Reeleito para o segundo mandato na prefeitura da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB) deve governar com tranquilidade junto à nova composição da Câmara Municipal de São Paulo a partir de 1º de janeiro de 2025. Poucas mudanças foram feitas à maioria que Nunes já possuía, com um cenário de ligeiro fortalecimento do centro político.
Com o derretimento do PSDB na capital paulista, que perdeu todas as oito cadeiras, outros partidos que compõem a base de Nunes aumentaram a participação no Legislativo local. PP e Podemos dobraram as bancadas.
Por outro lado, o crescimento dos partidos de esquerda não foi suficiente para estabelecer uma oposição majoritária. A aliança entre Psol, PT, PSB, PV e Rede resultou em 18 cadeiras na Casa. Embora seja um número significativo, é uma oposição limitada e que depende de alianças pontuais para obstruir pautas propostas pela administração Nunes.
Nunes mantém base majoritária na Câmara Municipal de São Paulo, com 36 vereadores pertencentes aos partidos da coligação formada na disputa à reeleição (PP, MDB, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, Podemos, Avante, PRD, Mobiliza e União). Soma-se a esse número, ainda, a cadeira da vereadora Cris Monteiro (Novo), que apoiou a reeleição de Nunes, apesar de o Novo não pertencer à coligação.
Os 37 votos da base de Nunes são suficientes para a aprovação de grande parte das pautas de interesse do prefeito, que precisam de 28 votos favoráveis para chegar à maioria absoluta do total de 55 cadeiras da Câmara. Algumas votações exigem 33 votos (três quintos), como é o caso do Plano Diretor ou temas ligados ao zoneamento urbano. Já emendas à Lei Orgânica precisam de 37 votos (dois terços) da Casa, o que pode apertar o placar para Nunes.
Apesar de alguns vereadores eleitos das siglas da coligação de Nunes terem mudado de lado antes do primeiro turno das eleições municipais para apoiar a candidatura do então candidato Pablo Marçal (PRTB), como foi o caso de Rubinho Nunes (União) e Adrilles Jorge (PL), o prefeito do MDB deve conseguir acomodar todos os interesses das siglas no novo governo, cujos cargos devem ser anunciados até o final de dezembro.
Vereadores da situação na Câmara Municipal de São Paulo: 37 cadeiras (mesma quantidade do atual mandato)
- MDB: 7 cadeiras (4 a menos)
- PL: 7 cadeiras (1 a mais)
- União: 7 cadeiras (mesma quantidade)
- Podemos: 6 cadeiras (4 a mais)
- PP: 4 cadeiras (2 a mais)
- PSD: 3 cadeiras (3 a menos)
- Republicanos: 2 cadeiras (1 a menos)
- Novo: 1 cadeira (mesma quantidade)
Vereadores da oposição: 18 cadeiras
- Psol: 6 cadeiras (1 a mais)
- PT: 8 cadeiras (1 a menos)
- PSB: 2 cadeiras (mesma quantidade)
- PV: 1 cadeira (mesma quantidade)
- Rede: 1 cadeira (mesma quantidade)
União Brasil deve se manter com a presidência do legislativo paulistano
Mesmo sem concorrer à reeleição, o atual presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União), deverá manter influência significativa no legislativo paulistano. Leite é uma figura central na articulação das forças que apoiam o governo e o apoio a Nunes poderá facilitar as negociações com os novos parlamentares.
Após a eleição da nova bancada dos vereadores, nomes do PL tentaram lançar candidatura própria para a presidência da Câmara, porém o presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, vetou o movimento devido a um acordo entre os partidos da coligação de Nunes, segundo o qual a cadeira da presidência será escolha do União Brasil.
“Até então, Rubinho Nunes (União) e Rodrigo Goulart (PSD) eram os nomes ventilados para a sucessão e ambos foram reeleitos. Contudo, Leite conseguiu eleger duas figuras de sua confiança, Silvão Leite e Silvinho, ambos do União, e que devem ser fortalecidos pelo padrinho”, diz Aryell Calmon, coordenador de estados e municípios da BMJ Consultores Associados. A influência de Leite pode ser decisiva para obter a aprovação de projetos prioritários para o Executivo, especialmente em áreas nas quais há resistência da oposição.
Câmara Municipal de São Paulo contará com novas lideranças ideológicas
As eleições municipais de 2024 marcam um aumento do perfil ideológico dos vereadores eleitos, com a ascensão de figuras como Lucas Pavanato (PL), vereador mais votado do país, Janaína Paschoal (PP), autora do impeachment da presidente da República Dilma Rousseff (PT), e Amanda Vetorazzo (União), integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), que representam diferentes espectros da direita e trazem para a Câmara uma postura de confronto e de debates acalorados.
Nomes como Zoe Martinez (PL), que ficou conhecida nas redes sociais por criticar a ditadura cubana, e Adrilles Jorge (PL), jornalista e comentarista político, também podem intensificar o tom dos embates. À Gazeta do Povo, o vereador reeleito Rubinho Nunes (União) afirmou que vê na nova composição do legislativo paulistano uma Câmara "renovada" em relação aos nomes dos candidatos e com "um perfil mais ideológico tanto no espectro da esquerda quanto da direita".
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