Um dos problemas que moradores das comunidades enfrentam em grandes cidades é achar restaurantes em aplicativos de delivery que atendam sua região. Morador da Vila Torres, em Curitiba, Jean Pierre Pego da Silva, se viu enfrentando esse problema e decidiu que poderia mudar essa realidade.
“Eu fui tentar comprar alguma coisa pra comer em um aplicativo e a resposta foi que eles não atendiam a nossa região. Eu fiquei incomodado e fui no site. Eles realmente recortaram a Vila Torres do raio de atendimento deles. Então, isso me fez ter um insight sobre o quanto seria importante termos algo voltado para a comunidade”.
Um ano depois, Jean participou de um curso de design thinking no Vale do Pinhão, uma metodologia de prototipagem composta de cinco etapas, uma delas a imersão e empatia à dor do cliente ou usuário. “Foi aí que eu decidi criar a Papoom. Durante uma das aulas pensei ‘é possível fazer’. Convidei o instrutor para ser meu mentor e ele topou na hora”, relembra.
O aplicativo social funciona como um marketplace exclusivo para comunidades como a Vila Torres, e tem projetos de ampliação para as comunidades da região do CIC, Parolin e Tatuquara. “A inovação só é realmente efetiva quando ela gera uma mudança social. A gente tem que falar de inovação, de tecnologia, desenvolvimento, mas se isso não tiver atrelado também a um desenvolvimento das comunidades que mais precisam dessas mudanças e desse desenvolvimento, para que serve a inovação?”, questiona Jean.
Na plataforma, os consumidores e vendedores se conectam ativando o comércio em quatro segmentos: alimentação, produtos, serviços e imóveis. Ao conectar o consumidor da comunidade com o vendedor da comunidade, gera renda, empregabilidade e oportunidades de desenvolvimento para a região. "A comunidade se torna cada vez mais independente e autossuficiente no ponto de vista econômico”, conclui.
Depois do Rocket: de Curitiba para o Brasil
Vencedora do Rocket em 2022, a Papoom segue crescendo. “Participar do reality show foi uma grande aventura e também um grande aprendizado. As etapas realmente colocaram à prova as habilidades dos empreendedores”, relembra.
Atualmente, a startup conta com um time de 11 pessoas, desde a área de gestão, tecnologia, expansão, marketing, projetos e desenvolvimento, além dos mentores e investidores que apoiam o projeto. “Desde que ganhamos o Rocket, a equipe amadureceu como um todo e várias oportunidades surgiram. As pessoas podem não lembrar do meu nome, mas me chamam de Papoom”, explica aos risos.
A visibilidade do reality show fez muitos parceiros procurarem pela startup, e a captação de recursos permitiu expandir a atuação da Papoom para o Rio de Janeiro. “Esse é o estado que possui o maior número de comunidades no Brasil, são 1.400. Então, a segunda comunidade de atuação da Papoom vai ser no Complexo da Maré, um conjunto de mais de 15 comunidades, com 150 mil habitantes. Nós esperamos continuar lá a história de crescimento da nossa startup. E isso só foi possível a partir do Rocket”, afirma.