Mesmo derrotado, na falta de outros nomes Boulos segue relevante na esquerda

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Apesar de perder a eleição à prefeitura de São Paulo neste domingo (27), Guilherme Boulos (Psol) segue se consolidando como uma das principais lideranças da esquerda no Brasil e um potencial sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dentro desse campo político.

Com poucas novas lideranças jovens na esquerda, Boulos emerge como um dos principais nomes para substituir Lula. Aos 41 anos e com apenas dois de mandato como deputado federal, Boulos já avançou para o segundo turno das eleições em São Paulo em 2020 e 2024, com votações relevantes.

Em 2020, Boulos superou o candidato do PT, e este ano o partido aceitou ser vice do Psol pela primeira vez nas eleições paulistanas.

Com a bandeira da luta por moradia, Boulos tem as periferias da capital paulista como reduto eleitoral. O parlamentar também acumula bons índices de engajamento nas redes sociais e é frequentemente convidado para palestrar em universidades, o que amplia seu alcance entre os jovens.

Acordo entre PT e Psol deve se repetir em 2026

O acordo firmado entre PT e Psol nas eleições de 2022, quando Lula pediu para Boulos não se candidatar à presidência em troca de apoio do PT na eleição municipal de São Paulo, pode se repetir em 2026.

Se Lula disputar a reeleição, o acordo tem chances de se manter, com Boulos e o Psol apoiando Lula, e o PT retribuindo ao apoiar Boulos para o governo do estado. Assim como neste ano, Lula poderia indicar um vice petista na chapa do Psol.

Na eleição estadual de 2022, o PT lançou Fernando Haddad. Segundo apuração da Gazeta do Povo, Haddad estaria disposto a abrir mão da candidatura ao governo se continuasse à frente do Ministério da Fazenda em um eventual segundo mandato de Lula, equiparando-se aos ex-ministros Guido Mantega e Pedro Malan, que também ocuparam o cargo por oito anos.

Boulos é formado em filosofia e ex-líder de movimentos sociais

Ex-coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos, de 41 anos, é deputado federal por São Paulo. Foi eleito com mais de um milhão de votos, o segundo no ranking das eleições de 2022.

Com uma trajetória marcada pela defesa de pautas de esquerda, Boulos tem um perfil combativo. Integrante do MTST desde os 20 anos, acumula polêmicas, processos judiciais e até prisões. O confronto com policiais e autoridades lhe rendeu o apelido de “invasor de propriedade” por parte de adversários.

Filiado ao Psol desde 2018, Boulos utiliza as redes sociais para se comunicar, principalmente com o público jovem. Tem mais de 2,5 milhões de seguidores apenas no Instagram. Na Câmara, suas principais propostas incluem o aumento de impostos sobre grandes fortunas e patrimônios, além da ampliação das políticas de moradia popular.

Filho de um casal de médicos, Boulos formou-se em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Especializou-se em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e fez mestrado em psiquiatria pela USP. Boulos deu aulas na Faculdade de Mauá e na Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas da USP. Ele é casado há 15 anos com Natalia Szermeta, com quem tem duas filhas: Sofia e Laura.