Desde o uso político do ditador Mussolini na divulgação do fascismo no bicampeonato mundial 34-38, do ditador Hitler na glorificação do nazismo na Olimpíada de 1936 até as raquetadas diplomáticas para quebrar o gelo a partir de uma inocente partida de pingue-pongue nos anos 1970 e abrir o imenso mercado chinês para os interesses comerciais americanos, até a Olimpíada de Inverno, em Sochi, sudoeste da Rússia, o esporte foi sempre usado pelos políticos.
Mestres insuperáveis na arte da encenação e da negociação, o nazista Joseph Goebbels e o americano Henry Kissinger se destacaram, com a diferença de que o alemão não cumpria os acordos, enquanto Kissinger escreveu o nome com letras de ouro na história da diplomacia.
O atual líder russo, Vladimir Putin, enfrenta forte resistência de diversos setores, e para aliviar um pouco, perdoou o empresário Khodorkovski, principal preso político do país; liberou os ativistas do Greenpeace, detidos por protestar contra a exploração do petróleo no Ártico, e as integrantes da banda punk Pussy Riot, presas desde o ano passado após tocarem uma música crítica a Putin numa igreja. Os Jogos de Inverno servem como pano de fundo para a tentativa de melhorar a imagem do ex-agente da KGB, que comanda o país com mãos de ferro e exerce forte influência sobre os vizinhos, causando tensão na Ucrânia. Mesmo com pouca neve e muitas críticas à Vila Olímpica, com deficiências de toda ordem, os Jogos prosseguem sem incidentes.
Aqui começam a cair algumas máscaras, como a do badalado programa "Mais Médicos", que importou profissionais cubanos que começam a fazer a ponte aérea rumo ao exílio nos Estados Unidos. Faz lembrar aquela piadinha de que Fidel Castro morreu e quis entrar no céu, sendo barrado por São Pedro, que o enviou para o inferno. Recebido entusiasticamente por Belzebu, o ditador cubano lembrou que havia esquecido as malas na porta do céu e o diabo disse que ele não precisava se incomodar porque mandaria dois jovens buscá-las. Como não podiam entrar no céu pela porta da frente, os diabinhos pularam o muro e foram flagrados por São Pedro, que comentou: "Nem bem o Fidel chegou ao inferno e já tem dois moradores tentando fugir...".
Aproximando-se da Copa do Mundo, o governo brasileiro começa emitir sinais de grande preocupação com a segurança das delegações e dos turistas, pois a violência recrudesceu nas ruas das principais capitais. As autoridades impediram que a polícia agisse da forma como a situação exigia e agora começam a criar novas leis, como se elas resolvessem o problema.
Já dispomos de leis suficientes para combater as gangues que se infiltram nas manifestações democráticas, escondidos atrás de máscaras, camisetas e panos na cabeça. É preciso deixar a polícia agir sem ficar presa aos interesses eleitorais dos governantes.
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