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O 18º Congresso Paranaense de Recursos Humanos (CONPARH), realizado pela ABRH-PR em Curitiba, nos dias 22 e 23 de outubro, girou em torno de um ponto comum: como a inteligência artificial impacta – e pode melhorar – as relações de trabalho. Em meio a painéis e talks simultâneos, a programação levou ao Viasoft Experience o tema “Tudo que só o humano é capaz de fazer”, com foco em competências como empatia, criatividade e cuidado, vistas como estratégicas na era digital.
Representantes do RH de diversas empresas instaladas no Paraná acompanharam os debates. Cerca de 3 mil pessoas participaram do evento e o assunto inteligência artificial apareceu em várias rodas de conversa. Gilmar Andrade, presidente da ABRH-PR, destacou que a proposta do 18.º CONPARH foi promover um reencontro humano em tempos digitais, estimulando conexões verdadeiras e troca de experiências.
No palco principal, a empresária Luiza Helena Trajano defendeu que tecnologia e resultado caminham com gente no centro. Presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza e reconhecida pela revista Time como uma das 100 mulheres mais influentes do planeta, ela ressaltou que cabe às áreas de pessoas “buscar inovação” sem perder de vista o impacto no caixa da empresa.
Trajano citou a “Lu”, influenciadora digital do Magalu, como exemplo de uso da IA para aproximar a marca de seu público. Criada “para humanizar o site”, a personagem ganhou nova versão com inteligência artificial e ampliou o alcance da empresa. A executiva também destacou o investimento em infraestrutura local – “a primeira nuvem brasileira” – com dados hospedados no País e foco em redução de custos.
A fala ecoou nos debates sobre ética, cultura, inovação e sustentabilidade. No painel “A ética que vai além do compliance e vira cultura organizacional”, Gilmar Andrade defendeu alinhar propósito e valores a resultados, saindo da lógica de mera conformidade para práticas que estimulem agilidade e inovação, com o colaborador e o cliente como focos principais.

Para o vice-presidente financeiro e de relações com o mercado da ABRH-PR, Luis Humberto de Quental, o CONPARH buscou conexões práticas, visando construir parcerias reais que se transformem em negócios, projetos conjuntos e oportunidades de crescimento.
Segundo ele, a IA deve servir às pessoas e ao negócio. “A tecnologia vem para ajudar, mas o humano está na frente”. Ele observou, ainda, que adotar ferramentas só com o foco de redução na folha de pagamento, cortando postos de trabalho é um erro grave: funções mudam, a mão de obra se transforma e a empresa precisa considerar o efeito social dessas escolhas. “O foco é requalificar, redesenhar papéis e preservar o valor humano no centro das decisões”, comentou.
A programação trouxe debates simultâneos com temas variados, entre eles inovação “como processo humano”, diversidade, ESG e saúde mental dos colaboradores. “A IA deve ser estratégia de humanização, não de desumanização”, ressaltou Quental, destacando que a próxima fronteira do trabalho depende menos do algoritmo e mais da capacidade de líderes e times de transformar dados em decisões que respeitem valores e ampliem o bem-estar das equipes.
A próxima edição do CONPARH dará continuidade a essas reflexões, com o tema “O insubstituível: humanidade e liderança em tempos de incerteza”. A 19.ª edição está programada para os dias 28 e 29 de outubro de 2026, no Viasoft Experience, em Curitiba.