O maior lugar-comum das transmissões esportivas, especialmente nesses dias de Olimpíada, é o que diz que os atletas "superam os limites" e mostram que o ser humano pode sempre melhorar.
Um gaiato poderia acrescentar que o homem é a única espécie animal que se preocupa em evoluir milésimos de segundos e se orgulha disso como se o fizesse superior, mesmo que não saiba voar sem aparelho ou respirar debaixo dágua, seja mais lento do que muitos cervídeos e menos ágil do que muitos felinos.
Outro clichê diz respeito ao poder que o esporte teria de congregar as nações, sublimando os instintos guerreiros e contribuindo para a paz mundial. Mais um comentário muito repetido destaca o espetáculo emocionante e inesquecível da abertura dos Jogos e o sincronismo quase perfeito.
Só que na prática nenhuma coisa nem outra funcionam, tanto que as guerras continuam para alimentar a esfomeada indústria bélica mundial, tanto que os EUA nem sequer admitem discutir o controle da venda de armas e munições mesmo com as constantes matanças registradas em locais públicos. Quanto à festa de abertura, realmente a de Londres também foi muito bonita, porém a organização deixa a desejar tanto que, diante dos graves problemas nas linhas de metrô e na acomodação de turistas, a imprensa britânica sintetizou tudo através da manchete do jornal The Sun: "Caos".
Mas as autoridades trabalham para recuperar o prestígio da célebre organização inglesa, afinal desde sexta feira Londres passou a ser a única cidade a ter sediado a Olimpíada pela terceira vez. Eles trataram de combinar o charme do antigo com a modernidade, sem perder as tradições.
Outra curiosidade é o estado de espírito dos atletas, já que todos se dizem "focados". Como se trata de uma expressão relativamente nova que surgiu no futebol e tornou-se a preferida dos brasileiros de todos os esportes, os dicionários de português ainda não estão devidamente familiarizados com uma definição exata. Para definir o estado de espírito dos participantes parece que estão todos "focados" na competição. E a expressão tem lá o sentido figurado de enfocar, concentrar ou "dar destaque a", mas um atleta "focado" impressiona os filólogos e linguistas em geral.
Pela apresentação no segundo tempo com o Egito, a seleção esteve meio fora de foco. O time desconcentrou-se com a vantagem de 3 a 0 no placar, deu mole e os egípcios quase empataram a partida.
O "focado" deveria estar ligado o tempo todo da disputa com atuações seguras, jogadas bem elaboradas, atenção redobrada, braçadas perfeitas, saltos improváveis, golpes inesperados, arrancadas espetaculares, pontaria, piruetas, controle emocional, respiração compassada e a busca constante do triunfo e dos recordes.
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