A crise climática está em pauta em todos os noticiários do mundo. A OMM (Organização Meteorológica Mundial), ligada à ONU, advertiu que, até o momento, 2024 tem sido um ano particularmente ruim em termos de clima extremo, causando graves danos à saúde e aos meios de subsistência. De acordo com a United Nations Environment Programme (UNEP 2022), a construção civil é responsável por 37% das emissões globais de CO2 causadoras do aquecimento global e representa 75% das extrações de recursos naturais. No entanto, por mais que as discussões sobre sustentabilidade tenham sido cada vez mais relevantes, muito ainda precisa ser feito para mitigação das mudanças climáticas não somente para proteger o meio ambiente, como proporcionar benefícios econômicos e sociais a longo prazo, de forma a assegurar um futuro para as comunidades.
O início deste ano foi marcado por uma onda de frio intensa nos países do Hemisfério Norte. O fenômeno, que preocupa especialistas, gerou a dúvida sobre o comportamento do inverno brasileiro: será que também vivenciaremos extremos climáticos, assim como no verão? Com o fim do El Niño e a aproximação da La Ninã, a expectativa é que o clima seja influenciado pela transição rápida de fenômenos. Segundo a meteorologista da Nottus, Desirée Brandt, o inverno não será rigoroso, mas será marcado por momentos com queda acentuada da temperatura e formação de geadas.
Eventos climáticos extremos, como os que temos acompanhado com tristeza no Rio Grande do Sul, por exemplo, conduzem a reflexões sobre como tempestades e inundações demandam construções mais resilientes. A Prefeitura de Porto Alegre, por sua vez, analisa a construção de uma cidade provisória para abrigar 10 mil pessoas na zona norte da capital gaúcha, região que menos sofreu com as enchentes.
E embora nem todos os eventos climáticos extremos possam ser atribuídos à mudança climática, eles estão se tornando mais frequentes e mais perigosos devido às emissões de gases de efeito estufa provenientes da queima de carvão, petróleo e gás. Neste contexto, vale saber que, desde 2004, o mercado brasileiro se qualificou na área de sustentabilidade de edificações. A capital paranaense, inclusive, lidera o ranking de selos verdes em edifícios.
Curitiba é exemplo de conscientização sobre sustentabilidade
Em Curitiba, na vanguarda das ações de sustentabilidade na construção civil, o Grupo RAC visa liderar uma transição para um setor mais responsável. Para isso, investe em alto desempenho ambiental, com o compromisso de engajar toda a cadeia da construção. “Propusemos aos nossos clientes e parceiros zerar as emissões de carbono. Gostaríamos que, daqui para a frente, todas as nossas obras tivessem a possibilidade de neutralizar o carbono e que não nos contratassem somente pelo valor, mas também por iniciativas como essa”, sinaliza Ricardo Cansian, CEO da RAC.
Para o engenheiro Thomas Gomes, head de incorporação da gestora de recursos Life Capital Partners e presidente da ADEMI-PR (Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário do Paraná), os green buildings não representam mais um diferencial para o mercado imobiliário. “Atualmente, é mais difícil que um player conceba um novo empreendimento sem uma prática verde. Acredito, fortemente, que essa prática estará cada vez mais evidente não somente nos empreendimentos de alto padrão, cujas margens permitem que se adotem novas práticas, mesmo que elas custem um pouco mais caro, mas, de maneira geral, imagino que isso será cada vez mais dissolvido, no sentido de que todos possam ter o seu green building, cada um à sua maneira”, avalia.
Ainda de acordo com Gomes, essa condição é essencial para mitigar o que a construção civil faz por natureza, que é uma atividade ambientalmente invasiva. “A sustentabilidade, também nos âmbitos econômico e social, deve ser um pilar do nosso setor. Acredito que as certificações garantam que as práticas sejam padronizadas de forma a coroar essas iniciativas e que as pessoas tenham uma percepção de padronização desse movimento. Os selos são um atestado de que as práticas adotadas não foram em vão. Apesar disso, defendo que os empresários não devem enxergar a conquista do selo como a única razão pela qual realizam estes processos. Eles representam, sim, um incentivo, mas, qualquer tipo de ação tomada nos estágios de concepção, projeto e obras devem ser adotadas pela sua importância em si”, acrescenta o empresário.
Mais do que empreendimentos, um lar, um refúgio
Sustentabilidade, conforto térmico e saúde. Demandas inter-relacionadas que fazem todo sentido no contexto das mudanças climáticas. A exemplo dos efeitos da amplitude térmica, largamente conhecidos pelos curitibanos, a temperatura varia de um dia para outro, quando não no mesmo dia. Para Leandro Almas, diretor da Vesta Piso Aquecido, a qualidade de vida dos ocupantes e o bem-estar correspondem a importância que damos à saúde física e mental. “Incorporar a sustentabilidade no desenvolvimento imobiliário responde às demandas contemporâneas do mercado”, analisa.
Segundo Almas, pelo fato de o conforto térmico corresponder a uma grande evolução no mercado, a aplicação dos pisos aquecidos está ganhando cada vez mais espaço nos novos empreendimentos, indo além dos limites dos banheiros para toda a residência, a exemplo da Europa. “A dinâmica de uso de nossa tecnologia representa menor consumo de energia elétrica, uma vez que não tem a necessidade de aquecer o contrapiso. E, em termos de segurança, o sistema de aquecimento de piso da Vesta atende a uma legislação internacional (IEC60800), tendo em vista que no Brasil ainda não existe uma lei que regulamente este mercado”, frisa.
O item oculto e silencioso, além de não interferir no design do ambiente, distribui o calor de forma uniforme, reduz a circulação de poeira, além de ser mais eficiente do que aquecedores de ar forçado, já que opera a temperaturas mais baixas.