Quem saiu na frente se deu bem com a agenda da Fifa para a Copa do Mundo no Brasil. Quando lutou para ganhar o direito de abrigar o megaevento algumas pessoas perceberam que a Copa não se resumiria a intervenções na infraestrutura dos estádios, ampliação e melhora da malha de transportes, recuperação dos aeroportos, salto na quantidade e qualidade na rede hoteleira, investimentos em segurança pública e aprimoramento nas relações dos clubes com o mercado que trata dos negócios milionários do futebol.
Esse último item não deve passar batido, pois o verdadeiro desafio é aproveitar a Copa como instrumento para o desenvolvimento do futebol brasileiro, que é parte significativa do arranjo produtivo nacional e, se mais bem administrado, pode gerar empregos, renda e lazer ao público consumidor.
A modernização dos estádios, o capital humano qualificado que ficará como legado do Mundial e a oportunidade de ajustar o calendário são externalidades muito positivas para a promoção das transformações necessárias para alcançar o máximo dos resultados econômicos do futebol, em especial à melhora do modelo de gestão para o incremento de sistemas de qualidade e de auditorias, códigos de conduta para dirigentes, atletas e funcionários envolvidos no processo, prevendo incentivos de performance como acontece nas grandes empresas mundiais.
No que concerne ao futebol paranaense, quem se deu muito bem foi o Atlético, graças a visão estratégica do presidente Mario Celso Petraglia, pois sem a sua percepção dificilmente o clube teria expandido o patrimônio. Ele trabalhou para trazer a Copa para Curitiba, mesmo sem contar com a simpatia do governador Roberto Requião, que, na época da escolha, não recebeu o presidente Ricardo Teixeira, da CBF, no Palácio Iguaçu e mais tarde teve de encontrá-lo para garantir Curitiba como sede.
O dirigente atleticano transitou em pista livre diante da passividade dos seus concorrentes Coritiba e Paraná que sequer lutaram para tirar algum proveito do movimento que se estava iniciando, limitando-se a censurar a aplicação de recursos públicos em uma obra privada.
Mas tudo isso estava dentro do pacote do PAC da Copa e, através de leis municipais e estaduais, o repasse foi feito ao Atlético que responderá por cerca de R$ 150 milhões de sua responsabilidade nas obras e nas desapropriações procedidas em torno do estádio.
Para um grande clube de futebol, como se sabe, é o tipo do investimento que não assusta porque será pago em 15 anos com juros subsidiados. E, com a conquista de milhares de sócios, vendas de cadeiras e camarotes para jogos e espetáculos na nova arena coberta, arrecadação com patrocínios e vendas de produtos ligados ao clube, verbas da televisão e lucro na venda de jogadores o Furacão continuará soprando forte.
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