Construção do parque eólico
Construção do parque eólico começa em janeiro de 2021.| Foto: Pixabay

A Unipar e a AES Tietê Energia formaram uma joint venture para a instalação de um parque eólico na Bahia. A estrutura terá 155 megawatts (MW) de capacidade elétrica instalada, potencial suficiente para a produção de cloro necessário para tratar água de mais de 40 milhões de pessoas. Com um investimento de R$ 620 milhões, dividido entre as duas partes, o objetivo da parceria é o desenvolvimento de um projeto de geração renovável de energia entre as duas empresas, que já têm iniciativas comerciais conjuntas no mercado livre de energia.

Construção do parque eólico
Construção do parque eólico começa em janeiro de 2021. | Pixabay

A assinatura da parceria ocorreu no início de setembro. A construção do parque eólico deve começar em janeiro de 2021 e o prazo para conclusão das obras e inauguração da estrutura é de dois anos.

Trata-se do primeiro investimento da Unipar no segmento de energia renovável. A empresa é a maior produtora de cloro e soda da América Latina e a segunda na produção de PVC. O CEO da Unipar, Mauricio Russomano, diz que a parceria com a AES Tietê Energia vem reforçar a estratégia da Unipar na busca de soluções energéticas sustentáveis para o seu negócio.

No acordo da joint venture, a Unipar firmou contrato para consumo de 60 MW por um período de 20 anos. A parcela de energia remanescente produzida será comercializada no mercado livre. “A estratégia da AES Tietê é desenvolver soluções renováveis e sustentáveis de energia e a Unipar tem interesse em investir na geração desse insumo que é tão importante para a operação da empresa”, afirma o diretor de Relacionamento com o Cliente da AES Tietê, Rogério Pereira Jorge.

Jorge destaca a competitividade das fontes renováveis de energia e o crescimento do potencial eólico no Brasil. A AES explora outras matrizes energéticas e a estratégia é contar com um portfólio diversificado para atender os clientes de forma segura e competitiva, conforme as necessidades de energia de cada um. “A AES Tietê foi selecionada como parceira estratégica da Unipar por seu histórico de atuação com fontes de energia limpa, além da capacidade técnica reconhecida internacionalmente”, enfatiza.

Russomano salienta que a energia elétrica é um dos insumos de maior peso dentro do processo produtivo de soda e cloro, produtos utilizados em inúmeros segmentos da atividade econômica no país. “Além de oportunidade de investimento em fontes de energia limpa, o projeto representa o primeiro movimento efetivo da Unipar para a integração de suas operações com o elo anterior da sua cadeia produtiva, conferindo maior competitividade ao seu negócio”, pontua.

POTENCIAL

A energia eólica ocupa hoje o segundo lugar na matriz elétrica do Brasil, ocupando cerca de 9%, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). Elbia Gannoum, presidente da entidade, relata que há uma década o Brasil tinha pouco mais de 0,6 GW instalados. Hoje já são 16 GW de capacidade instalada em mais 630 parques e com 7,5 mil aerogeradores em operação. Entre 2011 e 2019, o investimento no setor foi de US$ 31,3 bilhões, segundo dados da Bloomberg New Energy Finance.

“No caso do Brasil, podemos dizer que o potencial eólico atual é mais de três vezes a necessidade de energia do país”, afirma. Elbia destaca que hoje, somando todas as fontes de energia (nuclear, hídrica, térmica, eólica e outras), a capacidade instalada do Brasil é da ordem de mais de 160 GW. E o potencial eólico estimado é de cerca de 800 GW.

A presidente da ABEEólica mostra um cenário em franco crescimento no país. A projeção é que, até 2024, serão 24 GW de capacidade instalada. “O mercado livre vem crescendo muito também e impacta nestas previsões, aumentando os valores. Em 2018 e 2019, por exemplo, o setor fechou mais contratos no mercado livre do que no regulado, pela primeira vez”, pontua.

Entretanto, Elbia reforça a importância de a matriz de geração de eletricidade de um país ser diversificada, salientando que a expansão dessa matriz deve se dar por meio de fontes renováveis, como é o caso da eólica. “Nossa matriz elétrica tem a admirável qualidade de ser diversificada e assim deve continuar. Cada fonte tem seus méritos e precisamos de todas, especialmente se considerarmos que a expansão da matriz deve se dar, majoritariamente, por fontes renováveis”, esclarece.

Segundo ela, a contratação de energia eólica faz sentido do ponto de vista técnico, social, ambiental e econômico.

LOCALIZAÇÃO

A instalação do parque eólico da joint venture estará localizada entre os municípios baianos de Tucano, Biritinga e Araci. Rogério Pereira Jorge, da AES, diz que a região tem um dos melhores ventos para produção de energia no Brasil. “A área é plana, com viabilidade ambiental comprovada e possui conexão ao sistema de transmissão de energia, necessário para o escoamento da energia gerada pelo parque”, afirma. O diretor ressalta que, além disso, o local conta com cidades próximas que irão prover estrutura para a construção e operação do projeto e, por outro lado, é isolado para minimizar impactos à vida local.

Segundo a ABEEólica, o cerca de 80% da capacidade instalada brasileira está no Nordeste do Brasil, que concentra os melhores ventos. A Bahia é o segundo estado com capacidade instalada, com 167 parques e produção de 4.175 MW, atrás apenas do Rio Grande do Norte, com 165 parques e 4.526 MW de capacidade produtiva.

Dos mais de 637 parques eólicos brasileiros, a maioria é resultado de investimentos da iniciativa privada. Há cerca de 60 parques com investimentos (totais ou parciais) da Chesf, Eletrosul, Petrobras, Furnas e Eletronorte.

ECONOMIA

De acordo com a ABEEólica, a cada megawatt instalado no setor eólico, são gerados cerca de 15 postos de trabalho. Elbia Gannoum destaca ainda outras vantagens, como o baixo impacto ambiental, estar livre de emissão de gás carbônico em sua operação, ter um dos melhores custos benefícios na tarifa de energia e o fato de permitir que os proprietários das terras onde estão instalados os aerogeradores tenham outras atividades no local. “Promove a fixação do homem no campo e gera empregos que vão desde a fábrica até as regiões mais remotas onde estão os parques e incentivam o turismo ao promover desenvolvimento regional”, destaca Elbia.