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A nova economia global está sendo redesenhada — e a disputa não é mais apenas por fábricas, incentivos fiscais ou infraestrutura logística. A verdadeira moeda geoestratégica agora é a mão de obra qualificada.
E, nesse cenário, o Paraná tem uma oportunidade histórica: transformar o seu parque industrial em uma plataforma de exportação competitiva — mas isso só será possível se houver formação técnica suficiente para sustentar esse salto.
Uma economia conectada ao mundo
Nos últimos anos, cadeias produtivas que antes eram locais passaram a ser globais, integradas e complementares.
Peças produzidas no México terminam montadas na Alemanha; software brasileiro controla máquinas na China; sensores fabricados na Coreia operam em indústrias brasileiras.
Essa mudança coloca pressão sobre regiões que, como o Paraná, possuem vocação industrial e logística estratégica.
Portos, hidrovias, ferrovias e corredores econômicos já existem — faltam agora competências técnicas alinhadas ao padrão internacional.
O gargalo: mão de obra qualificada
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil pode perder até R$ 600 bilhões em oportunidades internacionais até 2030 por falta de profissionais capacitados.
Hoje, 7 em cada 10 empresas industriais relatam dificuldade de contratar técnicos especializados.
As áreas mais críticas incluem:
- automação industrial
- manutenção eletromecânica
- tecnologia da informação industrial
- eletrotécnica e energia renovável
- metrologia e controle de qualidade
- soldagem de precisão e mecatrônica
Sem técnicos qualificados, o investimento chega — mas não fica.
O Paraná na rota global
O Paraná já é considerado um dos maiores polos industriais do país, com cadeias consolidadas em:
- automotivo
- agronegócio e agroindústria
- energia limpa
- logística
- papel e celulose
- tecnologia e inovação
Com o avanço dos acordos internacionais e da transição energética, o estado tem condições de ampliar exportações e atrair novas plantas industriais — desde que consiga suprir a demanda crescente por competências técnicas avançadas.

Formação técnica como infraestrutura estratégica
Países que dominaram a corrida industrial — como Coreia do Sul, Alemanha e Canadá — têm algo em comum: o ensino técnico estruturado como política de Estado.
No Brasil, essa lógica começa a ganhar força.
Programas de formação acelerada, parcerias entre governo, sistema S, empresas e instituições de ensino técnico estão criando trilhas formativas com foco em empregabilidade imediata.
O técnico deixa de ser uma alternativa e passa a ser um requisito estratégico da competitividade nacional.
Uma mudança cultural
Ainda existe um estigma histórico no Brasil: para muitos, a realização profissional era medida pelo diploma universitário.
Mas a revolução tecnológica está invertendo essa lógica.
Em setores como energia renovável, automação e indústria 4.0, o profissional técnico não é “um executante” — é quem sustenta a operação.
A diferença entre um estado que exporta inovação e outro que importa tecnologia está, cada vez mais, no nível técnico de sua mão de obra.
O futuro está em disputa
Até 2030, a formação profissional não será um diferencial — será um passaporte econômico.
Se o Paraná quiser ser protagonista na indústria globalizada, não basta infraestrutura — é preciso inteligência produtiva.
E essa inteligência começa na formação técnica.
O futuro da internacionalização industrial não será conduzido apenas por máquinas, tecnologia ou incentivos — mas por pessoas capazes de operar, criar e evoluir esse ecossistema.