Quase dobrou o número de investidores individuais na bolsa de valores brasileira.
Quase dobrou o número de investidores individuais na bolsa de valores brasileira.| Foto: Pixabay

A B3, a bolsa de valores brasileira, fechou o mês de outubro com número recorde de investidores pessoa física. São mais de 3,1 milhões de pessoas buscando impulsionar seus rendimentos no mercado de capitais no país, um incremento de 87% em comparação com o final de 2019. O crescimento recorde se deve, principalmente, à pouca rentabilidade dos investimentos em renda fixa, tradicionalmente considerados “seguros”. Porém, para quem está entrando no mundo dos investimentos, a grande dúvida é como identificar investimentos seguros e que apresentem menor risco de perdas.

Quase dobrou o número de investidores individuais na bolsa de valores brasileira.
Quase dobrou o número de investidores individuais na bolsa de valores brasileira.| Pixabay

A imagem quase cinematográfica que se tem dos investidores do mercado financeiro remete àquela pessoa que passa o dia monitorando indicadores, faz suas aplicações logo cedo para sacar os lucros ao final do dia. São os “day traders”, pessoas que buscam rentabilidade em um curtíssimo prazo, dentro de um único pregão, seguindo a ideia de “ganhar dinheiro da noite para o dia”.

Na prática, porém, a rotina do investidor exige análise, informações e, principalmente, calma. Os especialistas, em geral, costumam afirmar que os melhores ganhos acontecem em médio e longo prazos.

A fundadora da Stoxos, Heloísa Cruz, salienta que a maioria dos fundos exigem prazos mais longos para retirar o capital. “Antes de investir, é necessário entender a empresa, como ela ganha dinheiro, se a receita está subindo ou caindo”, explica.

Outra orientação da analista diz respeito ao preço das ações. Como esses valores são impactados pelo lucro da empresa e pelas expectativas em torno de seu desempenho financeiro, é importante avaliar se a oferta para o investidor traz essas questões embutidas no valor.

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Quase dobrou o número de investidores individuais na bolsa de valores brasileira.
Quase dobrou o número de investidores individuais na bolsa de valores brasileira.| Pixabay

O gerente de conteúdos educacionais da B3, Marcio Macedo, destaca que existem diversas formas para fazer a análise dos investimentos: econômica, dos fundamentos das empresas, dos gráficos do papeis, entre outras. Para isso, o interessado precisa conhecer os investimentos nos quais pretende direcionar seus recursos.

Ele lembra que algumas classes de investimentos possuem prospectos, indicadores de risco, medidas estatísticas. “Um excelente caminho é pesquisar sobre os temas antes de investir. Existem profissionais que podem ajudar nesta análise”, orienta, ressaltando a importância de buscar especialistas certificados na área.

Outra questão fundamental, segundo Macedo, é conhecer o perfil de investidor e identificar se há tolerância a investimentos de maior risco. O especialista diz ser recomendável ter uma reserva de emergência investida em produtos de menor risco e mais líquidos. “Reconhecer o momento adequado ou o melhor momento é muito difícil. O mercado de ações pode ser influenciado por diversos fatores. Os investimentos em ações possibilitam que o investidor se torne sócio das empresas, participando dos resultados das companhias. Isso sugere uma visão de mais longo prazo, além de pensar em diversificar seus ativos em empresas e setores”, orienta.

INVESTIMENTO SEGURO

A Unipar, indústria química que atua principalmente na fabricação de cloro, derivados de cloro e soda cáustica, apresentou receita operacional líquida de R$ 2.715,1 milhões no acumulado dos nove primeiros meses de 2020 e lucro líquido de R$ 81,1 milhões no mesmo período. A empresa está presente na bolsa de valores brasileira com ações ordinárias (UNIP3) e preferenciais dos tipos A e B (UNIP5 e UNIP6). A empresa também está listada no mercado fracionado (UNIP3F, UNIP5F e UNIP6F).

De acordo com o diretor executivo Financeiro e de Relações com Investidores da Unipar, Christian Schnitzlein, a empresa percebeu um incremento considerável no número de investidores pessoa física, que hoje já são cerca de 34 mil. “Tem muita gente entrando agora porque as ações valorizaram muito. Muitos são impulsionados pelo forte crescimento e valorização das ações nos últimos anos”, comenta, referindo-se à valorização de 1.400% nos últimos 4 anos.

Para o diretor, entre os motivos para o crescimento de novos investidores na bolsa de valores como um todo está a ampliação na oferta de agentes e produtos no mercado de capitais. “Os resquícios da superinflação, em que só imóvel era investimento, acabou. O mercado está amadurecendo e incorporando novos produtos”, destaca, lembrando que há ainda a questão da taxa de juros Selic em 2%, o que força as pessoas a buscarem alternativas de investimento para obter uma remuneração diferenciada.

Por outro lado, Schnitzlein salienta que para ingressar na bolsa de valores, é essencial estar ciente dos riscos e é fundamental “estar confortável” com esse tipo de operação, além da necessidade de cada investidor conhecer sua capacidade financeira e saber se pode e quanto pode investir. “É importante ter clareza de que ninguém fica rico de uma hora pra outra. A pessoa vai amadurecendo seus conceitos para investir e diversificar esses investimentos. Se ela for investir sem auxílio de um profissional, deve começar devagar e ir aprimorando com o conhecimento adquirido na jornada”, aconselha