O setor de fusões e aquisições de empresas – M&A, na sigla em inglês – movimentou mais de R$ 280 bilhões em 2023 no Brasil, de acordo com a consultoria Dealogic, que faz a análise desses dados globais. Com a previsão de aquecimento do mercado para este ano, a Grafin Partners, uma das principais empresas de assessoria em fusões e aquisições do país, em parceria com a Gazeta do Povo, reuniu os empresários de diversas empresas brasileiras para o evento “Maximizar o valor de uma empresa: da venda à transição familiar”, realizado na sede da Gazeta do Povo, em Curitiba, na manhã da última terça-feira (19).
O evento foi conduzido por Leandro Muniz, sócio-fundador da Grafin Partners, e trouxe como convidados os empresários Leo Jianoti (Fundo de Venture Capital Honey Island), Fernando Gonzaga (empresário do setor de combustíveis e construção), Alisson Forti (Grafin Partners) e Wendell Oliveira (CEO e conselheiro da Ligga e da Light). Eles participaram de um bate-papo no qual puderam compartilhar experiências e aprendizados.
O objetivo, segundo Leandro Muniz, foi abordar as estratégias de como potencializar o valor de uma empresa levando em consideração a diversidade de interesses do público: desde empresários que desejam vender ou captar recursos para suas organizações ou ainda aqueles que pretendem deixar a empresa preparada para fazer a transição familiar. “Independentemente do cenário que esteja em discussão, é importante ter clareza do que se quer, para onde a empresa vai seguir”, destacou Muniz, referindo-se ao papel dos empresários e executivos que estão à frente desses negócios.
Maximização de valor
Leo Jianoti, do Venture Capital Honey Island, destacou a importância da cultura organizacional ao empregar o conhecido termo americano "walk the talk", que enfatiza a necessidade de traduzir as palavras em ações concretas. “Diretores têm que liderar pelo exemplo, pois somente assim a equipe poderá verdadeiramente incorporar os valores e a cultura da empresa.” Além disso, Jianoti também abordou a importância de "apontar para o elefante na sala", referindo-se à necessidade de discutir abertamente temas desconfortáveis e muitas vezes negligenciados, porém cruciais para a saúde e continuidade do negócio.
Fernando Gonzaga, empresário e cliente da Grafin durante o processo de venda de uma das empresas do grupo, a Ravato Diesel, observou que eles buscaram administrar o negócio como se fossem mantê-lo para sempre, até o último dia. "Sempre nos concentramos no planejamento de médio e longo prazo, pois a perenidade da empresa familiar é uma questão sempre presente", enfatizou, referindo-se aos protocolos envolvidos que devem considerar todas as gerações da família. Também enfatizou sobre a importância de ter uma conversa aberta, constante e profunda entre os sócios.
No país, o mercado de M&A apresenta desafios e considerações específicas, incluindo questões regulatórias, tributárias e culturais. A complexidade das transações exige uma abordagem cuidadosa e estratégica, com o apoio de profissionais especializados em transações empresariais.
Alisson Forti, da Grafin Partners, falou que a equipe que está envolvida nesse tipo de negociação precisa construir o plano de negócios empresarial para dar clareza e garantir a transparência aos investidores interessados no negócio de que aquilo é interessante. “Construir um storytelling para abrir o capital de uma companhia é muito similar ao processo de venda de uma empresa”, analisa o empresário que já participou da preparação para abertura de capital de empresas brasileiras.
Wendell Oliveira – que hoje é CEO da Ligga Telecom e tem em seu currículo passagens por empresas de diferentes perfis e culturas organizacionais – destacou o papel do conselho de administração da empresa durante esses processos. “O conselho de administração independente agrega muito valor à empresa”, salientou.
Hoje, no Brasil, o mercado de fusões e aquisições está bastante movimentado. Empresas brasileiras de diversos setores têm despertado o interesse de investidores nacionais e estrangeiros em busca de inovação e crescimento. Na área de tecnologia, startups estão sendo alvo de aquisições por parte de grandes corporações, enquanto fundos de private equity e venture capital estão injetando recursos em empresas com alto potencial de crescimento e rentabilidade.