgaste. “Não acho que haverá desgaste. As pessoas sabem da liderança do Bolsonaro. A questão municipal é uma coisa muito regional, que o presidente Bolsonaro sequer conhece os detalhes. Ele não está familiarizado com o que está acontecendo na cidade. Não acho que isso prejudicaria ele”.
O deputado federal capitão Telhada (PL-SP) afirmou que a direita vive uma situação complicada em São Paulo. “É uma situação difícil, vermos a direita dividida é constrangedor. As pessoas se apaixonam pelos candidatos e perdem um pouco a sensatez e começam a brigar, sendo que estamos do mesmo lado”.
Sobre a redução dos ataques ao candidato do PRTB, Telhada afirma que Bolsonaro "ouviu a internet" e ponderou que quem apoia Nunes está sendo criticado pela opinião pública. “O presidente Bolsonaro ouviu a voz da internet, porque nós que estamos apoiando o Nunes muitas vezes somos criticados. Faltando (menos de ) 10 dias para as eleições, o Bolsonaro não pode ficar se indispondo com os eleitores dele, se indispondo com o pessoal que sempre o apoiou”.
O também deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) diz que não recebeu nenhuma orientação de Bolsonaro sobre ataques a Marçal, mas diz que o candidato estagnou. “Não recebi nenhuma instrução em relação à prefeitura de São Paulo. O Marçal não está crescendo, ele está estagnado, o que se percebe por trégua pode ser só uma consequência do cenário”.
Para o parlamentar, independente do apoio de Bolsonaro a Marçal, isso não prejudicará o ex-presidente. “Achar que se o Bolsonaro apoiar ou não o Marçal vai comprometê-lo é que nem achar que um piloto que acabou de entrar na Fórmula 1 vai comprometer o Ayrton Senna. O mais importante é vencer a esquerda. Quem for para o segundo turno, seja Marçal ou Nunes, vai receber o apoio do presidente”, finalizou.
Já para o deputado estadual Lucas Bove (PL), a família Bolsonaro nunca atacou Marçal, apenas revidou. “A família Bolsonaro nunca bateu no Marçal, apenas reagiu aos ataques dele. Quem parou de bater foi o Marçal e a família [Bolsonaro] deu essa trégua”. Ele é outro político que avalia que Marçal chegou ao limite da intenção de voto. “Internamente está todo mundo bastante convencido de que o Marçal não vai chegar no segundo turno, ele chegou no limite”.
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